Aço

Usiminas, Gerdau e CSN: por que ninguém deu bola para Trump hoje?

02 dez 2019, 19:00 - atualizado em 02 dez 2019, 19:00
Bobinas de aço da CSN
Blindagem: ações da CSN foram as que mais subiram no pregão (Imagem: Divulgação/CSN)

Tinha tudo para ser uma segunda-feira terrível para as siderúrgicas brasileiras. Logo pela manhã, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tuitou que pretende elevar as tarifas de importação do aço do Brasil e da Argentina, usando, como justificativa, a desvalorização do real e do peso – algo que geraria uma concorrência desleal.

A devastação, contudo, não veio. Pelo contrário: as ações das principais siderúrgicas do país encerraram o dia com altas acima do Ibovespa. Por volta do fechamento, apenas um papel da Usiminas, a preferencial PNB N1 (USIM6), operava em queda de 0,25%, sendo negociada a R$ 7,88.

Os demais papéis subiam fortemente. Para as outras ações da Usiminas, as altas eram de 1,83% (USIM3) e 2% (USIM5), cotadas a R$ 9,46 e R$ 8,68, respectivamente. As ações ordinárias da CSN (CSNA3) subiam 5,73%, para R$ 13,28. Já a Gerdau (GGBR4) avançava 2,65%, com os papéis cotados a R$ 17,45.

No mesmo instante, o Ibovespa marcava 108.927 pontos – uma alta de 0,64%.

Para o BB Investimentos, o movimento não é nenhum contrassenso. Em relatório assinado pela analista Gabriela Cortez, a gestora lista alguns motivos para não encarar a declaração de Trump como o fim do mundo. O primeiro, e mais óbvio, é que Trump é… Trump, e pode mudar de ideia com a velocidade de um tweet.

A analista lembra que, no ano passado, o presidente americano tumultuou o mercado mundial de produtos siderúrgicos, ao anunciar a intenção de sobretaxar o aço em 25%, e o alumínio, em 10%. Tempos depois, Trump recuou e, em troca, negociou um sistema de cotas por país que vigora até hoje.

Força própria

O segundo motivo para acalmar os ânimos é a recuperação do mercado doméstico. O BB Investimentos observa que o aumento das exportações para os Estados Unidos foi uma válvula de escape para as siderúrgicas nacionais, diante da forte recessão de 2015 e 2016. Mas, desde a adoção das cotas pelos americanos, as companhias têm redirecionado suas vendas no exterior.

Outra razão é que as cotas brasileiras para 2019 já foram praticamente cumpridas. Se houve alguma sobretaxa neste fim de ano, dificilmente nossas exportações seriam prejudicadas. Por isso, o BB Investimentos estima um impacto nulo sobre os resultados das empresas no quarto trimestre.

Usina de aço da Gerdau
Vantagem: Gerdau pode lucrar com sobretaxa americana ao aço brasileiro (Imagem: Divulgação/Gerdau/Instagram)

Já para o ano que vem, a expectativa é de que a aceleração da economia brasileira compense qualquer contratempo no exterior.

“Assim, em nossa opinião, para 2020, o efeito de tal taxação deve ser bastante limitado, especialmente no caso de a economia brasileira continuar a melhorar efetivamente, o que poderá impulsionar a demanda no mercado doméstico”, afirma a analista.

Para ser mais exato, é possível até algum ganho para os brasileiros. A Gerdau, por exemplo, possui plantas nos Estados Unidos e, portanto, a restrição às importações pode impulsionar as vendas das unidades locais. Das empresas listadas em bolsa, a Usiminas pode ser a mais prejudicada, de acordo com o BB Investimentos, pois suas exportações estão acima da média de suas concorrentes.

Diretor de Redação do Money Times
Ingressou no Money Times em 2019, tendo atuado como repórter e editor. Formado em Jornalismo pela ECA/USP em 2000, é mestre em Ciência Política pela FLCH/USP e possui MBA em Derivativos e Informações Econômicas pela FIA/BM&F Bovespa. Iniciou na grande imprensa em 2000, como repórter no InvestNews da Gazeta Mercantil. Desde então, escreveu sobre economia, política, negócios e finanças para a Agência Estado, Exame.com, IstoÉ Dinheiro e O Financista, entre outros.
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Ingressou no Money Times em 2019, tendo atuado como repórter e editor. Formado em Jornalismo pela ECA/USP em 2000, é mestre em Ciência Política pela FLCH/USP e possui MBA em Derivativos e Informações Econômicas pela FIA/BM&F Bovespa. Iniciou na grande imprensa em 2000, como repórter no InvestNews da Gazeta Mercantil. Desde então, escreveu sobre economia, política, negócios e finanças para a Agência Estado, Exame.com, IstoÉ Dinheiro e O Financista, entre outros.
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