Vale (VALE3): Após salto de 20% neste ano, o que fazer com a ação?
As ações da Vale (VALE3) acumulam alta de 20% em 2025 (40% em dólares — um desempenho muito superior ao ganho médio de 15% registrado pelos pares internacionais). Apesar da alta expressiva, o momento ainda é de comprar a ação, segundo analistas.
O Bradesco BBI manteve a recomendação de compra e elevou o preço-alvo para R$ 78 por ação ao final de 2026. Segundo o banco, em relatório assinado por Rafael Barcellos e Renato Chanes, as ações da mineradora seguem negociadas com desconto relevante em relação aos pares globais.
A valorização recente, disseram, reflete a crescente confiança do mercado na nova equipe de gestão, que tem apresentado sólida execução e disciplina de capital.
O Bradesco BBI também destaca que suas projeções de Ebitda para 2026 e 2027 sugerem possibilidade de revisão positiva de mais de 5% frente ao consenso atual do mercado.
Dividendos da Vale no radar
O Bradesco BBI disse ver probabilidade crescente de novo pagamento adicional ainda este ano, à medida que a dívida líquida expandida da Vale deve se aproximar da marca de US$ 15 bilhões no quarto trimestre.
Para 2026, o cenário-base do Bradesco BBI considera o preço do minério de ferro em torno de US$ 100 por tonelada. Embora dividendos extraordinários dependam de preços acima de US$ 90/tonelada, os analistas avaliam que há espaço para novas distribuições se o mercado permanecer aquecido.
Na última teleconferência de resultados, a própria administração da companhia sinalizou a possibilidade de proventos extraordinários.
O CFO Marcelo Bacci destacou que o preço do minério de ferro está consistentemente acima de US$ 100, gerando um fluxo de caixa superior ao esperado no início do ano, além do desempenho positivo nos metais básicos. “É provável que tenhamos dividendos extraordinários em breve, embora não possamos antecipar agora”, afirmou.
O pagamento de proventos chegou a ser uma dúvida por parte do mercado, depois que a Vale anunciou que recompraria as debêntures participativas de sua 6ª emissão, mas, após o balanço do terceiro trimestre, analistas voltaram a falar de proventos ainda neste ano.
A Vale registrou lucro líquido de US$ 2,7 bilhões no terceiro trimestre de 2025, alta de 11% em relação ao mesmo período do ano anterior e acima das estimativas do mercado, de US$ 2,1 bilhões, segundo a LSEG. O destaque ficou por conta do bom controle de custos e da eficiência operacional, especialmente nas divisões de minério de ferro e metais básicos.
Safra também eleva preço-alvo
Ontem, o banco Safra também elevou o preço-alvo da companhia, de US$ 11,50 para US$ 13,20, mantendo a recomendação de compra.
Para o banco, a Vale segue negociada com desconto em relação às concorrentes globais, com rendimento médio de fluxo de caixa livre (FCF) estimado em 11% entre 2026 e 2028, frente aos 6% da australiana Rio Tinto (RIO).
Apesar de a mineradora manter uma meta ambiciosa de capex (investimentos) entre US$ 5,4 e US$ 5,7 bilhões em 2025, o Safra calcula que apenas US$ 5,3 bilhões devem ser efetivamente executados. Isso abria espaço para dividendos extraordinários estimados em US$ 1 bilhão em 2026 e mais US$ 1 bilhão em 2027, segundo o banco.
Para o BTG Pactual, a declaração de dividendos extraordinários é “apenas questão de tempo”.
“A empresa está claramente entregando resultados consistentes e merece a recente valorização e revisões positivas. O momentum permanece forte, e esperamos reação positiva a esses números”, disse a instituição em relatório assinado por Leonardo Correa e Marcelo Arazi.
O BTG afirma que a Vale virou a página de seus problemas, incluindo desafios institucionais, Brumadinho, Samarco e instabilidade operacional. Para o banco, que há poucas semanas elevou o papel para “compra”, a empresa vem recuperando a confiança dos investidores.