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Vale (VALE3): Por que ação está longe de ser uma unanimidade entre analistas

21 fev 2023, 12:40 - atualizado em 21 fev 2023, 12:40
Vale
Ação da Vale conseguiu se aproximar novamente dos R$ 100 com rali do minério de ferro (Imagem: REUTERS/Yusuf Ahmad/File Photo)

A Vale (VALE3), juntamente com as demais mineradoras e siderúrgicas listadas, aproveitou bem o rali do minério de ferro nos últimos meses.

As ações da companhia conseguiram se aproximar novamente dos R$ 100, impulsionadas pela expectativa envolvendo a reabertura econômica chinesa após a flexibilização das restrições da política de Covid Zero.

A questão é que a tese de investimento da empresa não é consenso entre agentes do mercado – ainda mais após as últimas semanas de correção, com os papéis recuando de volta à casa dos R$ 80-90.

A Genial Investimentos entende que a Vale “está longe de ainda ser uma unanimidade” e acabou rebaixando a classificação para “manter”. Na avaliação da corretora, o consenso deve começar a perceber que o otimismo em relação à retomada da segunda maior economia do mundo foi exagerado.

Preços do minério: especulação ou não?

A reabertura da economia na China tem oferecido suporte ao minério de ferro negociado nas Bolsas asiáticas. Com notícias positivas de recuperação do gigante asiático e novos estímulos anunciados pelo governo chinês para ajudar o setor imobiliário do país, o ingrediente siderúrgico entrou em uma acelerada trajetória de alta que afastou seus preços dos patamares de meados de 2022, quando enfrentava um forte movimento de baixa por temores de recessão global.

O recente rali do minério de ferro chamou a atenção das autoridades chinesas, que mostraram preocupações com as mudanças de preços e avisaram que iam apertar a supervisão para conter a especulação do mercado.

Para a Genial, existe de fato certo nível de especulação em cima de uma curva de minério no patamar atual de US$ 120 a tonelada.

“Nós reforçamos que não acreditamos que seja razoável a curva em preços acima de US$ 110/tonelada por entendermos que não há uma demanda das siderúrgicas chinesas que atualmente sustentem esse nível de preços por muitos meses”, defende a corretora.

Segundo a Genial, existe um descolamento da curva de preços com a economia real chinesa. A expectativa exacerbada do mercado em relação à demanda futura chinesa deve acabar frustrando os investidores, pesando para as ações mais à frente.

“Os preços das ações [da Vale] refletem mais o aumento da expectativa de consumo de minério, que nos parece irreal, do que essas dificuldades mais fundamentais intrínsecas à Vale e à China de longo prazo”, comenta.

Porém, a Genial ainda acredita que a reabertura chinesa pode ajudar o resultado de curto prazo da Vale, como no primeiro trimestre de 2023.

Para o Inter Research, as incertezas quanto ao ritmo de produção siderúrgica chinesa continuam elevadas, trazendo desafios para a demanda de minério de ferro.

O Inter espera ver dados “mais contundentes” para confirmar se o processo de reabertura dará a guinada que o mercado está esperando. Por conta disso, a instituição avalia que a ação da Vale está “devidamente precificada” nos patamares atuais.

O Inter tem preço-alvo de R$ 94 ao fim de 2023 para os papéis da Vale, além de recomendação “neutra”.

O UBS BB é ainda mais cético e tem recomendação de venda para o nome.

Semelhante à Genial, o banco entende que o recente rali do minério de ferro tem acontecido mais por especulação sobre a retomada da economia na China. Analistas ressaltam que os fundamentos da demanda ainda estão fracos.

Quem ainda recomenda “compra”

Novamente, a ação da Vale está longe de ser um consenso do mercado. Enquanto alguns optam pela desconfiança em relação ao ritmo de retomada da economia chinesa, outros têm a companhia como um dos principais nomes para se expor à recuperação do país asiático.

O BTG Pactual espera uma recuperação – ainda que gradual – para a China em 2023, conforme o governo flexibiliza as restrições e o mercado imobiliário local volta às atividades.

No caso da Vale, o banco enxerga outros atrativos na tese, como a melhora na produção e nos custos das divisões de minério de ferro e metais básicos nos próximos trimestres e a entrada de um acionista de referência (CosanCSAN3) no conselho.

“Vemos uma possibilidade de monetização do segmento de metais básicos (esperada para o primeiro semestre de 2023) como um catalisador de geração de valor para investidores de longo prazo”, acrescenta.

Vale
Vale ainda é opção para carteira de dividendos, avaliam analistas (Imagem: Bloomberg)

Para o analista Mateus Haag, da Guide Investimentos, as sinalizações que o governo chinês vem dando a favor do fim da política de Covid Zero se sobressaem às restrições ainda presentes.

“Sabemos que, assim que essa crise for sanada, devemos ver um retorno à normalidade das atividades na China”, diz. Segundo Haag, a ação da Vale tem potencial deve “se manter firme” no longo prazo.

“A Vale é uma das mineradoras com menor cash cost do mundo e seu produto é de extrema importância na atualidade”, comenta o especialista.

Dividendos

Um ponto apontado por muitos analistas é que a Vale segue como uma das principais empresas pagadoras de dividendos.

O BTG diz que a administração da mineradora continua altamente disciplinada em sua estratégia de alocação de capital e espera que a maior parte da agenda de médio prazo seja orientada a retornos de caixa aos acionistas.

O banco prevê um yield entre 11-13% para 2023, incluindo recompras de ações. A recomendação de compra foi reforçada.

Até o Inter, que tem um pé atrás com a Vale, reconhece que, para uma carteira com foco em dividendos, a Vale se lança como uma boa opção ainda.

“Ainda vemos a companhia como uma forte geradora de caixa, devendo seguir remunerando bem seus acionistas”, diz Joubert.

Em 2022, a Vale pagou o equivalente a US$ 12,6 bilhões entre dividendos, juros sobre o capital próprio (JCP) e recompras de ações, completa a analista-chefe da casa, Gabriela Joubert.

Editora-assistente
Formada em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como editora-assistente do Money Times há pouco mais de três anos cobrindo ações, finanças e investimentos. Antes do Money Times, era colaboradora na revista de Arquitetura, Urbanismo, Construção e Design de interiores Casa & Mercado.
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Formada em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como editora-assistente do Money Times há pouco mais de três anos cobrindo ações, finanças e investimentos. Antes do Money Times, era colaboradora na revista de Arquitetura, Urbanismo, Construção e Design de interiores Casa & Mercado.
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