Usiminas (USIM5): 2 grandes bancos elevam preço-alvo, com dividendos no radar; é hora de comprar?
Dois grandes bancos elevaram o preço-alvo para as ações da Usiminas (USIM5), poucos dias após a divulgação de resultados do terceiro trimestre e a sinalização da companhia de que pode pagar dividendos em 2025. No entanto, eles mantiveram a recomendação “neutra”.
O Citi disse que fez uma “leve” melhora na projeção dos lucros, destacando uma combinação de geração de caixa mais forte e premissas macroeconômicas atualizadas. O banco elevou o preço-alvo de R$ 4,75 para R$ 5,50.
“A administração indicou a possibilidade de pagamento de dividendos em 2025, o que vemos como um sinal construtivo, e nosso modelo sugere espaço para distribuições robustas em 2026 sem comprometer a alavancagem”, disse em relatório.
O banco estima que uma distribuição de 100% em 2026 implicaria em um dividend yield de cerca de 9,8%, com alavancagem atingindo 0,56x, “o que provavelmente apoiaria as ações no curto prazo”. “Contudo, à medida que os investimentos aumentam a partir de 2027, a pressão sobre o caixa deve crescer, dificultando a manutenção de altos níveis de distribuição”, acrescentou.
A Usiminas acumula até setembro um resultado negativo de R$ 3 bilhões, com uma margem líquida negativa em 15,1%. No terceiro trimestre, a empresa realizou testes de recuperabilidade de ativos siderúrgicos que resultaram em um impacto contábil negativo de mais de R$ 2 bilhões.
O Citi, no entanto, destacou que o fluxo de caixa livre (FCF) foi positivo e a alavancagem líquida caiu para 0,16x.
Usiminas por mercado de atuação
O Citi disse que espera uma melhora nas operações de aço em 2026, impulsionada pelo ramp-up do projeto PCI (a partir do 1T26), recuperação gradual da demanda doméstica — especialmente nos segmentos automotivo e industrial — e, principalmente, dos preços.
Ainda assim, acrescentou o banco, as medidas de defesa comercial foram adiadas, e as resoluções antidumping sobre produtos galvanizados e laminados a frio agora são esperadas apenas para o fim do 1T26, o que, na avaliação do Citi, prolonga a pressão sobre preços.
“Importante destacar que há risco de essas medidas não serem totalmente implementadas, o que poderia estender a fraqueza dos preços internos. Caso aprovadas, esperamos normalização gradual entre 2026 e 2027”, comentou.
Em mineração, o banco disse que mantém uma postura cautelosa, já que a projeção global do Citi para o minério de ferro indica uma curva de preços em queda até 2026, o que deve manter a rentabilidade contida.
“Não incorporamos nenhuma potencial expansão da frente de mineração em nosso modelo, à espera de novas orientações da administração”, afirmou.
Safra também mantém recomendação neutra
O Safra também manteve a recomendação neutra para as ações da Usiminas, mesmo após elevar o preço-alvo para o fim de 2026 de R$ 4,70 para R$ 6,20, o que implica um potencial de alta de 14% e retorno total esperado (TSR) de 16%.
Nas contas do banco, a Usiminas negocia a 4,2 vezes o EV/Ebitda de 2026 e 3,2 vezes o de 2027, múltiplos abaixo da média histórica de 4,1 vezes.
Segundo o analista Ricardo Monegaglia, o movimento recente do papel, que subiu cerca de 36% desde agosto, já incorporou boa parte dos fatores positivos. O banco avalia que não há catalisadores relevantes no curto prazo, o que limita o espaço para ganhos adicionais até o início de 2026.
O Safra revisou para cima sua projeção de Ebitda de 2026, agora em R$ 1,9 bilhão (15% abaixo do consenso), refletindo maiores preços domésticos e custos menores por tonelada, impulsionados por um real mais forte. Para 2027, a estimativa subiu para R$ 2,5 bilhões, também 15% abaixo das projeções de mercado.
Entre os principais riscos para a tese de investimento, o Safra cita variações nos preços do aço e do minério de ferro, mudanças na demanda doméstica, novas medidas de proteção comercial e alterações inesperadas nos planos de investimento da companhia.
Na semana passada, o BTG Pactual afirmou que Usiminas segue como uma aposta de curto prazo, orientada a eventos (event-driven), dadas as discussões atuais sobre a potencial agenda antidumping.
Os analistas, por sua vez, também consideram que a perspectiva da empresa continua sobrecarregada pela pressão sobre a indústria siderúrgica brasileira.
O banco tem recomendação neutra com preço-alvo de R$ 5.