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Trump quer acabar com os resultados trimestrais; bom ou ruim?

15 set 2025, 16:59 - atualizado em 15 set 2025, 17:15
trump tarifa EUA Brasil
(Imagem: REUTERS/Kevin Lamarque)

Os balanços trimestrais já se tornaram um evento recorrente entre investidores que acompanham empresas listadas na bolsa de valores.

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No entanto, uma postagem de nada menos que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, gerou dúvidas sobre o modelo, usado tanto nos EUA quanto no Brasil.

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Segundo Trump, em suas redes sociais, companhias e corporações deveriam deixar de ser forçadas a ‘reportar de maneira trimestral (balanços trimestrais)’ e passar a divulgar relatórios a cada seis meses.

A ideia é permitir que as empresas economizem tempo e dinheiro. Afinal, preparar os relatórios, organizar reuniões com analistas e coordenar toda a divulgação não é barato.

‘Isso vai economizar dinheiro e permitir que os gestores foquem em administrar melhor suas empresas’, disse Trump.

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Ele complementou: “Você já ouviu alguma vez que “a China tem uma visão de 50 a 100 anos na gestão de uma empresa”, enquanto nós administramos nossas companhias em base trimestral? Isso não é bom!”

Trump já levantado essa mesma bandeira em 2018.

Presidente da Nasdaq responde

Em resposta a Trump, a presidente-executiva da Nasdaq, Adena Friedman, defendeu que as empresas de capital aberto tenham a opção de apresentar relatórios trimestrais ou semestrais.

“Obrigado, presidente Trump, por abordar um dos principais desafios que os líderes de empresas de capital aberto enfrentam: a visão de curto prazo, exacerbada pelos relatórios trimestrais”, disse Friedman em uma publicação no LinkedIn.

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Friedman disse que minimizar o atrito, a carga e os custos associados ao fato de ser uma empresa de capital aberto poderia injetar ainda mais energia nos mercados de capitais dos EUA e estimular o crescimento econômico.

A Nasdaq também já havia defendido publicamente a simplificação das exigências de relatórios, sugerindo fornecer às empresas a opção de apresentar relatórios semestrais em vez de trimestrais.

Atualmente, o principal órgão regulador de Wall Street exige que as empresas divulguem seus resultados financeiros a cada 90 dias.

A divulgação semestral colocaria os EUA em linha com o Reino Unido e vários outros países da União Europeia.

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No passado, executivos de Wall Street também pediram reformas para flexibilizar as regulações sobre as empresas de capital aberto.

Em 2018, Jamie Dimon e Warren Buffett argumentaram em um artigo de opinião no Wall Street Journal que a visão de curto prazo estava prejudicando a economia dos EUA.

Bom ou ruim?

Segundo Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, há bons argumentos por trás das falas de Trump.

“Grande parte das decisões no mercado, inclusive dentro das empresas, é pensada em prazos mais longos. Não vemos nenhuma companhia pagando bônus trimestral, por exemplo”, afirma.

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Ele lembra que os balanços trimestrais criam incentivos ruins.

“Financeiramente é caro, porque envolve interromper a operação para preparar relatórios e conferência de resultados. Além disso, gera uma tendência de artificialidade na gestão, já que o foco passa a ser o curtíssimo prazo.”

Por outro lado, há um ponto de atenção: sem os balanços, poderia haver falta de transparência das empresas.

“Concordo que os balanços trimestrais aproximam a empresa do investidor, permitindo que ele entenda melhor os pontos positivos e negativos. Mas acredito que essa relação pode ser construída mesmo sem a obrigação do reporte trimestral”, explica Cruz.

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O analista acrescenta que muitas companhias familiares resistem à abertura de capital justamente por esse motivo.

“O empresário costuma pensar em horizontes anuais ou plurianuais, aceitando que um trimestre ruim faz parte do ciclo natural dos negócios.”

No mercado de capitais, porém, os investidores não perdoam. Se o resultado é abaixo do esperado, a ação despenca sem piedade.

Cruz cita como exemplo a Raia Drogasil (RADL3), que enfrentou questionamentos intensos ao entregar um trimestre abaixo das projeções.

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A ação, porem, recuperou parte da perda e a queda no acumulado do ano, que chegou a quase 40% após os números do primeiro trimestre, passou para os 20% atuais.

Com Reuters

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Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022, 2023 e 2024. É também setorista de setor financeiro. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
renan.dantas@moneytimes.com.br
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022, 2023 e 2024. É também setorista de setor financeiro. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.