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Vaivém nos mercados antes de Trump

18 jan 2017, 9:53 - atualizado em 05 nov 2017, 14:08

Olivia Bulla é jornalista e escreve diariamente sobre os mercados financeiros no blog A Bula do Mercado.

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A volatilidade deve dar o tom dos mercados financeiros, às vésperas da posse do presidente eleito nos Estados Unidos Donald Trump. Os negócios oscilam ao sabor das declarações do republicano e de seus assessores, ainda sem saber ao certo o que será o governo dele a partir de sexta-feira. No Brasil, a esfera política segue agitada, com os massacres em presídios roubando a cena no noticiário.  

Os investidores mostram um comportamento misto entre os ativos, em meio à cautela antes do início do novo governo nos EUA. A busca por proteção no ouro e no iene perdeu força nesta manhã, após Trump surpreender com críticas ao “dólar forte”, mas a tomada de risco também está fraca, diante de comentários de que ele quer novos acordos comerciais, que reflitam melhor o atual clima político global.

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Na verdade, Trump já fez muitos comentários e anúncios, mas os investidores, empresários e líderes globais estão esperando para ver o que irá se traduzir em implementação prática e alguma nova política (fiscal, econômica, comercial etc.) em torno disso. É, então, o momento para se ter um pouco de volatilidade nos mercados.

As bolsas asiáticas fecharam com ganhos hoje e o sinal positivo prevalece entre as bolsas do Ocidente, mas esse comportamento pode ganhar ou perder tração à medida que forem sendo conhecidos os indicadores econômicos do dia no exterior. O destaque fica com os índices de preços ao consumidor na zona do euro (8h) e nos EUA (11h30), em dezembro.

Também merece atenção os dados da produção industrial norte-americana em dezembro (12h15); o índice de confiança das construtoras nos EUA em janeiro (13h) e o Livro Bege (17h). Entre os eventos de relevo, está o discurso da presidente do Federal Reserve, Janet Yellen, às 18h, no qual ela falará sobre política monetária.

Nas moedas, o dólar cai ante as moedas de países emergentes e correlacionadas às commodities, sendo que o petróleo avança, mas os metais básicos recuam, com o minério de ferro ampliando as perdas. Mas a moeda dos EUA se recupera em relação às divisas de países desenvolvidos, com destaque para a libra esterlina, que devolve parte dos ganhos de ontem após o discurso sem surpresas da primeira-ministra britânica, Theresa May.

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Esse comportamento no exterior tende a influenciar os negócios na Bovespa e com o dólar. O mercado de câmbio conta ainda com a manutenção do ritmo de rolagem de contratos de swap cambial pelo Banco Central. A atuação do BC para evitar distorções na moeda local mais parece ser uma ação preventiva de modo a impedir que uma desvalorização do real atrapalhe o ritmo de cortes na taxa básica de juros (Selic) a doses de 0,75 ponto porcentual.

Enquanto o BC não poupa esforços para resgatar a trajetória de crescimento da economia doméstica, o governo Temer tenta manter certo otimismo em meio à crise no sistema penitenciário e à investigação de outros esquemas de favorecimento entre políticos e empresas, além da Lava Jato. O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, segue no comando do time que foi escalado para resgatar a credibilidade no Brasil. E ele está confiante de que vai virar o jogo.

Nesse último dia dele em Davos (Suíça), Meirelles tem novos encontros com autoridades e executivos, nos quais continuará vendendo a imagem do Brasil aos estrangeiros. Segundo ele, o ambiente está mais favorável ao país e os investidores estão impressionados com os avanços conseguidos na política fiscal.

“É unanimidade de que há um interesse muito grande sobre o país”, disse o ministro, que tem sido hábil em calibrar as expectativas e a confiança dos agentes econômicos, lá fora e aqui. Mas, como diria certo escritor e jornalista brasileiro, toda unanimidade… é burra.

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Meirelles desembarca nesta noite de volta ao Brasil. No retorno antecipado, irá retomar as negociações em torno do socorro financeiro ao Rio de Janeiro. Os entendimentos sobre o ajuste fiscal ao Rio, as condições de financiamento e as fontes de recursos devem definir um padrão de “ajuste duro” para ajudar outros estados.

Quem tiver a mesma necessidade e a mesma disposição, o governo está aberto para conversar. É o Estado dando seu recado a quem quiser resistir e tratando de modo selvagem aqueles que estão à margem de tudo isso – desde os desempregados, passando pelos idosos e chegando aos prisioneiros.

Essa estratégia de buscar uma solução simplista dentro de uma conjuntura de grave crise mostra a ausência de civilidade por parte do sistema político em questões que afetam diretamente a sociedade. Tudo isso nada mais é do que uma espiral descendente que se sucede à sequência de acontecimentos que culminaram no impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.

Em termos de indicadores econômicos, a agenda está mais fraca no Brasil e traz apenas os números semanais do fluxo cambial (12h30) e o índice de confiança do empresário industrial em janeiro (11h).

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Editora-chefe
Olívia Bulla é editora-chefe do Money Times, jornalista especializada em Economia e Mercado Financeiro, com mais de 15 anos de experiência. Tem passagem pelos principais veículos nacionais de cobertura de notícias em tempo real, como Agência Estado e Valor Econômico. Mestre em Comunicação e doutoranda em Economia Política Mundial, com fluência em inglês, espanhol e conhecimento avançado em mandarim.
olivia.bulla@moneytimes.com.br
Olívia Bulla é editora-chefe do Money Times, jornalista especializada em Economia e Mercado Financeiro, com mais de 15 anos de experiência. Tem passagem pelos principais veículos nacionais de cobertura de notícias em tempo real, como Agência Estado e Valor Econômico. Mestre em Comunicação e doutoranda em Economia Política Mundial, com fluência em inglês, espanhol e conhecimento avançado em mandarim.
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