Alimentos

Trabalhadores do setor alimentício começam a ficar doentes

27 mar 2020, 9:16 - atualizado em 27 mar 2020, 9:16
frigoríficos
Algumas unidades podem ter que ser fechadas para limpeza e quarentena de trabalhadores. Produtos podem acabar apodrecendo nos campos se não houver trabalhadores saudáveis suficientes (Imagem: REUTERS/Paulo Whitaker)

A gigante de aves Sanderson Farms anunciou na segunda-feira o primeiro caso de um funcionário de uma grande produtora de carne dos Estados Unidos que testou positivo para coronavírus. O funcionário e outros seis do frigorífico de McComb, Mississippi, agora estão em quarenta, sem corte de salário, mas as operações continuaram normalmente.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Alguns dias depois, a Smithfield Foods, maior produtora de carne suína do mundo, confirmou um caso positivo no frigorífico de Sioux Falls, Dakota do Sul. É provável que os números continuem subindo em frigoríficos, fazendas, armazéns e fábricas de embalagens no mundo todo.

Os contágios refletem a crescente ameaça para a oferta global de alimentos. Grandes operações onde trabalhadores colhem bagas juntos, cortam carne lado a lado em uma linha de produção ou carregam caminhões de armazéns, às vezes muito perto um do outro, podem desacelerar.

Algumas unidades podem ter que ser fechadas para limpeza e quarentena de trabalhadores. Produtos podem acabar apodrecendo nos campos se não houver trabalhadores saudáveis suficientes.

“Se não pudermos achatar a curva, isso afetará agricultores e trabalhadores rurais. E, então, teremos que fazer escolhas sobre quais culturas colhemos e quais não colhemos”, disse Al Stehly, que opera uma empresa de administração de fazendas no norte do condado de San Diego, Califórnia, que cultiva frutas cítricas, abacates orgânicos e uvas.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

“Esperamos que ninguém fique que doente. Mas algum de nós deve pegar o vírus.”

Para que fique claro, alimentos de uma fábrica onde ocorre um contágio não oferecem riscos à saúde, porque, segundo todos relatos, o Covid-19 não é uma doença transmitida por meio de produtos alimentícios.

Suprimentos de uma fazenda ou unidade de produção com um caso confirmado ainda podem ser enviados para distribuição.

E é importante destacar que, por enquanto, não houve grandes cortes no fornecimento de alimentos. Os estoques ainda são amplos, e grandes gargalos ainda não surgiram nas cadeias de suprimentos, que tendem a reagir rapidamente a mudanças.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Ainda assim, há um risco para a continuidade da produção. Quando um trabalhador fica doente, o funcionário e todas as pessoas com quem tem contato precisam ficar em quarentena.

Isso pode resultar em impacto limitado em alguns casos, como no frigorífico da Sanderson, onde o trabalho do indivíduo infectado se resumia a uma pequena tabela de processamento. Porém, quanto maior o número de funcionários envolvidos, maior a ameaça à produção.

“Um de nossos frigoríficos de carne bovina alimenta 22 milhões de pessoas por dia, por isso é vital que permaneçam abertos”, disse Dave MacLennan, CEO da Cargill., maior trading de commodities agrícolas do mundo, em recente entrevista à Bloomberg Television.

Quase todos principais agricultores e produtores de alimentos têm intensificado medidas sanitárias para impedir que trabalhadores sejam infectados.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

As empresas recomendam a lavagem das mãos, pulverizam instalações e salas de descanso e limpam maçanetas das portas. Funcionários trabalham cobertos da cabeça aos pés, turnos são escalonados e os empregados almoçam sozinhos.

Mas os salários geralmente são baixos, os benefícios escassos e suas contribuições ocultas aos olhos do público: quantos posts nas redes sociais vemos nas redes sociais elogiando inspetores de exportação de grãos?

Agora, esses trabalhadores colocam a saúde em risco para manter o fluxo de alimentos. Não é de surpreender uma reação negativa. Sindicatos na América do Sul ameaçam entrar em greve por questões de segurança. E alguns trabalhadores do setor de avicultura dos EUA fizeram uma paralisação.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Compartilhar

WhatsAppTwitterLinkedinFacebookTelegram
bloomberg@moneytimes.com.br

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies.

Fechar