Tarifas do Trump

Tiro no pé: Os riscos de uma retaliação do Brasil à tarifa de 50% dos EUA, segundo Funchal, do Bradesco Asset

17 jul 2025, 15:59 - atualizado em 17 jul 2025, 15:59
bruno funchal - bradesco asset
Bruno Funchal diz que melhor resposta à tarifa dos EUA é negociar. (Imagem: Antonio Cruz/Agência Brasil)

Uma eventual retaliação do Brasil à tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos (EUA) pode gerar duas fontes de inflação: desvalorização do câmbio e aumento dos preços de insumos e do consumo. O alerta é de Bruno Funchal, ex-secretário do Tesouro e CEO da Bradesco Asset Management.

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A potencial escalada dos preços pode ainda afetar a política monetária e adiar os cortes na taxa básica de juros, afirma.

“Nossa estimativa de inflação é de 5%. Estamos vendo os núcleos melhorando, mas isso pode ter um retrocesso e piorar. Pode até ter efeito na política monetária. Não acredito que vai ter um aumento de juros por causa disso, mas talvez tenha que postergar um pouco a queda”, diz Funchal em entrevista ao Money Times.

O economista afirma que, além de agravar o cenário econômico, uma retaliação poderia intensificar as tensões políticas. Vale destacar que, ao taxar o país, Donald Trump citou “a forma como o Brasil tem tratado o ex-presidente Bolsonaro” na carta enviada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A melhor resposta à tarifa comercial, de acordo com Funchal, é negociar com os EUA. “Tem que abrir os canais de comunicação e conversar”, diz.

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O governo brasileiro poderia buscar uma acomodação negociada, a fim de reduzir ao menos a alíquota para setores nos quais o Brasil é um fornecedor importante — como carne, suco de laranja e café.

Funchal pondera que a medida suavizaria o impacto sobre o crescimento econômico, mantendo a desaceleração em níveis controlados.

O ponto ótimo de um eventual acordo, segundo ele, seria retornar à tarifa de 10% imposta em abril.

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Impacto das tarifas

Funchal afirma que a tarifa de 50% tem impacto macroeconômico limitado, já que o Brasil é uma economia fechada. No entanto, alguns setores devem sentir um baque maior.

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Enquanto produtos commoditizados, como petróleo, podem ser facilmente redirecionados para outros mercados, empresas de setores com produtos altamente especializados, como a Embraer (EMBR3), devem sofrer impactos mais severos, comparáveis até ao período da pandemia de Covid-19.

“Depende muito do quanto cada setor consegue substituir a exportação que fazia para os Estados Unidos e de como isso vai evoluir ao longo do tempo, como vai ser essa negociação”, completa o economista.

*A entrevista na íntegra com Bruno Funchal sai na próxima semana no canal do Money Times, no Youtube

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Editora-assistente
Editora-assistente no Money Times e graduada em Jornalismo pela Unesp - Universidade Estadual Paulista. Atua na área de macroeconomia, finanças e investimentos desde 2021.
giovana.leal@moneytimes.com.br
Editora-assistente no Money Times e graduada em Jornalismo pela Unesp - Universidade Estadual Paulista. Atua na área de macroeconomia, finanças e investimentos desde 2021.