Política

Tom moderado e promessas de Bolsonaro em cúpula não convencem ambientalistas

22 abr 2021, 15:17 - atualizado em 22 abr 2021, 15:17
Jair Bolsonaro
Em 2019, primeiro ano do governo Bolsonaro, o desmatamento chegou a 9,8 mil km², um recorde de 10 anos (Imagem: REUTERS/Adriano Machado)

O tom mais moderado e as promessas feitas pelo presidente Jair Bolsonaro em seu discurso na Cúpula do Dia da Terra, nesta quinta-feira, não foram capazes de convencer ambientalistas e parlamentares de que o governo tem agora mais interesse e melhores intenções em relação à preservação da Amazônia.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Aos ouvintes do presidente, o que chamou a atenção foi o fato de que Bolsonaro contou, como conquistas do Brasil no combate a mudanças climáticas, feitos de governos anteriores e que não se mantiveram em seu governo.

“O Brasil sai da cúpula dos líderes como entrou: desacreditado. Bolsonaro passou metade de sua fala pedindo ao mundo dinheiro por conquistas ambientais anteriores, que seu governo tenta destruir desde o dia da posse”, criticou Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima.

Em sua fala, o presidente destacou a meta de zerar o desmatamento ilegal na Amazônia até 2030 e a antecipação da meta de neutralidade climática em 10 anos, para 2050.

Destacou que o Brasil manteve intacto 84% da Amazônia o número real é um pouco menor de 80% e, ainda assim, é considerado superestimado por ONGs ambientais e que o país evitou a emissão de 7,8 bilhões de toneladas de carbono na atmosfera.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Esses números, no entanto, contabilizam apenas até 2015. De lá para cá, o número anual de desmatamento praticamente dobrou.

Em 2015, foram desmatados, de acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), 6,2 mil km². No período de agosto de 2019 a julho de 2020, o desmatamento chegou a 11.088 km², maior número em 12 anos.

Em 2019, primeiro ano do governo Bolsonaro, o desmatamento chegou a 9,8 mil km², um recorde de 10 anos.

“Mais uma vez, Bolsonaro escolheu mentir para o mundo todo. Na Cúpula do Clima, o presidente faz um discurso completamente descolado da realidade: conta vantagem com avanços e conquistas ambientais passados, enquanto, no seu governo, recordes de desmatamento são batidos”, escreveu o deputado Alessandro Molon (PSB-RJ), líder da oposição na Câmara, em sua conta no Twitter.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Molon vai propor na próxima reunião do Colégio de Líderes da Casa que seja pautada a urgência do projeto que decreta Emergência Climática no Brasil, estabelece meta de neutralização das emissões de gases de efeito estufa no Brasil até 2050 e prevê a criação de políticas para a transição sustentável.

“Bolsonaro mais uma vez vai à comunidade internacional para anunciar que está trabalhando pela preservação do meio ambiente, enquanto suas ações indicam o contrário. Vamos fazer um teste. Vamos ver se o governo apoia o PL que apresentei no ano passado”, disse.

As metas apresentadas pelo presidente também foram alvo de críticas. A antecipação da meta de neutralidade climática para 2050 apenas coloca o Brasil na mesma linha de outros países do G20.

Já as metas intermediárias redução de emissões de 37% até 2025 e 43% até 2030, com base nos dados de 2005 não foi atualizada, o que, de acordo com especialistas, permite emissões maiores do que o projeto em 2015, quando a meta foi apresentada no Acordo de Paris, ainda no governo de Dilma Rousseff.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

A própria meta de zerar o desmatamento ilegal até 2030, colocada por Bolsonaro em carta ao presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e repetida no discurso desta quinta, não é novidade.

Havia sido apresentada por Dilma em Paris, mas sumiu das posições do governo Bolsonaro até a semana passada.

“Foi vergonhoso o presidente passar quase metade de sua fala pedindo ao mundo dinheiro por conquistas ambientais anteriores, que seu governo tenta há dois anos destruir. Enquanto os demais países apresentam metas ousadas, o governo mira o retrovisor na Cúpula do Clima”, afirmou a ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Compartilhar

WhatsAppTwitterLinkedinFacebookTelegram
A Reuters é uma das mais importantes e respeitadas agências de notícias do mundo. Fundada em 1851, no Reino Unido, por Paul Reuter. Com o tempo, expandiu sua cobertura para notícias gerais, políticas, econômicas e internacionais.
reuters@moneytimes.com.br
A Reuters é uma das mais importantes e respeitadas agências de notícias do mundo. Fundada em 1851, no Reino Unido, por Paul Reuter. Com o tempo, expandiu sua cobertura para notícias gerais, políticas, econômicas e internacionais.
As melhores ideias de investimento

Receba gratuitamente as recomendações da equipe de análise do BTG Pactual – toda semana, com curadoria do Money Picks

OBS: Ao clicar no botão você autoriza o Money Times a utilizar os dados fornecidos para encaminhar conteúdos informativos e publicitários.

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies.

Fechar