Vale (VALE3) deixa de ser ‘compra’ para BB Investimentos; o que preocupa analistas?

O BB Investimentos rebaixou sua recomendação para as ações da Vale (VALE3) de compra para neutra, após o relatório de produção e vendas do primeiro trimestre de 2025 mostrar queda na produção de minério de ferro, em comparação anual. O recuo é atribuído aos altos volumes de chuvas, que impactaram negativamente as operações
Embora a queda já fosse esperada, a analista Mary Silva pontua que os volumes de produção vieram ainda abaixo das estimativas da casa.
O corte na recomendação reflete a falta de visibilidade de diversas variáveis que impactam significativamente o setor, em especial a guerra tarifária entre Estados Unidos e China. Houve ainda atualização do preço-alvo para o final de 2025, de R$ 74 para R$ 65 por ação.
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Segundo a analista, o conflito comercial entre as duas maiores economias do mundo aumenta a incerteza sobre a demanda global, podendo alterar a dinâmica do comércio internacional de maneira ainda imprevisível.
“Apesar dos estímulos do governo chinês para impulsionar o consumo no país, permanece a dúvida se tais medidas serão suficientes para sustentar o crescimento da economia chinesa este ano, principalmente diante do potencial impacto das medidas tarifárias nas exportações do país a partir deste ano”, pondera.
O balanço financeiro da Vale referente ao primeiro trimestre (1T25) será divulgado no dia 24 de abril.
Vale enfrenta incertezas sobre demanda
O BB Investimentos comenta que, no atual contexto, há uma incerteza tão significativa com relação ao nível de demanda de minério de ferro, que a principal instituição referência do setor, World Steel Association, postergou a divulgação de suas projeções de demanda global de aço programada para o início de abril para um momento oportuno.
Entre os fatores que preocupam a analista, está a baixa visibilidade com relação ao fim da escalada tarifária entre EUA e China, bem como dos possíveis movimentos de outros países em suas políticas comerciais, dos desdobramentos na dinâmica global de comércio exterior e, consequentemente, impactos no setor.
“Apesar de ainda não contemplarmos, na revisão atual de nosso modelo, alterações significativas dos volumes de produção e vendas projetados para a Vale nos próximos anos, enxergamos maior probabilidade de alterações baixistas do que altistas de lucros à frente, o que se refletirá negativamente no valuation tão logo elas sejam incorporadas”, diz o BB.
Produção do 1T25
A Vale reportou aumento de 4% nas vendas de minério de ferro no primeiro trimestre de 2025, na comparação anual, totalizando 66,1 milhões de toneladas, mesmo com queda de 4% na produção, que somou 67,7 milhões de toneladas.
A mineradora disse que o resultado do período foi garantido pela flexibilidade da cadeia logística e uso de estoques. A redução da produção de minério de ferro foi agravada por fortes chuvas, especialmente no Sistema Norte.
A produção de pelotas caiu 15% na comparação anual, para 7,2 milhões de toneladas, por menor oferta de pellet feed. As vendas de pelotas, por sua vez, caíram 18,8%, atingindo 7,5 milhões de toneladas.
Na divisão de metais básicos, o cobre registrou alta de 11% na produção, alcançando 90,9 mil toneladas, com bons resultados em Salobo, Sossego e Voisey’s Bay. O cobre teve aumento de 6,6% nas vendas, somando 81,9 mil toneladas.
A produção de níquel também cresceu 11%, para 43,9 mil toneladas, puxada por Onça Puma e pelo ramp-up do projeto VBME no Canadá, enquanto as vendas subiram 17,5%, chegando a 38,9 mil toneladas, acrescentou a mineradora.
*Com Kaype Abreu