‘Mais oportunidade do que desespero’; a visão de banqueiro ex-Credit sobre Brasil

“O ciclo de sobe e desce impede um otimismo generalizado. [...] Mas sem pânico. Há oportunidades", diz Rodolfo Pousa (Imagem: Reprodução)

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O Brasil é um grande voo da galinha com altos e baixos. Mas quando o stress estoura, é mais uma oportunidade do que um risco. Assim resume o CEO do Andbank, Rodolfo Pousa, que teve passagens por Credit Suisse e Safra, sobre o cenário do país, em conversa com jornalistas nesta quinta-feira em São Paulo.

Entre novembro e dezembro de 2024, o país viveu picos de stress não vistos nem mesmo em períodos de crise como a pandemia. O dólar renovou recorde de R$ 6,20, enquanto a bolsa caiu para 120 mil pontos, com a expectativa de uma Selic, a taxa básica de juros, em 15%.

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Porém, o começo de 2025 trouxe alívio e acomodação para o câmbio, que se estabilizou na faixa de R$ 5,7 a R$ 5,8. Outros dados dão conta de que a economia está desaquecendo, o que pode pausar a alta dos juros.

“Toda vez que há essas estressadas — por exemplo, pela dinâmica fiscal e pela curva de juros — enxergamos muito mais como oportunidade do que como um desespero ou risco. O Brasil é sempre aquele país do voo de galinha, que não alça grandes voos. Parece que o Cristo Redentor vai decolar, mas não vai, e volta a cair”, destaca.

Para ele, apesar dos desafios, como o cenário fiscal, o país não está em uma situação crítica e nem perto de quebrar. “Não houve medidas extremistas ou confisco, tudo isso parece superado. É uma economia na qual nos sentimos tranquilos”.

Ele diz ainda que poderia se aproveitar do fato de ser um banco internacional para incentivar os clientes a investirem fora do país. O Andbank possui sede em Andorra, perto da Espanha.

“Isso nos daria um apelo maior contra concorrentes. Mas não tratamos dessa forma, pois há confiança no Brasil. Claro que há fatores internacionais que geram fricção”.

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O executivo cita como exemplo a fala do presidente Lula de que não adianta Trump gritar porque não tem medo de cara feia. 

“O Presidente da República enviando mensagens ao presidente dos EUA, por exemplo, pode gerar incertezas. No entanto, há muito barulho para pouca efetividade. Nosso trabalho é justamente filtrar ruídos e entender onde há fundamentos”.

Pousa diz que quanto o câmbio se aproxima de R$ 6, se observa um forte fluxo de entrada de recursos estrangeiros no Brasil. Ao mesmo tempo, quando está em R$ 5,70, muitos enviam dinheiro para fora. 

No mês, até o dia 24, houve ingresso líquido de R$ 4,2 bilhões, chegando a um fluxo de capital externo positivo em R$ 11 bilhões em 2025.

“O ciclo de sobe e desce impede um otimismo generalizado. […] Mas sem pânico. Há oportunidades – como comprar pré-fixado a 18% ou NTNBs longas, pois não acreditamos em default do Brasil”.