Juros reais de médio prazo são as melhores alocações da renda fixa, diz gestor do ASA

Os títulos com juros reais de médio prazo despontam hoje como as melhores opções no mercado de renda fixa, afirma Fabiano Zimmermann, chefe de renda fixa do ASA. Esses juros correspondem às taxas pagas por papéis atrelados à inflação — como o Tesouro IPCA+ — já descontada a variação dos preços no período.
Segundo Zimmermann, os títulos com vencimento entre 2028 e 2030 oferecem potencial de ganho adicional, especialmente quando o ciclo de cortes da Selic se iniciar, tanto para papéis públicos quanto privados.
“O juro real de três a cinco anos é a melhor alocação no mercado de renda fixa”, disse o gestor em entrevista ao Money Times. “É ali que estão as taxas mais duras, e quando o Banco Central começar a reduzir a Selic, esse trecho deve se beneficiar mais”, completa.
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Zimmermann explica que, atualmente, a curva de juros reais está invertida — ou seja, os títulos de curto prazo oferecem rendimento superior aos de longo prazo. Essa inversão pode indicar uma desaceleração da economia ou até mesmo recessão à frente.
Para o gestor, o atual nível de restrição monetária no Brasil é excessivo. “Estamos vivendo um período de política monetária ultra restritiva, com juro real corrente acima de 10%. Isso vai bater na economia e obrigar o BC a agir”, afirma.
Com a inflação surpreendendo para baixo e o mercado de trabalho mostrando sinais de fraqueza, o gestor acredita que a autoridade monetária terá de abandonar o discurso conservador ainda este ano. Apesar disso, a projeção do ASA é de que Comitê de Política Monetária (Copom) inicie o corte de juros apenas em março de 2026, com um ajuste de 0,25 ponto percentual.
Além da atratividade dos juros reais, Zimmermann reforça que o momento é favorável para operações de valor relativo, aproveitando distorções entre diferentes trechos da curva.
“O mercado nominal está bagunçado. Já a curva de inflação mostra que estamos convivendo com juros muito altos por tempo demais. Essa correção é uma oportunidade”, afirma.
O gestor ressalta que entender essas distorções é fundamental para investidores que buscam rendimento acima da média na renda fixa, aproveitando não apenas o nível absoluto dos juros, mas também a dinâmica de curto e médio prazo.