Tupy (TUPY3) faz parceria com gigante chinesa em avanço sobre motores de grande porte

A Tupy (TUPY3) anunciou nesta terça-feira uma cooperação comercial e tecnológica com a fabricante chinesa de motores Yuchai que amplia o portfólio de produtos do grupo brasileiro no segmento de motores de grande porte, usados em aplicações que incluem centrais de processamento de dados.
A parceria prevê que a subsidiária MWM da Tupy passe a ser distribuidora oficial da Yuchai na América Latina e define entendimentos entre as empresas para estudos para eventual produção local dos motores da Yuchai, que segundo o grupo brasileiro já estão presentes em milhares de equipamentos no Brasil e América Latina.
- CONFIRA: Veja os ativos mais recomendados por grandes bancos e descubra como diversificar sua carteira com as escolhas favoritas do mercado; acesse gratuitamente
“Portfólio mais amplo cria enormes vantagens… Como o Brasil é um grande mercado, podemos nos colocar como plataforma para a América Latina e conforme aumenta a escala (da parceria) teremos ganhos com a localização dos motores e com todo o mercado de reposição de peças”, disse o presidente-executivo da Tupy, Rafael Lucchesi, em entrevista à Reuters.
O acordo, segundo o executivo que está no posto desde maio, deverá ser sentido gradualmente nos resultados da Tupy a partir de 2026, enquanto a companhia prepara equipes de vendas para os novos equipamentos do portfólio.
A MWM atualmente não produz grupos geradores de energia acima de 1 megawatt e com a parceria terá equipamentos para atender aplicações que exigem 4 megawatts, disse Cristian Malevi, diretor da área de energia e descarbonização da MWM. Segundo o executivo, isso permite à empresa atender o crescente mercado de centrais de processamento de dados no Brasil, que tem sido alvo de ações de incentivo pelo governo.
“São equipamentos muito maiores do que a gente trabalha atualmente”, disse Malevi, cuja divisão foi responsável por 7% da receita total de R$2,6 bi da Tupy no segundo trimestre e que tem enfrentado um cenário de demanda pressionada por fatores que incluem juros elevados. “Os maiores motores que temos hoje são de 13 litros; e nesse mercado são motores de mais de 100 litros”, acrescentou, citando motores para caminhões extrapesados.
Segundo os executivos, com a parceria, a MWM, que afirma ter uma participação de cerca de 30% do mercado de motores a combustão do país, também poderá atender mercados que incluem de grandes equipamentos para irrigação, além de motores marítimos de trabalho com potências de até 4.000 hp, incluindo novos combustíveis, como metanol e gás liquefeito.
Do lado da Yuchai, a parceria com a MWM acelera a expansão da companhia chinesa na América Latina, disseram os executivos da Tupy, citando a base de cerca de 1.300 distribuidores do grupo brasileiro.
Além disso, a parceria ajudará a Yuchai no desenvolvimento de motores que usam biocombustíveis como etanol, biometano e biodiesel, em um momento em que regiões como Europa e América do Norte buscam descarbonizar suas economias, afirmaram os executivos.
“Certamente, o futuro é de multicombustíveis”, disse Lucchesi. “A Yuchai vai ter um parceiro com competência de engenharia, sobretudo na parte de biocombustíveis”, acrescentou.
Segundo Malevi, a MWM deve anunciar nos próximos meses os primeiros contratos derivados da parceria com a Yuchai, mas não deu detalhes.
‘Tarifaço dos EUA’
Questionado sobre eventuais impactos derivados do tarifaço dos Estados Unidos contra produtos brasileiros, Lucchesi afirmou que a Tupy tem estoques naquele país suficientes para 10 a 12 semanas de negócios e que, por enquanto, os efeitos nas operações do grupo foram “pequenos”.
No segundo trimestre, 36% da receita do grupo veio da América do Norte, enquanto Américas do Sul e Central representaram 46% e Europa 15%. Além do Brasil, a Tupy tem fábricas no México e Portugal.
“Estamos num momento mais próximo de uma solução feliz do que estávamos há 20 dias”, disse o executivo citando as tratativas entre os governos do Brasil e EUA.
O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin, disse na sexta-feira passada que o governo brasileiro vai buscar a exclusão de mais produtos do país da tarifa de 50% imposta pelo presidente norte-americano, Donald Trump, a exportações do Brasil para os EUA.
Ao discursar na ONU na semana passada logo após a fala do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Trump disse ter encontrado rapidamente o brasileiro antes de sua fala e afirmou ter gostado do líder brasileiro. Trump ainda mencionou que ambos tiveram uma “química excelente” e que combinaram de conversar nesta semana.
Citando quedas nas vendas de caminhões nos EUA em 2024 e neste ano, Lucchesi afirmou que o maior impacto para os negócios da companhia no país “é o esvaziamento do mercado norte-americano”.