Tesouro autoriza empréstimo de R$ 12 bilhões aos Correios com garantia estatal
O Tesouro Nacional informou nesta quinta-feira (18) que terminou de avaliar a proposta de empréstimo enviada pelos Correios e deu aval à operação garantida pela União entre a estatal e cinco instituições financeiras.
“A operação respeitou o limite de taxa de juros estipulado pelo Tesouro Nacional para operações com o aval da União e atendeu aos requisitos para análise de capacidade de pagamento para empresas estatais com plano de reequilíbrio aprovado pelas instâncias competentes”, disse o Tesouro em nota.
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O órgão anunciou que vai supervisionar, juntamente com a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, os pontos contratuais que serão negociados entre os Correios e as instituições envolvidas, sendo três delas privadas e duas públicas.
O Ministério da Fazenda informou que o Conselho Monetário Nacional criou também nesta quinta-feira um sublimite específico para operações de crédito com garantia da União destinadas aos Correios no valor de R$ 12 bilhões, montante próximo ao que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, havia sinalizado anteriormente, para possibilitar a execução do empréstimo.
“Apesar de a operação de crédito em comento poder chegar a até R$ 12 bilhões, os Correios só possuem autorização para executar, em 2025, despesas que resultem no déficit primário” de R$ 5,80 bilhões, segundo a nota da Fazenda.
A criação do sublimite, disse o ministério, não resultará em despesas para o Tesouro nem afetará a meta de resultado primário do governo federal.
Segundo pessoas a par da operação, o empréstimo terá juros de 115% do Certificado de Depósito Interbancário (CDI), com carência de três anos e 15 anos de prazo.
A operação contará com a participação de cinco bancos. Caixa, Bradesco e Banco do Brasil vão emprestar R$ 3 bilhões, cada um, enquanto Itaú e Santander emprestarão R$ 1,5 bi, cada um.
O governo Lula já havia editado um decreto para que as estatais não dependentes que estejam passando por dificuldades pudessem apresentar plano de reequilíbrio econômico-financeiro, com possibilidade de aportes do Tesouro.
Em comunicado aos empregados nesta quinta-feira, 18, os Correios afirmaram que o pagamento do 13º salário ocorrerá nesta sexta-feira, 19.
“Mesmo em um momento desafiador, a diretoria da empresa fez um esforço adicional para garantir o pagamento do 13º salário para os empregados nesta sexta-feira, 19”, disse a empresa.
Prejuízo de R$ 6,05 bilhões
De janeiro a setembro deste ano, os Correios registraram prejuízo de R$ 6,05 bilhões, número que pode subir para R$ 10 bilhões em dezembro. Inicialmente, a estatal queria um empréstimo de R$ 20 bilhões, mas os juros altos foram reprovados pelo Tesouro.
O valor de R$ 12 bilhões é menor do que os R$ 20 bilhões previstos no plano de reestruturação do empresa, para fazer frente a todas as obrigações até dezembro de 2026. Ainda assim, dará fôlego para a estatal cumprir suas obrigações, como pagar o 13º salários dos funcionários e regularizar o pagamento com fornecedores, além de outras dívidas.
Com o empréstimo, a empresa pretende quitar uma dívida de R$ 1,8 bilhão, pagar fornecedores em atraso, além de financiar um programa de desligamento voluntário (PDV) e fazer investimentos para tentar recuperar espaço no mercado de encomendas e elaborar novas fontes de receitas.
Para voltar a ter lucro em 2027, os Correios terão de passar por uma reestruturação que requer um ajuste entre R$ 6 bi a R$ 8 bilhões no seu orçamento anual, entre cortes de gastos e aumento de receitas. Segundo pessoas próximas à estatal, esse é um número aproximado ao que está sendo trabalhado pela atual diretoria da empresa, e é visto como extremamente desafiador por analistas. Procurada, a estatal não quis se manifestar.
Com informações da Reuters e Estadão Conteúdo