Mercados

Vacinação atrasada será sinônimo de safra em perigo. Entenda como

03 dez 2020, 15:30 - atualizado em 03 dez 2020, 15:41
soja em Cruz Alta
Soja 21/22, como o milho, precisarão de recursos para produção que o Brasil não pode perder se a economia demorar para andar (Imagem: REUTERS/Inaê Riveras)

Como a vacinação em massa no Brasil, se atrasando, pode descambar em problemas para as culturas que mais demandam recursos para viabilização das safras, a soja e o milho?

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Não chegando dinheiro em espécie e em trocas de insumos do exterior para o custeio da produção, com também os bancos brasileiros sem cobertor para suprirem o mercado, já que os investidores estarão despejando recursos nas nações com processos mais adiantados de imunização.

Vacina virou espécie de avatar para as economias.

O Reino Unidos já anunciou o início da vacinação contra a covid-19, os russos também, como a China, e os Estados Unidos estão com a decisão pronta se o atual presidente quiser autorizar já, entre outros. Países que deverão receber recursos de investidores, enxugando o disponível para outros mercados.

Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting, pergunta: “como a pandemia vai ficar por aqui (mundo) bom tempo, os recursos estarão disponíveis para economias que ofereçam um pouco mais de garantias de crescimento”.

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Por isso, pede ele, tem que acabar a “guerra das vacinas” – enredo de Jair Bolsonaro e João Doria, em torno da Coronavac – e a Anvisa e o governo precisam ser ágeis na liberação e compras dos antídotos que estiverem disponíveis.

A economia brasileira precisa girar, sem o qual faltará dinheiro para o plantio do milho safrinha (de inverno) e da soja 21/22, além do resto dos setores privados e públicos, que sairão com um PIB 5% menor em 2020, no mínimo.

Brandalizze calcula que a soja e milho necessitem de US$ 25 a US$ 30 bilhões de recursos do mercado privado, “se não inviabiliza qualquer safra”, que chegam na forma de troca de insumos antecipados sob aval das matrizes dos grandes grupos internacionais, e também para os bancos.

O sistema financeiro, por exemplo, poderia ocupar o buraco que o Plano Safra vai deixando – e deverá ser maior em 2021 diante do arroxo fiscal que os gastos de 2020 vão impor -, inclusive porque o custo do dinheiro está até maior que o custo da captação a taxas livres, com as seguidas quedas da Selic.

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Mas sem oxigênio, essa vantagem desaparece, como desapareceu este ano.

 

 

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Repórter no Agro Times
Jornalista de muitas redações nacionais e internacionais, sempre em economia, após um improvável debut em ‘cultura e variedades’, no final dos anos de 1970, está estacionado no agronegócio há certo tempo e, no Money Times, desde 2019.
giovanni.lorenzon@moneytimes.com.br
Jornalista de muitas redações nacionais e internacionais, sempre em economia, após um improvável debut em ‘cultura e variedades’, no final dos anos de 1970, está estacionado no agronegócio há certo tempo e, no Money Times, desde 2019.