Mercados

‘Teto’ do G7 para petróleo russo arrasta mercados da commodity para mínimas no ano

23 nov 2022, 18:21 - atualizado em 23 nov 2022, 18:21
Vladimir Putin
Rússia havia ameaçado boicote a compradores que aderirem ao “teto” do preço de petróleo (Imagem: Sputnik/Konstantin Zavrazhin/Pool via REUTERS)

Não está fácil para o investidor de petróleo escapar das pressões de baixa nesta semana.

Na segunda-feira (21), os mercados escaparam por um triz de uma queda de 5%, em meio ao rumor de que a Opep+ reverteria em 500.000 barris o corte anunciado em outubro. A recuperação quase miraculosa só ocorreu após a fala do ministro de Energia da Arábia Saudita, que negou a hipótese.

Hoje, os mercados não tiveram a mesma sorte e confirmaram perdas superiores a 4%, com a iminente aprovação de um “teto” para os preços de petróleo originados da Rússia e exportador por mar.

Após o fim do pregão, os contratos futuros de WTI e Brent estavam avaliados, respectivamente, em US$ 77/barril e US$ 84/barril.

Com o resultado do dia, ambas as referências transitam próximas das mínimas do ano, registradas em janeiro e setembro.

Teto penaliza Rússia, mas coloca mais oferta no mercado

Após longo tempo de negociação, é esperado que os países-membros do G7 — que une as sete maiores economias do mundo — apresentem uma nova sanção sobre o petróleo russo, tido como a principal fonte de financiamento do esforço militar de Moscou na Ucrânia.

A sanção consiste de travar a um preço fixo a compra do petróleo russo e deve ser apresentada no dia 5 de dezembro; na mesma data, ocorre a reunião da Opep.

Segundo noticiado pela Reuters, membros da União Europeia trabalham com um teto entre US$ 65-70, mas ainda há discordância entre os europeus por motivos distintos.

A Polônia e os países bálticos, que assumem dentro da UE as posições mais contrárias à Rússia, desejam que o teto seja colocado a custo de produção. A Hungria, única aliada de Putin dentro da UE, não crê que a medida contribua para a resolução do conflito.

O teto para o petróleo russo exportado por mar permitiria que o país voltasse a comercializar com parceiros comerciais no Ocidente, eximindo seguradoras e transportadoras de arcar com penalizações econômicas e administrativas em vigor.

Em oportunidades anteriores, Putin afirmou que seu país retalharia qualquer um que adotasse a sanção do G7.

Apesar da bravata do líder russo, oficiais do Tesouro americano não creem que Moscou interrompa o fornecimento de petróleo para outros países por conta da medida. O movimento poderia levar o petróleo de novo para um rumo altista, mas arriscaria danificar o ritmo de produção nacional.

Outro ponto abordado é que o teto entre US$ 65-70 ainda garante à Moscou a capacidade de arrecadar superávits na comercialização da commodity. Isso porque o teto está em um patamar acima do patamar atual do óleo cru russo, negociado entre US$ 63-65/barril.

A reintrodução do petróleo russo no circuito mundial traz mais oferta a um mercado com problemas consistentes de demanda.

Além da severa onda de Covid-19 na China, que dificulta a reabertura do maior comprador de combustível do mundo, investidores voltaram a se preocupar com o relatório da OCDE divulgado nesta quarta-feira, que aponta para uma desaceleração ampla das economias desenvolvidas em 2023, corroborando a pressão dos apertos monetários exercidos pelos bancos centrais sobre o crescimento.

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Estagiário
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
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