Mercados

Trump põe mais lenha na fogueira da guerra comercial com mais tarifas; índice brasileiro sobe

07 set 2018, 20:05 - atualizado em 08 set 2018, 13:29

Por Arena do Pavini – No dia em que os números de desemprego nos Estados Unidos mostraram uma economia forte e com pleno emprego, o presidente Donaldo Trump colocou mais lenha na fogueira da guerra comercial com a China e anunciou aumentos de tarifas em mais US$ 267 bilhões em produtos importados dos chineses. Duas más notícias para os investidores em ações e para os mercados emergentes.

Brasil em alta no feriado

Já o fundo EWZ, que acompanha o índice MSCI Brazil, que por sua vez reúne as principais ações brasileiras no exterior, subiu 1,47% hoje, feriado do Dia da Independência. O índice ignorou o cenário negativo e refletiu as mudanças com as  perspectivas eleitorais depois do atentado contra o candidato do PSL, Jair Bolsonaro. A leitura inicial é que a comoção com o atentado levaria a uma redução nas chances de vitória de um candidato de esquerda nas eleições. Bolsonaro segue internato, mas recebe imensa atenção da imprensa, enquanto seus opositores pararam suas campanhas.

A expectativa é que as estratégias de todos os candidatos, tanto de ataque quanto de defesa, terão de ser revistas nos programas eleitorais. Segundo levantamento da FGV DAPP, o atentato provocou 3,2 milhões de menções no Twitter, caracterizando-se como o evento de maior repercussão imediata desde as eleições de 2014.

Tá bom mas tá ruim: economia americana segue aquecida

A maior economia do mundo continuar crescendo fortemente seria uma notícia boa se não houvesse o risco de inflação. Ele deve manter o Federal Reserve (Fed, banco central americano) na ofensiva para evitar uma alta de preços por conta do aumento da renda e do consumo, subindo os juros e recolhendo dinheiro dos mercados internacionais, o que é ruim para os emergentes como o Brasil e péssimo para os com déficits externos altos, como Turquia e Argentina, e que precisam de financiamentos externos.

Bolsas nos EUA caem com juro e emprego

Já a guerra comercial pode afetar o crescimento mundial ao reduzir o comércio entre os países e um desaquecimento maior da China, maior consumidor de commodities do mundo, seria muito negativo para os emergentes. Mas também os países desenvolvidos seriam prejudicados, por isso as bolsas americanas caíram hoje, enquanto os juros subiam. O juro do título de 10 anos do Tesouro dos EUA subiu de 2,877% para 2,944% ao ano. Em Nova York, o Índice Dow Jones caiu 0,3%, enquanto o Standard & Poor’s 500 perdeu 0,2%. Na Europa, não houve uma tendência única, com o Índice Financial Times perdendo 0,56% e o MIB, da Itália, 0,39%, enquanto o DAX, de Frankfurt, subiu 0,04% e o CAC, de Paris, 0,16%.

O Nasdaq recuou 0,3%, acumulando baixa de 2,6% na semana. O índice reflete as pressões de Trump contra empresas americanas de tecnologia que operam na China e que acabam transferindo tecnologia para fornecedores chineses, o que derruba as ações do setor. Há também a pressão sobre o Facebook e o Twitter por conta das denúncias de vendas de dados de usuários para tentativas de manipulação do público, como nas eleições americanas de 2016.

Emprego forte nos EUA

O mercado de trabalho americano segue aquecido, com a criação de mais 201 mil vagas em agosto, mantendo o ritmo de 200 mil vagas por mês, enquanto o rendimento por hora trabalhada subiu 2,9% sobre um ano antes, o maior crescimento desde 2009 e um percentual alto para a economia americana, que tem uma inflação em torno de 2% ao ano. Foi o 95º mês de crescimento consecutivo do número de vagas, um recorde que manteve a taxa de desemprego em 3,9%, também abaixo da média história de 4%.

Tarifas podem atingir US$ 500 bi

Já o presidente Trump deu declarações afirmando que há mais US$ 267 bilhões em produtos importados da China a sofrerem tributação maior em breve se for preciso. O governo americano já anunciou 25% de tarifas sobre US$ 200 bilhões de importações chinesas além de outros US$ 50 milhões já tributados. Com isso, o total tributado a mais chegaria a US$ 517 bilhões, o que supera os US$ 505 bilhões importados da China pelos EUA no ano passado.

A resposta chinesa foi tributar o mesmo valor de importações dos EUA, mas o volume de compras chinês é muito menor, e este é o motivo das reclamações de Trump, que quer diminuir o déficit comercial americano. Houve uma tentativa de retomada das negociações entre os dois países no fim de agosto, mas as conversas não prosperaram, como mostram as novas ameaças de Trump.

Será nessa mistura de guerra comercial, aumento de juros nos EUA e maior indefinição na eleição local que o mercado vai retomar os negócios semana que vem no Brasil.

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pavini@moneytimes.com.br
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