Mercados

Trump derruba petróleo; Petrobras deixa Ibovespa no vermelho

26 abr 2019, 19:07 - atualizado em 26 abr 2019, 19:07
O Ibovespa encerrou o pregão em baixa de 0,33% a 96.236,04 pontos

Por Investing.com

Se não é o embate da tramitação da Reforma da Previdência no Congresso em Brasília, é declaração do presidente dos EUA Donald Trump que favorece os ursos no Ibovespa, que sofreu com a forte queda da Petrobras (PETR4), um dos maiores pesos no principal índice acionário brasileiro. As ações da estatal petrolífera despencaram após Trump, nesta sexta-feira, voltar a pressionar os países produtores de petróleo reunidos no cartel da Opep e seus aliados a subirem a produção e diminuir os preços internacionais.

O Ibovespa encerrou o pregão em baixa de 0,33% a 96.236,04 pontos, após se aproximar da queda de 1% no decorrer em sessão com poucas novidades sobre a reforma da Previdência, com o índice acompanhando os desdobramentos do exterior. O dólar desceu 0,62% a R$ 3,9317, favorecido pelos dados do PIB do primeiro trimestre dos EUA divulgados nesta sexta-feira, que vieram acima do consenso, porém com prognósticos incertos sobre a manutenção da atividade econômica.

>>> Veja aqui como você pode ficar rico com Petrobras

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Reforma da Previdência

Em Brasília, não houve reunião da Comissão Especial, próxima etapa de tramitação da Reforma da Previdência. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, marcou reunião deliberativa da Comissão para as próximas segunda (29) e terça-feira (30).

Se uma delas atingir o quórum mínimo de 50 deputados, começa a contagem de 40 sessões até a aprovação do texto, que pode ser desidratado de sua versão original que prevê economia em 10 anos de R$ 1,2 trilhão, de acordo com consenso do mercado. Caso realmente a contagem se inicia na semana que vem – que, por conta do feriado, terá pouca presença de deputados -, é mais uma injeção de otimismo de avanço da reforma na Câmara.

No radar dos investidores, apenas a repercussão do desconforto dos partidos do Centrão com a escolha do relator. Na quinta-feira, os deputados Marcelo Ramos (PR-AM) e Samuel Moreira (PSDB-SP) foram escolhidos, respectivamente, presidente da Comissão e relator do texto.

3 lições para montar uma carteira de ações ao estilo Luiz Barsi

Petróleo

Trump voltou a pressionar nesta sexta-feira os países da Opep e aliados a encerrar o corte de oferta de 1,2 milhão de barris por dia até junho e aumentar a produção para que os preços caem. A pressão ocorre na semana que os preços do petróleo atingiram as máximas de 2019 – ainda abaixo do pico de outubro de 2018 – provocado por desdobramentos de sua própria política externa.

No início da semana, o Departamento de Estado e a Casa Branca anunciaram o fim das isenções às sanções americanas a países importadores do petróleo do Irã. As isenções eram resultado das sanções que entraram em vigor em novembro após Trump anunciar, em maio do ano passado, a retirada dos EUA do tratado que limitava o programa nuclear iraniano celebrado durante a administração Obama com cinco países europeus. A alegação de Trump, à época, era que o acordo “era o pior do mundo” e o Irã estava desenvolvendo mísseis balísticos de longo alcance.

Resta saber se a Opep vai atender as reivindicações de Trump para, pelo menos, aumentar a produção para suprir a retirada do petróleo do Irã do mercado. A Arábia Saudita, líder do cartel, atendeu os pedidos semelhantes do presidente americano no ano passado, mas não contavam com a concessão das isenções, que derrubaram a cotação do petróleo WTI de quase US$ 80 em outubro para um piso de US$ 40 na véspera de Natal.

Os sauditas também sofrem a pressão na Opep e aliados a não renovar o corte de produção que possibilitou a retomada dos preços em 2019. A renovação será discutida em reunião da organização em junho, com a Rússia demonstrando oposição a manutenção ou ampliação dos cortes sob a alegação que preços maiores vão possibilitar entrada de novos competidores. Os sauditas apenas respondem que as decisões são para “equilibrar o mercado”, sem apresentar uma posição clara.

