Arábia Saudita

‘Torre de Babel’ moderna? Arábia Saudita paralisa as construções do ‘The Line’; veja o motivo

05 nov 2025, 12:59 - atualizado em 05 nov 2025, 11:03
O reino anunciou na última terça-feira (4) a paralisação das obras para encontrar um “idioma comum” entre o projeto, o preço do petróleo e as contas públicas

Não é preciso ser religioso para lembrar da Torre de Babel: o projeto ambicioso que parou no meio do caminho porque ninguém mais se entendia. Milhares de anos depois, a Arábia Saudita parece repetir o enredo, mas, desta vez, com concreto, vidro e muito petróleo.

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O governo saudita anunciou mudanças no Vision 2030, incluindo a pausa na construção do “The Line”, a cidade futurista 100% renovável que prometia transformar o deserto em um paraíso tecnológico. 

O motivo? Justamente o que ela pretendia superar: a dependência do petróleo.

‘The Line’: como seria a cidade do futuro?

Apresentado em 2016 pelo príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, o projeto previa uma cidade de 170 km, para 9 milhões de habitantes, 100% elétrica, sem carros, sem emissões e com tudo a cinco minutos de distância.

Faria parte do megacomplexo Neom, junto com:

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  • Oxagon: um porto flutuante e polo industrial que também abrigaria o centro de dados em IA; 
  • Trojena: o destino para turismo de montanha, previsto para sediar os Jogos Asiáticos de Inverno em 2029; e 
  • Sindalah: ilha de luxo com hotéis 5 estrelas, lojas de grife, restaurantes e outras comodidades turísticas. 

Todo projeto foi orçado em 2 trilhões de dólares — equivalente a 10 trilhões de reais — que seriam pagos com receitas do petróleo, via  Fundo de Investimento Público (PIF – sigla em inglês) do reino.

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Petróleo barato, contas caras e projetos ‘megalomaníacos’: cada um falando uma ‘língua’

Assim como na história bíblica que a confusão de idiomas impediu finalizar a Torre de Babel, o projeto “The Line”, as contas sauditas e o preço do petróleo pareciam não falar a mesma “língua” há algum tempo. 

Desde o início da construção, em 2022, o barril de petróleo caiu cerca de 40%, chegando aos atuais US$ 64,50 por barril. Vale ressaltar, que no lançamento do projeto, a projeção do país era de um barril a 100 dólares ou mais. 

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Em paralelo, as contas públicas se deterioraram. De acordo com a dívida com o CEIC Data, a relação dívida/PIB saltou de 22,9% para 29,8% entre 2023 e 2024.

Assim, com um déficit fiscal de 26,9 bilhões de dólares projetado para 2025, o país entendeu que era hora de buscar um “idioma em comum”. 

‘Somos ricos, mas há um limite’

Segundo Jerry Inzerillo, conselheiro do príncipe, “a Arábia Saudita é muito rica, mas tudo tem um limite”. Assim, o reino anunciou mudanças importantes na estrutura do projeto. 

O The Line teve sua extensão reduzida e a população estimada caiu para 300 mil. Segundo o Inzerillo, o projeto agora servirá como um “laboratório de como será a qualidade de vida em 2040”.

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A ilha de luxo Sindalah foi completamente cancelada. Já a abertura do resort de esqui, Trojena, foi adiada por até quatro anos. De acordo com o comunicado, a Coréia do Sul será a nova sede dos Jogos Asiáticos de Inverno 2029.

Mesmo com cortes e adiamentos, o país mantém apostas em tecnologia e inteligência artificial, e confia que o petróleo volte a subir nos próximos anos, permitindo retomar a construção do sonho futurista.

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