Tesla ainda é um bom investimento? Entenda o impacto da briga entre Musk e Trump

Se você não está por dentro, na última sexta-feira (6) aconteceu uma briga nas redes sociais entre o ex-presidente Donald Trump e o bilionário Elon Musk. Em meio a trocas de farpas e ameaças, o mercado reagiu mal: as ações da Tesla chegaram a cair 18% no pior momento do pregão.
A Tesla é uma das principais ações listadas nos Estados Unidos e, com a queda, arrastou os principais índices para baixo. Curiosamente, até o bitcoin (BTCUSD) sofreu impacto. Veja abaixo:
Claro que isso pode ter sido apenas um ruído. E, quando se trata de investir, é fundamental olhar para os fundamentos — não apenas para manchetes.
O objetivo deste texto é tentar responder: a Tesla ainda é um bom investimento? Vamos mergulhar nesse debate.
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O que muda com a briga Musk x Trump?
No curto prazo, praticamente nada no operacional da Tesla. Mas há potenciais efeitos indiretos.
Trump já se mostrou contrário a subsídios para veículos elétricos. Caso volte à presidência, isso pode afetar a demanda nos EUA. Se a disputa com Musk se intensificar e o bilionário perder influência política — que ele tentou cultivar em ambos os espectros ideológicos —, a Tesla pode sair prejudicada em negociações institucionais, regulações e acesso a incentivos.
Por outro lado, Musk parece tentar se posicionar como independente, o que pode ser bem-visto por parte do mercado. Prova disso é que, após o episódio, as ações da Tesla interromperam a queda.
Fundamentos: o que pesa a favor e contra?
Pontos positivos:
- Tecnologia de ponta: A Tesla ainda lidera em eficiência de powertrain e baterias, com margens superiores à média do setor;
- Redução de custos: As fábricas — como a Giga Shanghai e Giga Berlin — seguem em processo de otimização;
- Diversificação: A empresa vai além de carros. Atua com armazenamento de energia (Megapacks), inteligência artificial (Dojo), chips próprios, robôs (Optimus) e robotáxis. Essa “opcionalidade” é valiosa;
- Execução: Elon Musk tem um histórico de entrega que poucos CEOs possuem.
Pontos negativos:
- Concorrência chinesa crescente: Marcas como BYD, Xiaomi Auto e Nio vêm ganhando espaço. A Tesla tem cortado preços para manter participação de mercado, o que pressiona as margens;
- Valuation esticado: Mesmo após as quedas, a ação continua negociando como empresa de tecnologia, embora a maior parte da receita venha da venda de carros — um setor cíclico e intensivo em capital;
- Dependência da imagem de Musk: Se ele perder tração junto ao público ou investidores, a narrativa pode virar contra a empresa;
- Margem operacional em queda: De mais de 15% em 2022, caiu para cerca de 10% em 2024.
E o preço da ação?
Parte desses riscos já está precificada. As ações da Tesla acumulam queda de cerca de 40% em relação ao topo histórico — uma correção que pode ser interpretada como uma reprecificação justa.
Ainda assim, alguns alertas permanecem:
- Robotáxis e IA: A entrega do robotáxi foi postergada desde 2024. Muitos dos produtos de robótica e inteligência artificial ainda não passaram do estágio de promessa. Sob essa ótica, a ação pode parecer barata pensando no longo prazo;
- Risco político: O fator Musk x Trump adiciona um novo grau de volatilidade ao papel.
Por outro lado, o valuation ainda está caro, sem falar que agora temos o fator volatilidade política no preço dessa ação, o que eleva o risco do papel.
Logo, a melhor resposta é que olhar para a Tesla agora é para quem tem estômago, pode enfrentar alguma volatilidade, mas dependendo do seu horizonte de investimento, pode ser uma das grandes tacadas, pois promete muito. Será que entrega?