Política

Trump volta a vincular adoção de tarifa contra o Brasil a julgamento de Bolsonaro

18 jul 2025, 3:52 - atualizado em 18 jul 2025, 3:52
Jair Bolsonaro
Condenado por crime eleitoral, Bolsonaro diz que está sendo alijado do processo político (REUTERS/Evelyn Hockstein)

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a vincular nesta quinta-feira a adoção de tarifa comercial sobre os produtos do Brasil ao julgamento por tentativa de golpe de Estado do ex-presidente Jair Bolsonaro, conforme carta enviada pelo norte-americano ao brasileiro.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Na carta, cuja tradução em português foi publicada por Bolsonaro na rede social X, Trump fala de suposto “tratamento terrível” recebido pelo ex-presidente “pelas mãos de um sistema injusto voltado contra você”.

“Esse julgamento deve acabar imediatamente!”, escreveu Trump, para acrescentar em outro trecho da carta: “Tenho manifestado fortemente minha desaprovação tanto publicamente quanto por meio da nossa política tarifária“.

Em 9 de julho, Trump anunciou a cobrança de uma tarifa de 50% sobre todos os produtos comprados do Brasil, a começar em 1º de agosto. Na ocasião, ele vinculou em parte a decisão ao tratamento recebido por Bolsonaro — que enfrenta julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) pela trama golpista.

Na carta desta quinta-feira, Trump não cita o Supremo, direcionando novamente sua artilharia para o governo Lula.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

“É minha sincera esperança que o governo do Brasil mude de rumo, pare de atacar os opositores políticos e acabe com esse regime ridículo de censura. Estarei observando de perto”, escreveu Trump.

Mais tarde, Bolsonaro divulgou um vídeo com uma resposta ao presidente norte-americano.

“Prezado presidente Donald Trump, recebi com muita alegria a sua carta pessoal endereçada à minha pessoa”, disse Bolsonaro.

O ex-presidente voltou a dizer que está sendo julgado por um “crime inexistente”. “Querem, na verdade, me alijar do processo político”, acrescentou.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Reações

O post de Bolsonaro com a carta de Trump foi publicado às 19h36, menos de uma hora antes de pronunciamento — já previsto para as 20h25 — do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em rede nacional. Em sua fala, Lula afirmou que o Brasil sempre esteve aberto ao diálogo, mas qualificou a tarifação de Trump como uma “chantagem inaceitável”.

“O Brasil sempre esteve aberto ao diálogo. Fizemos mais de 10 reuniões com o governo dos Estados Unidos, e encaminhamos, em 16 de maio, uma proposta de negociação. Esperávamos uma resposta, e o que veio foi uma chantagem inaceitável, em forma de ameaças às instituições brasileiras, e com informações falsas sobre o comércio entre o Brasil e os Estados Unidos”, disse Lula.

A ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, também reagiu na rede X à carta de Trump a Bolsonaro, dizendo que ela “expõe cruamente a chantagem que estão fazendo contra o Brasil”.

“Quanto mais se aproxima a hora do julgamento, mais claro fica que Bolsonaro coloca seus interesses acima de tudo, inclusive do Brasil e do povo brasileiro”, escreveu Gleisi.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Questionado por jornalistas em Brasília sobre a carta desta quinta-feira de Trump a Bolsonaro, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, foi taxativo: “Não há nenhuma relação entre questões do Poder Judiciário e tarifa. São coisa que não tem nenhum nexo entre uma coisa e outra”.

Compartilhar

A Reuters é uma das mais importantes e respeitadas agências de notícias do mundo. Fundada em 1851, no Reino Unido, por Paul Reuter. Com o tempo, expandiu sua cobertura para notícias gerais, políticas, econômicas e internacionais.
reuters@moneytimes.com.br
A Reuters é uma das mais importantes e respeitadas agências de notícias do mundo. Fundada em 1851, no Reino Unido, por Paul Reuter. Com o tempo, expandiu sua cobertura para notícias gerais, políticas, econômicas e internacionais.