Títulos de inflação estão com nível de preço ‘bastante atrativo’, diz gestor de renda fixa da Inter Asset

Os títulos de inflação oferecem hoje uma das oportunidades mais interessantes da renda fixa, avalia o gestor de renda fixa ativa da Inter Asset, Ian Lima. Segundo ele, o atual patamar de juros no Brasil e o processo do ciclo de flexibilização abrem espaço para ganhos relevantes em papéis indexados ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
“Temos títulos de inflação que estão com um nível de preço bastante atrativo”, afirmou no 46º Congresso Brasileiro de Previdência Privada, da Abrapp.
Lima explica que o país atravessa um momento de transição no ciclo de política monetária, com a Selic em patamar elevado — atualmente em 15% — e já mostrando sinais de que o próximo passo deve ser o início de um movimento de corte.
“Estamos no próximo momento do ciclo. Os dados correntes corroboram com esse afrouxamento monetário”, disse.
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Segundo ele, o início desse processo pode ocorrer no início de 2025, ainda que o Banco Central siga cauteloso para não precisar “arremeter” o movimento, como ocorreu em ciclos anteriores.
Na avaliação do gestor, o juro real — a taxa básica descontada a inflação — segue em um nível bastante restritivo, o que ajuda a conter pressões inflacionárias. “Estamos trabalhando uma inflação em torno de 5% com 15% de Selic. O juro real é de 10%”, afirmou.
Lima lembrou que o cenário de juros elevados não é exclusividade do Brasil, mas parte de um contexto global que se formou após a pandemia. “Todos os bancos centrais mundiais tiveram que levar suas faixas a níveis altos em termos históricos”, explicou.
Ainda assim, o país se destaca pelo rigor da política monetária, o que, na visão dele, cria oportunidades para quem busca papéis de longo prazo.
“Falando especificamente de renda fixa, a gente simplifica muito, mas a renda fixa tem vários ativos — pós-fixados, pré-fixados, títulos de inflação, curtos, médios e longos — e cada um tem sua oportunidade”, disse. “Principalmente nos títulos longos, quando olhamos para previdência e preservação de capital, há boas opções.”
Para o gestor, o maior risco segue sendo o fiscal, que ainda mantém as expectativas desancoradas e limita o espaço para cortes mais rápidos da Selic. Mesmo assim, ele avalia que as condições já estão dadas para uma mudança de direção na política monetária. “As condições estão postas à mesa. A única coisa que fica em risco é a questão fiscal”, concluiu.