Vale (VALE3): Dividendos extraordinários de US$ 2,4 bilhões à frente? Entenda por que é possível, segundo BTG
Analistas do BTG Pactual levantam a possibilidade de a Vale (VALE3) pagar dividendos extraordinários bilionários com a transação do negócio de metais básicos.
O banco avalia que é possível que a mineradora pague dividendos extraordinários especiais de cerca de US$ 2,4 bilhões após a conclusão do negócio.
No fim do mês passado, a Vale fechou um acordo para vender 13% de participação da divisão de metais básicos para Manara Minerals e Engine No. 1 pelo valor de US$ 3,4 bilhões. US$ 1 bilhão será mantido na unidade, o suficiente para financiar as operações até que haja mais clareza sobre os planos de crescimento futuro, afirma o BTG.
“Inegavelmente, a Vale obteve um excelente preço para sua divisão de metais básicos (VBM), em ~10 vezes Ebitda para 2023, em linha com a empresa de cobre mais ‘cara’ do mercado (Southern Copper)”, afirmam Leonardo Correa, Caio Greiner e Bruno Lima, em relatório publicado na quinta-feira (17).
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Fator China
Membros da administração da Vale conversaram com o BTG e defenderam uma visão mais construtiva que o mercado em relação ao ambiente macro da China.
De acordo com os analistas, a administração transmitiu uma mensagem de “relativa estabilidade” das tendências da demanda chinesa, contrastando com as estatísticas negativas do mercado imobiliário.
“Os investidores continuam assustados com a fraqueza do setor imobiliário, mas a Vale não enfrenta desafios para preencher sua carteira de pedidos nesses mercados”, destacam.
Mesmo com a volatilidade no curto prazo, a Vale não vê os preços do minério de ferro caindo significativamente em relação aos níveis atuais devido à inflação de custos e à falta de oferta.
Ainda, a administração da companhia reforçou ao BTG a visão de que a segmentação do mercado de minério de ferro deve acelerar à frente – com supostas tendências de pico de demanda para teores padrão e teores/aglomerados de maior qualidade ganhando participação à frente.
O pior ficou para trás
Do lado operacional, os problemas enfrentados no primeiro semestre do ano acabaram impactando o sentimento do mercado em relação à Vale.
No segundo trimestre, o custo caixa do minério de ferro C1 ofuscou uma temporada “decente”, na avaliação do BTG. A administração reconheceu que a recente valorização do real impactou negativamente os custos, mas ainda indicou que os números estão chegando ao pico.
“Além disso, o Sr. [Gustavo] Pimenta, [CFO da Vale], indicou que os custos fixos têm permanecido estáveis nos últimos três anos, e que a melhoria dos volumes do S11D ajudará a diluir os custos gerais daqui para frente”, acrescenta a instituição.
Para o BTG, o pior momento operacional da Vale ficou para trás. O que se espera é que a produção e os custos continuem melhorando pela frente – o que, na visão dos analistas, está “muito pouco precificado nas ações”.
Diante da expectativa de recuperação operacional e uma baixa alocação do mercado, o BTG reitera a compra de VALE3, com preço-alvo de R$ 94. O banco defende que a Vale continua sendo um dos nomes favoritos para se expor à retomada da economia chinesa e enxerga como positiva a entrada da Cosan (CSAN3) no conselho da empresa.
A monetização de metais básicos como gatilho para geração de valor a investidores de longo prazo também torna a tese atrativa.
“Em nossas estimativas revisadas, a Vale é negociada a ~4 vezes EV/Ebitda (valor da empresa sobre Ebitda) para 2023 e um yield (rendimento) de fluxo de caixa implícito de 9%. Acreditamos que a empresa pode retornar cerca de 10-12% de yield aos acionistas na forma de dividendos/recompra”, completam Correa, Greiner e Lima.