Vale (VALE3): Analistas dizem o que fazer com papel após produção do 2T25

A Vale (VALE3) produziu mais do que esperado no segundo trimestre de 2025, com melhora em minério de ferro, cobre e níquel, o que parte de analistas enxergou como positivo.
Na bolsa, VALE3, que iniciou o dia em queda, operava estável após alta de quase 6% em duas sessões, embalada por boas notícias vindas da China.
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Apesar disso, analistas dizem que a produção, em si, não é suficiente para fazer a ação andar mais. Até porque, apesar de ter produzido mais, a Vale vendeu menos.
A bola, segundo algumas casas, está com a China. De qualquer forma, a produção mostrou que a companhia faz a lição de casa.
Metais básicos brilham
De acordo com o Bradesco BBI, a Vale apresentou mais um ótimo conjunto de resultados operacionais, com a produção de iodetos de níquel no Sistema Norte atingindo o maior nível de produção no segundo trimestre desde 2021.
“Apesar da queda em relação ao ano anterior nas vendas de iodetos de níquel e pelotas, observamos que isso está em linha com a estratégia da Vale de direcionar mais volumes para se concentrar na China”.
A empresa também teve forte desempenho na produção de níquel e cobre, que atingiram a maior produção no segundo trimestre desde 2021 e 2019, respectivamente.
“Observamos que a produção de cobre no primeiro semestre de 2025 atingiu 183,5 mil toneladas, sugerindo que a Vale tem potencial para atingir o limite superior de sua projeção anual”.
O Itaú BBA diz que o trimestre foi marcado por acúmulo de estoques e continuidade na estratégia comercial focada em produtos de teor médio.
“O destaque foi o desempenho sólido em metais básicos. O preço realizado CFR/FOB ficou em US$ 85,1/tonelada, ligeiramente acima da nossa estimativa de US$ 84,6/tonelada, enquanto o preço das pelotas ficou um pouco abaixo do esperado”.
Já a XP classificou os números como neutros.
Para a casa, as cifras reforçam a flexibilidade do portfólio da Vale, com um atual ambiente de mercado fraco para prêmios (especialmente na China) obrigando a mineradora a vender produtos de menor qualidade.
A corretora também destaca que a empresa possui diversificação de portfólio. Isso ajuda a companhia a otimizar as vendas sempre que as condições comerciais estiverem abaixo do ideal.
Revisão das expectativas?
A produção da Vale não foi suficiente para alterar a expectativa de Ebitda, que mede o resultado operacional, do Bradesco, que espera US$ 3,2 bilhões (1% menor no trimestre e 20% em relação ao ano anterior — com resultados a serem divulgados em 31 de julho).
O Itaú BBA foi outra corretora a manter as estimativas de Ebitda de US$ 3,2 bilhões para o segundo trimestre.
Por outro lado, o Safra revisou as estimativas de Ebitda de US$ 3,31 bilhões para US$ 3,55 bilhões após incorporar os dados de embarques e preços realizados no trimestre, 7% acima do consenso de US$ 3,3 bilhões.
“Em comparação com nossas estimativas, os embarques de minério de ferro e níquel vieram ligeiramente acima, e os preços realizados para minério de ferro, pelotas e níquel foram modestamente melhores”.
Os subprodutos nas operações de cobre e níquel também surpreenderam o Safra e contribuíram de forma relevante para a revisão positiva.
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A Genial também refez os seus cálculos.
Agora, a corretora espera receita líquida de R$ 9 bilhões, sustentada tanto pelo avanço nos embarques (+1,6%) e realização de preço (+1,6%) de finos de minério de ferro, quanto pela divisão de metais básicos.
O reajuste de Ebitda Proforma alcançou US$ 3,4 bilhões. Por fim, com os números, a corretora espera lucro de US$ 1,5 bilhão.
O resultado financeiro será divulgado no dia 31 de julho, após o fechamento do mercado.
O que fazer com a Vale?
O Bradesco foi uma das casas que mantiveram a recomendação de compra para VALE3.
“Embora os riscos para os preços do minério de ferro — atualmente em US$ 105/tonelada —permaneçam inclinados para baixo devido à sazonalidade mais fraca na China, observamos que vários indicadores melhoraram nas últimas semanas”.
Assim, mantém visão de que os preços da commodity tendem a se aproximar da marca de US$ 100. “Vemos o valuation atraente”.
Segundo a Empiricus, a prévia não trouxe grandes surpresas e não deve se traduzir em um gatilho para os papéis, especialmente diante do contexto desafiador de consumo de aço na China.
“Por outro lado, os números foram sólidos e ao negociar por 4x Ebitda e 8% de dividend yield, já vemos muito pessimismo embutido nos preços. Por isso, as ações da Vale seguem entre as recomendações”.
O BB Investimentos vê cenário mais construtivo para o setor de siderurgia na China, no entanto.
A casa espera crescimento do PIB da China acima do esperado, além da estratégia do governo do país de eliminação de capacidade obsoleta do setor.
“Há uma promessa de novos incentivos à economia, que renovaram o fôlego para o setor e sustentaram uma alta relevante nos preços de minério de ferro nas últimas semanas”.
Os analistas citam ainda a recém-anunciada construção de uma mega usina hidrelétrica no país, que pode demandar elevado volume de aço, o que também contribuiu para suportar as cotações da commodity em patamar mais elevado, com chances de continuar ao menos no curto prazo.
“Assim, apesar de ainda persistirem as incertezas sobre as tarifas de importação e seus efeitos no comércio global, elevamos a recomendação de VALE3 para compra (antes neutra), e mantemos nosso preço- alvo de R$ 65”.
Otimismo vai continuar?
Para a Genial, a despeito da recente onda de otimismo provocada pela construção da maior barragem hidrelétrica do mundo no planalto tibetano (região autônoma da China), é preciso ter uma visão crítica quanto à sustentabilidade dessa euforia.
Na visão da corretora, o impacto da nova barragem sobre a demanda por aço é uma gota em meio a um oceano de oferta: residual, diluído ao longo de uma década e incapaz de alterar significativamente os fundamentos do balanço global de minério de ferro.
“Ainda assim, permanecemos construtivos com a Vale sob a ótica de métricas de valuation”.
A recomendação é de compra, com preço-alvo de R$ 64,5, potencial de alta de 11,8%.