USS Gerald R. Ford: o superporta-aviões de US$ 13 bilhões enviado pelos EUA à costa da Venezuela
O USS Gerald R. Ford (CVN-78), maior e mais avançado porta-aviões já construído pelos Estados Unidos, é considerado um dos principais símbolos do poder militar americano. Com 337 metros de comprimento, 40 metros de altura e 100 mil toneladas de deslocamento, o navio é descrito pela Marinha dos EUA como uma plataforma de guerra sem precedentes.
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Equipado com dois reatores nucleares A1B, o porta-aviões pode operar por longos períodos sem necessidade de reabastecimento de combustível fóssil, garantindo autonomia estendida em alto-mar.
Sua velocidade ultrapassa 30 nós (cerca de 56 km/h), e a tripulação varia entre 4.500 e 5.000 pessoas, incluindo marinheiros, pilotos e equipes de apoio aéreo.
O convés de voo, com 78 metros de largura, foi projetado para receber até 90 aeronaves, segundo a plataforma Naval Technology. Entre os modelos que podem operar a bordo estão:
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Caças F/A-18 Super Hornet
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Caças furtivos F-35C Lightning II
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Aviões E-2D Advanced Hawkeye
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Helicópteros MH-60R/S Sea Hawk
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Drones de vigilância e ataque
Uma cidade flutuante a serviço da guerra
Projetado para substituir a classe Nimitz, o Gerald R. Ford foi incorporado à frota americana em 2017, inaugurando uma nova geração de superporta-aviões. O navio é o primeiro de uma série de quatro unidades planejadas e custou US$ 13 bilhões, tornando-se o projeto militar mais caro da história naval dos EUA.
A embarcação funciona como uma usina de guerra flutuante: abriga sistemas elétricos de última geração, centros de comando automatizados e radares multifuncionais capazes de rastrear centenas de alvos simultaneamente.
Seu sistema de lançamento eletromagnético (EMALS) substitui as catapultas a vapor tradicionais, permitindo que os caças decolem em intervalos menores e com menor desgaste.
Além disso, o navio está equipado com mísseis Evolved Sea Sparrow (ESSM), projetados para interceptar aeronaves e drones, e com o Rolling Airframe Missile (RAM), sistema antiaéreo de curto alcance.
Essas tecnologias permitem que o Gerald R. Ford opere em zonas de guerra sem apoio terrestre, projetando poder aéreo em um raio de milhares de quilômetros.

Desde sua entrada em serviço, o porta-aviões tornou-se símbolo da estratégia de projeção global dos Estados Unidos.
De acordo com a Marinha americana, um grupo de ataque centrado no Gerald R. Ford é capaz de “controlar o mar, o ar e o espaço cibernético em uma área equivalente à Europa Ocidental”.
Por que o gigante está indo para o Caribe
O Gerald R. Ford e seu grupo de ataque — que inclui os destróieres USS Mahan, USS Bainbridge e USS Winston S. Churchill — foram enviados ao Mar do Caribe sob o argumento de reforçar as operações de combate ao narcotráfico.
O Pentágono afirma que a missão busca “degradar e desmantelar cartéis de drogas latino-americanos”.
Especialistas em relações internacionais, no entanto, avaliam que o envio do maior porta-aviões do planeta para uma região tão sensível vai além da questão do tráfico.
O professor Vitelio Brustolin, da UFF e pesquisador de Harvard, declarou ao g1 que a movimentação “representa um recado militar direto ao governo de Nicolás Maduro”. “O Gerald Ford amplia a capacidade de realizar ataques de longo alcance e dominar as defesas aéreas da Venezuela”, afirmou Brustolin.
Escalada e petróleo no centro da disputa
Desde agosto, o governo Trump vem classificando cartéis sul-americanos como organizações terroristas e autorizando operações secretas da CIA contra alvos ligados ao chavismo.
Em resposta, Maduro acusou os Estados Unidos de enviar agentes ao país e fez um apelo público: “No crazy war, please. A Venezuela quer paz.”

Relatórios recentes da ONU indicam que a crise de drogas nos EUA é impulsionada principalmente pelo fentanil produzido no México, e não pela Venezuela — o que reforça a tese de que a operação tem motivações políticas e energéticas.
A Venezuela possui as maiores reservas comprovadas de petróleo do mundo, estimadas em 300 bilhões de barris, e é considerada estratégica para o equilíbrio energético global.
Brasil no tabuleiro diplomático
Durante a Cúpula da ASEAN, realizada no dia 26 em Kuala Lumpur (Malásia), Lula e Donald Trump se reuniram para discutir os rumos da relação Brasil-EUA.
Fontes diplomáticas afirmam que a crise venezuelana foi tema central da conversa, e que Lula pediu a Trump que “levasse em conta o papel do Brasil como principal interlocutor da América do Sul” na mediação do conflito.