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Vale (VALE3) tem semana ruim com dados do 1T23; 7 analistas indicam o que fazer com a ação

21 abr 2023, 13:51 - atualizado em 21 abr 2023, 13:51
Vale não agradou com o seu relatório de produção e vendas do primeiro trimestre do ano (Imagem: REUTERS/Yusuf Ahmad)

A semana foi agitada para a Vale (VALE3), que viu suas ações caírem 5,26%, com o mercado repercutindo números aquém do esperado do relatório de produção e vendas do primeiro trimestre de 2023 e a forte correção nos preços do minério de ferro no exterior.

A companhia registrou uma produção de 66,7 milhões de toneladas de minério de ferro nos primeiros três meses do ano, queda de 17,4% em relação ao quarto trimestre de 2022 e alta de 5,8% em comparação com os números registrados no mesmo intervalo do ano passado.

Já era esperado que os volumes de produção sofressem um forte recuo sequencial, tendo em vista a sazonalidade (período mais chuvoso). Por outro lado, a Genial Investimentos pontua que houve impacto maior que o previsto nas vendas da mineradora devido às restrições nos embarques do porto Ponto da Madeira (PA), no Sistema Norte.

Vendas menores devem afetar negativamente as receitas da Vale, avalia a corretora. O que pode mitigar parcialmente o impacto é a alta nos preços realizados para os finos, que subiram 13,6% no comparativo trimestral.

“Nossa avaliação é de que o resultado das vendas […] foi fraco mesmo levando em consideração o efeito sazonal”, diz a Genial. Como consequência, os resultados que a Vale reportará na próxima semana trará “um lucro em queda livre”.

A expectativa da Genial é de lucro de US$ 2 bilhões no primeiro trimestre, o que representa um tombo de 46,2% trimestre a trimestre e 57,1% ano a ano. A projeção descarta efeitos não recorrentes que possam impulsionar positivamente o resultado da Vale depois da linha do Ebitda.

A dúvida sobre o minério de ferro: para onde vai a commodity?

Além das expectativas menos animadoras em relação aos resultados do início do ano da mineradora, a queda nos preços do minério de ferro teve um papel importante para o desempenho fraco das ações da Vale na semana.

Nesta sexta-feira (21), os contratos futuros da matéria-prima siderúrgica em Dalian e Cingapura caíram pela terceira sessão seguida, a mínimas em quase quatro meses.

Direção do minério de ferro daqui para frente é para baixo, diz Genial (Imagem: REUTERS/David Gray)

A sustentabilidade dos preços do minério de ferro é um assunto que vem dividindo opiniões desde o início do ano. O UBS BB já chegou a avaliar diversas vezes que o rali do minério de ferro nos últimos meses foi movido especialmente por especulação.

Enquanto isso, o Bank of America (BofA) sinalizou em relatório que os preços elevados do minério de ferro não são sustentáveis.

Considerando a performance da commodity nas últimas semanas, pode-se dizer que a correção nos preços já está em andamento. A Genial disse neste mês que a direção do minério de ferro daqui para frente é, provavelmente, para baixo. Isso porque a consolidação de alguns fatores na China deve frear a trajetória altista dos preços e inverter o sentido das curvas a partir da segunda metade de 2023.

Para o time de análise da corretora, a recuperação da China está “longe de se mostrar fortificada como a média do mercado inicialmente imaginava”.

O movimento de queda deve continuar, chegando a uma média de US$ 105/tonelada no segundo trimestre de 2023 e, a partir do segundo semestre do ano, abaixo da barreira dos US$ 100/tonelada, de acordo com projeções da instituição.

O que fazer com as ações da Vale?

Após a divulgação do relatório de produção e vendas, a Genial reiterou sua recomendação de “manter” para a Vale, com preço-alvo de R$ 89, uma vez que ainda considera a empresa uma ótima pagadora de dividendos.

A Empiricus Research segue com recomendação de compra. O analista Fernando Ferrer considera o valuation atrativo e o bom retorno de capital da empresa, seja via dividendos ou recompra de ações.

O BTG Pactual tem recomendação de compra também, com preço-alvo de R$ 120. Como as outras instituições, o banco cita a expectativa de bons retornos aos acionistas.

O Itaú BBA, apesar de ter reduzido as estimativas para o primeiro trimestre do ano após a divulgação do relatório, manteve a recomendação de “outperform” (desempenho esperado acima da média do mercado, equivalente a “compra”), com preço-alvo de US$ 18 para o ADR (American Depositary Receipt) da companhia. O Santander também tem rating de outperform, mas com um preço-alvo de US$ 19.

O BofA está mais cauteloso e é “neutro” com o ADR. O preço-alvo sugerido é de US$ 19.

Por fim, o Inter Research, pesando os desafios à frente tanto para o desempenho operacional da Vale quanto para o cenário de demanda na China, reforçou sua cautela. A recomendação é “neutra”, com preços-alvo ao fim de 2023 de R$ 94 para a ação negociada na B3 e US$ 18 para o ADR.

Editora-assistente
Formada em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como editora-assistente do Money Times há pouco mais de três anos cobrindo ações, finanças e investimentos. Antes do Money Times, era colaboradora na revista de Arquitetura, Urbanismo, Construção e Design de interiores Casa & Mercado.
diana.cheng@moneytimes.com.br
Formada em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como editora-assistente do Money Times há pouco mais de três anos cobrindo ações, finanças e investimentos. Antes do Money Times, era colaboradora na revista de Arquitetura, Urbanismo, Construção e Design de interiores Casa & Mercado.