Internacional

Trabalhadores de diversas áreas fazem greve na França e governo Macron mobiliza 80 mil policiais

18 set 2025, 6:46 - atualizado em 18 set 2025, 6:42
Emmanuel Macron
Pressão popular contra medidas de contenção de despesas de Macron aumenta (Reuters/Gonzalo Fuentes/Pool)

Professores, maquinistas de trem, farmacêuticos e funcionários de hospitais entraram em greve nesta quinta-feira (18) na França, enquanto adolescentes bloquearam seus colégios como parte de um dia de protestos contra os cortes orçamentários iminentes.

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O governo de Emmanuel Macron mobilizou cerca de 80 mil policiais para atuarem nas manifestações, com unidades de choque, drones e veículos blindados em prontidão.

Os sindicatos pedem que os planos fiscais do governo anterior sejam cancelados, defendem mais investimentos em serviços públicos, impostos mais altos para os ricos e o abandono de uma impopular reforma que obriga as pessoas a trabalharem mais tempo para se aposentarem.

Em Paris, muitas linhas de metrô foram suspensas durante boa parte do dia, exceto nos horários de pico da manhã e da tarde. Alunos se reuniram para bloquear a entrada de algumas escolas.

“Bloqueie seu colégio contra a austeridade”, dizia um cartaz erguido por um estudante em frente ao colégio Lycée Maurice Ravel, na capital francesa.

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A agitação social acontece no momento em que o presidente Emmanuel Macron e seu recém-nomeado primeiro-ministro, Sébastien Lecornu, enfrentam uma crise política e pressão para controlar as finanças da segunda maior economia da zona do euro.

Revoltados com planos fiscais

Uma fonte do Ministério do Interior informou que até 800 mil pessoas eram esperadas para participar das greves e protestos.

“Os trabalhadores que representamos estão revoltados”, disseram os principais sindicatos do país em um comunicado conjunto, no qual rejeitaram os planos fiscais do governo anterior, classificando-os como “brutais” e “injustos”.

O déficit orçamentário da França no ano passado ficou próximo do dobro do teto de 3% estipulado pela União Europeia. Mas, por mais que Lecornu queira reduzi-lo, ele, que depende de outros partidos para aprovar leis, enfrentará uma batalha política para conseguir apoio parlamentar ao orçamento de 2026.

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O antecessor de Lecornu, François Bayrou, foi derrubado pelo parlamento na semana passada por causa de seu plano de corte orçamentário de 44 bilhões de euros. O novo primeiro-ministro ainda não declarou o que fará com os planos de Bayrou, embora tenha sinalizado estar aberto a concessões.

“Vamos continuar mobilizados enquanto não houver uma resposta adequada”, disse Sophie Binet, líder do sindicato CGT, após se reunir com Lecornu no início da semana. “O orçamento será decidido nas ruas”.

Protestos afetam escolas e trens

Segundo o sindicato FSU-SNUipp, um em cada três professores do ensino fundamental aderiu à greve.

Trens regionais foram fortemente afetados, enquanto a maioria das linhas de trens de alta velocidade TGV funcionaram normalmente, informaram autoridades. Manifestantes se reuniram para desacelerar o tráfego em uma rodovia próxima à cidade de Toulon, no sudeste do país.

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A produção de energia nuclear da empresa estatal EDF caiu ligeiramente, com uma redução de 1,1 gigawatts na manhã desta quinta-feira, segundo dados da empresa, após trabalhadores diminuírem a geração no reator Flamanville 1.

O sindicato de agricultores Confédération Paysanne também convocou uma mobilização. Farmacêuticos estão revoltados com mudanças que afetam seus negócios, e o sindicato USPO afirmou que, em uma pesquisa realizada entre farmácias, 98% declararam que poderiam fechar as portas durante o dia.

O ministro do Interior, Bruno Retailleau, disse a repórteres nesta quinta-feira cedo que a polícia já havia removido alguns bloqueios, incluindo em garagens de ônibus na região parisiense. Ele alertou que cerca de 8 mil manifestantes “radicais” poderiam tentar “semear a desordem” e entrar em confronto com a polícia.

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A Reuters é uma das mais importantes e respeitadas agências de notícias do mundo. Fundada em 1851, no Reino Unido, por Paul Reuter. Com o tempo, expandiu sua cobertura para notícias gerais, políticas, econômicas e internacionais.
reuters@moneytimes.com.br
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