China

Chegou o ponto de virada da Vale (VALE3), após China relaxar controle contra Covid-19 e resgatar setor imobiliário?

15 nov 2022, 12:00 - atualizado em 14 nov 2022, 22:38
Ação para fugir de Lula e Bolsonaro
China relaxa medidas contra covid-19 e setor imobiliário, em movimento que beneficia as Vale e minério de ferro. Movimento veio para ficar? (Imagem: Reuters/David Gray)

A China relaxou as medidas de controle contra a covid-19 na última sexta-feira (11). Dias depois, também tomou providências para ajudar o combalido setor imobiliário. E o mercado financeiro viu com bons olhos esses anúncios, com as ações e commodities reagindo em alta.

A Bolsa de Hong Kong disparou quase 10% em apenas dois dias, enquanto o yuan chinês (renminbi) atingiu a maior alta em um mês. O movimento embalou o minério de ferro, cujo contrato mais ativo subiu mais de 6% até ontem (14) em Dalian

No Brasil, Vale e as siderúrgicas estiveram entre as principais beneficiadas, impulsionando o Ibovespa. Mas, afinal, seria mesmo um ponto de virada por parte do governo chinês capaz de animar esses ativos?  

“É morde e assopra”, resume o especialista em administração pública chinesa, J. Renato Peneluppi Júnior. Pesquisador sobre o combate ao coronavírus na China, o brasileiro que mora desde 2010 em Wuhan avalia que as 20 medidas anunciadas pela Comissão Nacional de Saúde do país servem mais de orientação. 

“Serve como um documento dizendo como será e o que tem que passar para chegar lá”, explica. Peneluppi lembra que o mesmo processo foi desenvolvido na cidade onde foi identificado o primeiro surto da doença, na virada de 2019 para 2020.

Para ele, não há uma saída clara da estratégia atual. “É um sinal para acalmar [a população interna], mas uma prática para segurar [o vírus]”, diz o brasileiro.

China não está relaxando nem se abrindo

Nesse sentido, a mensagem chinesa é clara. “Pequim insiste que não está ‘relaxando’ os controles contra a covid-19 nem se ‘abrindo’”, comenta o fundador e editor da newsletter Pekingnology, Zichen Wang. 

Para ele, as medidas anunciadas pelo governo chinês não devem causar interpretações erradas, de que a China estaria relaxando a prevenção e controle ou fazendo apenas o essencial para a sobrevivência. Ao contrário, as principais estratégias estão mantidas.

“Nas próprias palavras de Pequim: estão sendo feito apenas ‘otimizações’”, explica Wang, que também é vice-diretor e pesquisador do think tank não governamental Center for China Globalization (CCG) – do qual Peneluppi Jr. também é membro. 

Pivô no setor imobiliário é real

Porém, o mesmo não se pode dizer em relação ao setor imobiliário. As 16 medidas de flexibilização anunciadas em conjunto pelo Banco Popular da China (PBoC) e a Comissão Reguladora de Bancos e Seguros da China (CBIRC) sinalizam de fato um “pivô”. 

“É uma grande mudança de postura na orientação política, passando de aperto para leve afrouxamento”, resume o analista de pesquisa de ações na Ásia do Julius Baer, Richard Tang. “São as medidas mais fortes até agora para aliviar os riscos sistêmicos”, emenda.

Para ele, o setor tornou-se mais “construtivo”, o que sustenta um rali de fim de ano no mercado chinês. “Além das ações de incorporadoras, as medidas devem beneficiar, em geral, as ações cíclicas, incluindo internet, commodities e consumo”, completa.

Além disso, as medidas irão fornecer mais apoio à economia da China. “Embora tenha de ser levado em conta o crescente número de casos de covid-19 no país, as mudanças para o setor imobiliário são encorajadoras e outras medidas não podem ser descartadas”, diz o chefe de pesquisa da região Ásia-Pacífico do ING, Robert Carnell.

Ponto de virada?

Portanto, os primeiros passos para uma flexibilização da abordagem de Covid-Zero foram dados. Da mesma forma, novas medidas de suporte ao mercado de imóveis foram anunciadas. 

“Isso pode dar suporte de curto prazo aos ativos mais dependentes da demanda da China”, resume o CIO da TAG Investimentos, Dan Kawa. Para ele, esse movimento tende a ser beneficiado pela posição técnica mais saudável e preços mais atrativos dos ativos , após uma forte pressão vendedora (sell off) mais recente.

Com isso, esse movimento de consolidação pode ter vida curta. “Ainda é muito cedo para acreditar em uma recuperação estrutural do crescimento da China no longo prazo”, ressalta Kawa.

Porém, há quem diga que o pior já passou. Pelo Twitter, o editor do jornal estatal Global Times, Hu Xijin, diz que o impacto da pandemia na segunda maior economia do mundo já atingiu seu pico.

Mais que isso, um novo ciclo de crescimento chinês está se formando. A conferir.

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Editora-chefe
Olívia Bulla é editora-chefe do Money Times, jornalista especializada em Economia e Mercado Financeiro, com mais de 15 anos de experiência. Tem passagem pelos principais veículos nacionais de cobertura de notícias em tempo real, como Agência Estado e Valor Econômico. Mestre em Comunicação e doutoranda em Economia Política Mundial, com fluência em inglês, espanhol e conhecimento avançado em mandarim.
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Olívia Bulla é editora-chefe do Money Times, jornalista especializada em Economia e Mercado Financeiro, com mais de 15 anos de experiência. Tem passagem pelos principais veículos nacionais de cobertura de notícias em tempo real, como Agência Estado e Valor Econômico. Mestre em Comunicação e doutoranda em Economia Política Mundial, com fluência em inglês, espanhol e conhecimento avançado em mandarim.
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