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Vale: China começa a pesar mais que Brumadinho no ceticismo do mercado

21 fev 2020, 13:22 - atualizado em 21 fev 2020, 13:22
Vale
Perspectiva: perdas contábeis pressionaram última linha do balanço da Vale (Imagem: Vale/Instagram)

Os problemas da Vale (VALE3) não se limitam apenas àqueles responsáveis pelo prejuízo de US$ 1,56 bilhão no quarto trimestre e registrados no balanço divulgado ontem (20).

A decisão de promover baixas contábeis referentes à mina de níquel de Nova Caledônia, no Oceano Pacífico, e de elevar o montante previsto para indenizações em Brumadinho foram, até, bem recebidas.

O que preocupa os analistas agora e, por tabela, pressiona as ações na B3, é o futuro. Andreas Bokkenheuser, Cleve Rueckert e Cadu Schmidt, que assinam a análise do UBS, chamam a atenção para as perspectivas negativas da cotação do minério de ferro – o principal produto da Vale.

O trio vê, com preocupação, uma eventual queda da demanda chinesa por aços planos (usados em veículos e eletrodomésticos, por exemplo) nos próximos anos.

Tendência de queda

O fenômeno pode não compensar o consumo de aços longos naquele país. Isso acarretaria uma queda na cotação internacional do minério de ferro.

Usina siderúrgica em Hefei, China Siderurgia
Siderúrgica chinesa: consumo de aço plano continuará fraco, segundo o UBS (Imagem: REUTERS/Stringer)

O UBS projeta um preço de US$ 88 por tonelada para 2020, caindo para US$ 75 no ano que vem, e para US$ 65 em 2022. “O mercado continua avaliando como insustentável o atual preço do minério de ferro”, afirma o UBS.

Por isso, o banco suíço manteve sua recomendação neutra para a Vale, com preço-alvo de US$ 13 para as ADRs da mineradora negociadas na Bolsa de Nova York. O banco lembra que a última precificação do papel ocorreu, quando o minério de ferro era cotado a US$ 65.

Já o Credit Suisse divulgou um relatório bem mais otimista, com indicação de outperform para os papéis (desempenho esperado acima da média do mercado) e preço-alvo de US$ 18.

Os analistas que assinam o texto, Caio Ribeiro e Gabriel Galvão, elogiam a decisão da Vale de elevar a provisão para indenizações em Brumadinho em mais US$ 1 bilhão a US$ 2 bilhões, embora acreditem que o montante já reservado (US$ 6,6 bilhões) seja suficiente.

Página virada

“Se toda essa quantia for contabilizada e todos os processos civis forem encerrados, isso promoveria uma oportunidade de virar a página de uma vez por todas e, portanto, remover uma disputa judicial de muitos anos”, afirma o Credit Suisse.

Brumadinho Vale
Presente e futuro: Vale aumentou previsão para indenizações por tragédia de Brumadinho (Imagem: REUTERS/Washington Alves)

O banco também confia que a China adotará medidas para estimular sua economia nos próximos anos, compensando a queda da demanda causada pela epidemia de coronavírus. A expectativa é que tudo isso permita a retomada da distribuição de dividendos em 2020.

A dupla calcula uma margem de fluxo de caixa livre, em 2020 e 2021, entre 14% e 15%, e considera “facilmente alcançável” um dividend yield de 8% no mesmo período.

Nesta sexta-feira (21), porém, os investidores parecem mais alinhados com o pessimismo do UBS, do que com o otimismo do Credit Suisse. Por volta das 13h, as ações da Vale (VALE3) caíam 4,35% e eram negociadas a R$ 49,93.

No mesmo instante, o Ibovespa também recuava de modo expressivo, mas não tanto, quanto a mineradora. O principal indicador da B3 baixava 1,10%, para 113.328 pontos.

Veja os resultados divulgados pela Vale.

Diretor de Redação do Money Times
Ingressou no Money Times em 2019, tendo atuado como repórter e editor. Formado em Jornalismo pela ECA/USP em 2000, é mestre em Ciência Política pela FLCH/USP e possui MBA em Derivativos e Informações Econômicas pela FIA/BM&F Bovespa. Iniciou na grande imprensa em 2000, como repórter no InvestNews da Gazeta Mercantil. Desde então, escreveu sobre economia, política, negócios e finanças para a Agência Estado, Exame.com, IstoÉ Dinheiro e O Financista, entre outros.
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Ingressou no Money Times em 2019, tendo atuado como repórter e editor. Formado em Jornalismo pela ECA/USP em 2000, é mestre em Ciência Política pela FLCH/USP e possui MBA em Derivativos e Informações Econômicas pela FIA/BM&F Bovespa. Iniciou na grande imprensa em 2000, como repórter no InvestNews da Gazeta Mercantil. Desde então, escreveu sobre economia, política, negócios e finanças para a Agência Estado, Exame.com, IstoÉ Dinheiro e O Financista, entre outros.
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