Com a pressão de Trump, o petróleo Brent, referência mundial e negociado em Londres, caiu 3,74% a US$ 71,57. O WTI, referência nos EUA e cotado em Nova York, perdeu 3,70% a US$ 62,80.

Petrobras

O complexo cenário petrolífero internacional é um dos formadores de preço na avaliação de risco das ações da Petrobras, que sofreram nesta sexta-feira e segurando o Ibovespa no negativo. A (PETR3) caiu 0,88% a R$ 30,39, enquanto a PETR4 despencou 1,98% a R$ 27,25.

Quase no fim do pregão, fontes ouvidas pela Reuters afirmaram que a Petrobras confirmou estudos para a privatização da BR Distribuidora (BRDT3) e da venda de refinarias.

O objetivo da estatal com a distribuidora de combustível é reduzir sua participação de 71,25% para até 40%. Em relação às refinarias, a Petrobras planeja reduzir sua posição de quase monopólica no mercado para uma participação de aproximadamente 50%, segundo o presidente da companhia Roberto Castelo Branco.

Outras ações

A JBS (JBSS3) cedeu 5,71%, um dia após renovar cotação recorde a R$ 20,49, em sessão negativa do setor de proteínas, que tem se valorizado com perspectivas de maior demanda da China diante do surto de febre suína africana naquele país. O Bradesco BBI cortou a recomendação dos papéis da JBS para ‘neutra’, citando a recente valorização, mas manteve o preço-alvo de R$ 19 por papel. Até a véspera, as ações acumulavam em 2019 valorização de 76,79%.

A Sabesp (SSBSP3) subiu 4,72%, maior alta do Ibovespa, tendo ainda no radar expectativas relacionadas à Medida Provisória que atualiza o marco legal do saneamento básico. Analistas do Credit Suisse consideraram positivas alterações apresentadas na véspera pelo relator da matéria na comissão mista no Congresso. O desfecho da MP é considerado crucial para selar o destino da companhia de água e esgoto controlada pelo governo paulista.

Fleury (FLRY3) perdeu 6,78% após balanço do primeiro trimestre não empolgar, com lucro líquido de R$ 96,9 milhões, alta de apenas 0,5% ante mesmo período do ano passado. Analistas do Itaú BBA consideraram o resultado inexpressivo.

Magazine Luiza (MGLU3) valorizou-se 2,26%, tendo de pano de fundo reportagem do jornal Valor Econômico de que está negociando com exclusividade a compra da varejista online de vestuário Netshoes. Procurado pela Reuters, o Magazine Luiza não quis comentar. Mais cedo, a B3 pediu esclarecimentos sobre a notícia.

Lojas Renner (LREN3) ganhou 0,87%, em meio à repercussão positiva do balanço do primeiro trimestre, com alta de 12,7% nas vendas mesmas lojas no período. A Brasil Plural destacou que a varejista de moda apresentou crescimento atraente e margens saudáveis.

Exterior

O grande destaque do dia foi a divulgação do PIB do primeiro trimestre dos EUA. A economia americana apresentou um crescimento anualizado de 3,2% no período, acima do consenso de mercado, inclusive da maior expectativa, consultada pela Bloomberg, de 2,9%. Apesar disso, os ursos prevaleceram no mercado com a análise minuciosa dos números, refletido no rendimento de 10 anos do título do Tesouro americano o qual caiu logo após a divulgação, de 2,525% para 2,495%, encerrando o dia a 2,5%.

A forte alta do PIB foi devido a fatores sazonais, como formação de estoque, e menor déficit comercial, que pode ter sido efêmero. Com a desaceleração dos investimentos e consumo das famílias – este é o principal motor da economia dos EUA -, o prognóstico de desaceleração continua no radar dos investidores. Com o núcleo do PCE, também divulgado hoje, abaixo do consenso de mercado, o Fed deve manter a taxa de juros inalterada ao longo de 2019, conforme anunciado na última reunião de política monetária.

Já os índices acionários de Nova York fecharam o dia no azul, influenciado pelos resultados corporativos acima da expectativa do mercado. Dow Jones subiu 0,31%, Nasdaq teve ganhos de 0,34% e S&P 500 cresceu 0,47%.

investing@moneytimes.com.br