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Tupy (TUPY3) tem queda de resultado com integração de novos negócios e de olho em descarbonização

27 mar 2023, 19:04 - atualizado em 27 mar 2023, 20:45
Tupy
Para o presidente-executivo da Tupy, Fernando Cestari de Rizzo, o mercado atualmente está passando por uma “desaceleração”(Imagem: Divulgação/ Tupy)

A fabricante de peças fundidas e componentes estruturais de motores Tupy (TUPY3) divulgou nesta segunda-feira lucro líquido de 56,4 milhões de reais para o quarto trimestre de 2022, queda de 7,8% sobre o desempenho de um ano antes, apesar de forte aumento em receitas após consolidação de aquisições.

A companhia fundada há 85 anos apurou uma geração de caixa medida pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado de 250,35 milhões de reais, alta anual de 22,8%.

Analistas, em média, esperavam que a companhia – que afirma ser líder do setor no mercado ocidental – tivesse lucro de 94,4 milhões de reais entre outubro e dezembro e Ebitda de 278 milhões, segundo dados da Refinitiv.

A receita evoluiu quase 26%, a 2,6 bilhões de reais, praticamente em linha com os 2,5 bilhões esperados pelo mercado.

O resultado foi divulgado em um momento em que montadoras de veículos instaladas no Brasil atravessam período de férias coletivas, citando entre os motivos para as paradas fatores que incluem falta de componentes e o próprio nível de demanda enfraquecido pelas taxas de juros altas.

Para o presidente-executivo da Tupy, Fernando Cestari de Rizzo, o mercado atualmente está passando por uma “desaceleração”, pressionada em parte pela adoção de veículos pesados que cumprem os requisitos de emissões conhecidos como “euro 6”, mais caros, combinada com certa “desconfiança dos empresários” sobre o panorama da economia e os juros elevados.

Rizzo, porém, minimizou o impacto mencionando que 25% das receitas da Tupy são geradas no Brasil e que mercados desenvolvidos como Estados Unidos e Europa, para onde a companhia exporta, “estão com indústria de caminhões um pouco mais forte”.

Segundo o executivo, parte do efeito da desaceleração pode ser contrabalançado pelo mercado de reposição de peças, algo que a Tupy não abordava antes da aquisição da fabricante de motores MWM, concluída no final do ano passado.

Terceirização

A aquisição da MWM permitiu à Tupy acelerar planos de investimentos em projetos de descarbonização, conforme a companhia busca se tornar no mundo dos motores o equivalente da taiuanesa Foxconn para a indústria dos aparelhos eletrônicos.

“A Tupy tradicionalmente produz peça estrutural, que passa por processos de usinagem, montagem e teste. Hoje esse serviços são feitos pelos clientes, mas a MWM faz esse serviço para a BMW e a Navistar. O que estamos querendo é levar para todos os demais clientes da Tupy e que eles transfiram para nós essas atividades”, disse Rizzo.

“O Brasil tem todas as condições de absorver isso e exportar o produto já beneficiado”, acrescentou. “O objetivo é entregar motor pronto”, disse o executivo.

Nessa frente, a companhia anunciou na semana passada contratos de fornecimento de novas gerações de blocos e cabeçotes de motor junto a montadoras de caminhões na América do Norte e picapes para a América do Sul que vão elevar as receitas da companhia em 650 milhões de reais por ano nos próximos anos.

Em razão do foco em descarbonização, em que a empresa também está realizando investimentos em áreas que incluem reciclagem de baterias de veículos elétricos e produção de motores adequados para queima de hidrogênio e combustíveis – como biogás e etanol -, a Tupy pode optar por manter a política atual de distribuir cerca de 25% do lucro líquido aos acionistas, disse o vice-presidente de finanças, Thiago Fontoura Struminski.

“Se os projetos têm bom retorno para a companhia… privilegiamos eles em oposição aos dividendos”, disse o executivo. “Com o crescimento potencial do biometano e biogás, tendemos a privilegiar o crescimento desses projetos” na alocação de capital, acrescentou.

Na frente de reciclagem de baterias, por exemplo, Rizzo afirmou que a Tupy pretende construir uma usina de demonstração no final deste ano para início de operações em 2024.

A discussão é “descarbonizar, não eletrificar”, disse o presidente da Tupy, citando os problemas gerados pela mineração de metais usados pelas baterias de veículos elétricos. Diante disso, um potencial que pode ser aproveitado pelo Brasil para a produção de energia é o gás que se forma com o resíduo de produção da pecuária, que se pudesse ser recolhido e convertido em eletricidade seria suficiente para “substituir 80% do diesel que usamos”, afirmou.

Rizzo não deu detalhes sobre quando estes projetos vão amadurecer na companhia ou seu impacto nos resultados, mas afirmou que após a conclusão da compra da MWM “tem muita oportunidade para execução de sinergias”. Segundo ele, entre 2019 e 2022, a receita líquida da Tupy cresceu 96% e o Ebitda avançou 80%.

Considerando apenas 2022, a empresa teve lucro recorde de 502,2 milhões de reais ante cerca de 203 milhões em 2021.

(Atualizada às 20:45)

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reuters@moneytimes.com.br
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