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Vacina da Moderna é copiada por sul-africanos apoiados pela OMS

04 fev 2022, 20:28 - atualizado em 04 fev 2022, 20:28
Moderna
Algumas empresas de biotecnologia que ele não identificou mostraram interesse em compartilhar informações, disse ele (Imagem: REUTERS/Dado Ruvic/Foto ilustrativa)

Uma biotech sul-africana disse que desenvolveu uma vacina contra a Covid-19 que corresponde à da Moderna depois que a desenvolvedora dos EUA rejeitou seu pedido de parceria.

Atravessar a linha de chegada, no entanto, pode levar anos sem o apoio da indústria.

A Afrigen Biologics & Vaccines, parte do centro de transferência de tecnologia de mRNA da OMS na Cidade do Cabo, obteve a sequência publicamente disponível da vacina da Moderna da Universidade de Stanford e agora fez sua própria versão, disse Petro Terblanche, diretora administrativa.

Sem a ajuda de um desenvolvedor de uma vacina de mRNA aprovada, pode demorar cerca de três anos para que a aprovação seja obtida, disse Martin Friede, coordenador de pesquisa de vacinas da OMS, nesta sexta a repórteres.

Se uma dessas empresas optar por compartilhar tecnologia e dados, isso poderá ser alcançado em cerca de 12 a 18 meses, disse ele.

Algumas empresas de biotecnologia que ele não identificou mostraram interesse em compartilhar informações, disse ele.

“Isso não foi tão complicado quanto as pessoas tentaram fazer parecer, mas agora temos o desafio de ampliar”, disse ele, acrescentando que uma vacina pode entrar em testes em humanos ainda este ano.

Vacinas
A esperança é que o trabalho abra caminho para o desenvolvimento e distribuição de vacinas de mRNA mais amplos no futuro (Imagem: Rovena Rosa/Agência Brasil)

A OMS criou o hub de mRNA na África do Sul em junho para abordar as preocupações de que os países pobres não estavam tendo acesso suficiente às vacinas contra a Covid.

A ideia era fazer parceria com um grande produtor de vacinas de mRNA, mas empresas como Pfizer, BioNTech e Moderna recusaram o pedido da OMS para compartilhar tecnologia e experiência.

A Afrigen, laboratório que fabrica materiais que podem ser usados em vacinas, está fazendo testes finais e vai transferir a tecnologia para empresas maiores que possam fabricar a substância em maior escala.

A esperança é que o trabalho abra caminho para o desenvolvimento e distribuição de vacinas de mRNA mais amplos no futuro.

A transferência inicial será para o Instituto BioVac, também na Cidade do Cabo, seguida por Sinergium Biotech na Argentina e Fundação Oswaldo Cruz no Brasil, ela disse.

A vacina ainda precisa passar por testes clínicos e pode levar dois anos até que uma licença possa ser solicitada e ela possa lançada para a população em geral, disse ela.

A Moderna, que não quis comentar, disse anteriormente que não vai reforçar o controle de sua patente durante a pandemia.

“A sequência é de domínio público”, disse Terblanche. “Temos liberdade para operar.”

Boa localização

A África do Sul é um bom lugar para realizar os testes por causa de sua experiência médica, população etnicamente diversa e alta prevalência de comorbidades, disse ela.

Embora a vacina possa não estar disponível por algum tempo, ela demonstra a capacidade técnica da Afrigen.

A empresa está pensando em fazer outra vacina contra a Covid-19 que não precisará ser armazenada nas temperaturas ultrabaixas exigidas pela vacina da Moderna e, em última análise, procurará combater doenças prevalentes na África, como HIV, tuberculose e malária, disse ela.

A Moderna, cuja vacina contra a Covid ainda não chegou a grandes partes do mundo, planeja gastar até US$ 500 milhões para construir uma fábrica na África que possa produzir meio bilhão de doses de vacina de mRNA por ano.

No entanto, os defensores da saúde pedem à empresa para apoiar a iniciativa da OMS já em andamento, em vez de seguir seu próprio projeto.

O desenvolvimento foi relatado anteriormente pela Reuters.

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