Guerra Comercial

Trump propõe proibir companhias aéreas chinesas de sobrevoar a Rússia em rotas para os EUA

10 out 2025, 6:12 - atualizado em 10 out 2025, 6:12
Trump quer proibir que aéreas chinesas "cortem caminho" pela Rússia (Beijing Daxing International Airport)

A administração Trump propôs nesta quinta-feira (9) proibir companhias aéreas da China de sobrevoar a Rússia em rotas de ida e volta entre os Estados Unidos, alegando que o tempo de voo reduzido proporcionado por essa prática coloca as transportadoras americanas em desvantagem.

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A proposta representa mais uma escalada na guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo e foi anunciada após Pequim, também na quinta-feira, endurecer os controles sobre exportações de terras raras, que são cruciais para algumas indústrias dos EUA.

Companhias aéreas norte-americanas há muito criticam a decisão de permitir que as empresas chinesas usem o espaço aéreo russo em voos para os EUA, pois isso oferece a elas a vantagem de trajetos mais curtos, menor consumo de combustível e custos reduzidos.

A Rússia proibiu que companhias aéreas americanas e várias outras estrangeiras sobrevoem seu espaço aéreo em retaliação à proibição dos EUA de voos russos sobre o território americano, imposta em março de 2022 após a invasão da Ucrânia.

As companhias aéreas chinesas não foram incluídas na proibição e vêm usando essa vantagem para aumentar sua participação de mercado em rotas internacionais.

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O Departamento de Transporte dos EUA afirmou, em sua proposta de ordem, que a situação atual é “injusta e tem resultado em efeitos competitivos adversos substanciais para as transportadoras aéreas dos EUA”.

A proposta, que se aplicaria às permissões de transportadora aérea estrangeira emitidas pelos EUA, não se aplica a voos exclusivamente de carga, segundo o órgão.

Um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China afirmou nesta sexta-feira (10) que as restrições “não são propícias às trocas interpessoais”.

A decisão do Departamento de Transporte pode afetar alguns voos operados pelas companhias Air China, China Eastern, Xiamen Airlines e China Southern.

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A ordem não mencionou a Cathay Pacific, com sede em Hong Kong, que sobrevoa a Rússia na rota entre Nova York e Hong Kong, de acordo com o site de rastreamento de voos Flightradar24. A Cathay não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.

A Administração da Aviação Civil da China, a embaixada chinesa em Washington e a Airlines for America, principal entidade que representa companhias como American Airlines, Delta Air Lines e United Airlines, todas com voos para a China, também não responderam imediatamente aos pedidos de comentário.

As ações listadas na China das três maiores companhias aéreas estatais chinesas caíram nesta sexta-feira, lideradas pela China Southern, que recuou 1,3%. Air China e China Eastern caíram 1,26% e 0,95%, respectivamente.

As três transportadoras vêm enfrentando dificuldades desde a pandemia de Covid-19 e registraram cinco anos consecutivos de prejuízos anuais.

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Tensões comerciais

A proposta de proibir companhias aéreas chinesas de utilizarem o espaço aéreo russo em rotas para os EUA surge em meio a crescentes tensões comerciais entre Pequim e Washington.

A Boeing está em negociações para vender até 500 aviões para a China, o que representaria um avanço significativo para a empresa no segundo maior mercado de aviação do mundo, onde os pedidos estão paralisados devido às tensões comerciais EUA-China.

O presidente dos EUA, Donald Trump, e o presidente chinês, Xi Jinping, devem se encontrar pessoalmente na Coreia do Sul no final de outubro.

O Departamento de Transporte está dando dois dias para que as companhias aéreas chinesas respondam à proposta e afirmou que uma ordem final poderá entrar em vigor já em novembro.

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Em maio de 2023, os EUA aprovaram voos adicionais por companhias chinesas depois que elas concordaram em não sobrevoar a Rússia em novas rotas, segundo a Reuters.

No ano passado, o Departamento de Transporte afirmou que companhias aéreas chinesas poderiam aumentar os voos semanais de ida e volta para os EUA para 50, mas decidiu não aprovar mais voos após pressão de sindicatos e companhias americanas.

Antes das restrições impostas no início de 2020 devido à pandemia, mais de 150 voos de ida e volta por semana eram autorizados por cada lado.

Algumas companhias americanas disseram ao governo Trump que voos diretos da Costa Leste para a China não são viáveis economicamente sem o sobrevoo da Rússia. Em alguns casos, as transportadoras precisam deixar assentos vagos e reduzir a carga transportada devido ao aumento do tempo de voo.

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A Reuters é uma das mais importantes e respeitadas agências de notícias do mundo. Fundada em 1851, no Reino Unido, por Paul Reuter. Com o tempo, expandiu sua cobertura para notícias gerais, políticas, econômicas e internacionais.
reuters@moneytimes.com.br
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