Vale (VALE3) investirá R$ 67 bilhões na retomada de mina em Ouro Preto (MG)

A Vale (VALE3), uma das maiores produtoras de minério de ferro do mundo, anunciou nesta quinta-feira (4) investimentos de R$ 67 bilhões até 2030 na mineração em Minas Gerais, durante cerimônia que marcou a retomada da operação da mina Capanema, em Ouro Preto (MG).
Capanema, que estava paralisada havia 22 anos, recebeu investimentos de cerca de R$ 5,2 bilhões e deverá adicionar aproximadamente 15 milhões de toneladas por ano (Mtpa) à produção de minério de ferro da Vale, “contribuindo para o alcance do guidance de 340 a 360 Mtpa em 2026”.
A unidade em Ouro Preto vai operar sem o uso de água no processamento do mineral e sem gerar rejeito, eliminando a necessidade de barragens, estruturas cujo rompimento resultaram nas tragédias de Brumadinho e Mariana.
Do total de aportes previstos para Minas Gerais, que integram o plano “Visão Vale 2030”, a maior parte será destinada a iniciativas semelhantes ao projeto de Capanema, visando ampliar a filtragem e o empilhamento a seco do rejeito. A empresa tem o objetivo de reduzir de 30% para 20% o uso de barragens nas operações no estado.
“Capanema exemplifica a nova fase da mineração em Minas Gerais e reforça nosso compromisso com um processo produtivo mais responsável, minimamente invasivo e com tecnologia e inovação aplicadas para o melhor aproveitamento dos recursos minerais e para iniciativas de descarbonização”, disse o presidente da Vale, Gustavo Pimenta, em nota.
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Os investimentos estão inseridos também na estratégia da Vale de oferecer um portfólio de minério de ferro “mais flexível”, dentro de um processo produtivo mais seguro, com menor emissão de carbono e que tem como foco a ampliação da chamada “mineração circular”.
“Esses projetos oferecerão mais segurança na produção do portfólio de alta qualidade, que requer etapas de concentração do minério, especialmente o ‘pellet feed high grade’, essencial para as rotas de redução direta na produção de aço com menor emissão de gases de efeito estufa”, disse o vice-presidente executivo Comercial e de Desenvolvimento da Vale, Rogério Nogueira.
A Vale afirmou que investirá na modernização dos cinco complexos operacionais da empresa, que incluirá melhoria na gestão de estruturas geotécnicas das minas, conectividade e renovação de frota em Minas Gerais.
Os recursos abrangem, ainda, a eliminação de barragens e diques do Programa de Descaracterização de Estruturas a Montante. Desde 2019, cerca de 60% do programa foi executado. Das 13 estruturas remanescentes, oito estão em obras.
A empresa ressaltou em nota que vem intensificando práticas de mineração circular no Estado desde 2020, com o reprocessamento de minério de ferro de estruturas geotécnicas em descaracterização, como as pilhas de estéril da mina Serrinha e a barragem Vargem Grande da mina de mesmo nome.
O reaproveitamento permite a eliminação de riscos associados às estruturas e traz ganhos ambientais, como a redução de área para disposição do material, disse a empresa.
No primeiro semestre de 2025, a Vale informou que produziu cerca de 9 milhões de toneladas a partir desses programas, um aumento de 14% em relação ao mesmo período de 2024. A companhia considera que há potencial para alcançar 10% de sua produção total por meio dessas fontes até 2030, com Minas Gerais respondendo por cerca de 80% desse volume.