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Valter Outeiro: Por que os mercados sobem mesmo com a economia ruim?

31 maio 2020, 20:57 - atualizado em 01 jun 2020, 7:17
Mercados sobe
A grande questão é levantada: qual a explicação lógica para a consonância entre recuperação das bolsas e economia em queda livre? (Imagem: Unsplash/@fossy)

Diante das altas recentes do mercado no Brasil e nos EUA, muitos questionam os motivos por trás de tamanha valorização. Como exemplo, o Ibovespa e o S&P 500 subiram mais de 35% desde as mínimas de março.

Do outro lado da moeda, mais de 40 milhões de norte-americanos pediram seguro-desemprego desde o início da crise do coronavírus, assim como 12,8 milhões de brasileiros que estão sem ocupação no momento. Soma-se a isso expectativas de quedas de 5% do PIB nacional e do crescimento no mundo.

A grande questão é levantada: qual a explicação lógica para a consonância entre recuperação das bolsas e economia em queda livre?

FOMO e TINA

A sigla FOMO (Fear Of Missing Out) foi alugada do estrategista de marketing Dan Herman para os mercados e basicamente se refere ao receio das pessoas perderem possíveis altas das bolsas.

Um investidor que ficou com receio de entrar na bolsa ao redor dos 60 mil pontos vê a mesma caminhando em direção aos 70 mil pontos e, de repente, o índice já está em 80 mil pontos. Ou seja, o temor de perder valorizações futuras fazem com que investidores prefiram correr mais risco do que ficar de fora da festa.

Já o acrônimo TINA (There Is No Alternative) foi emprestada de Margaret Thatcher para indicar que não existe alternativa suficiente na renda fixa, seja nos EUA com o juro básico entre 0 e 0,25% ao ano, seja aqui no Brasil com a Selic próxima a 3% (podendo cair para 2,5% ou 2,25%) e inflação perto de 2% – anulando ganhos reais.

Desta forma, um investidor que ficou anos na renda fixa agora não encontra alternativa a não ser investir em títulos privados de empresas ou entrar de cabeça na bolsa. Não a toa, mais de 600 mil pessoas entraram na bolsa nos últimos dois meses.

Curto Prazo Longo Prazo Mercados
O temor de perder valorizações futuras fazem com que investidores prefiram correr mais risco do que ficar de fora da festa (Imagem: Pixabay/geralt)

Os mercados e as narrativas

Os mercados seguem narrativas por serem formados majoritariamente por expectativas, pela crença de antecipação de eventos futuros a negociações presentes.

No livro “Narrative Economics How Stories Go Viral and Drive Major Economic Events”, o Nobel em Economia Robert Shiller destrincha como as narrativas de mercado moldam o panorama.

Segue abaixo um trecho do prefácio:

“As narrativas econômicas demonstram como as histórias mudam ao longo do tempo para afetar os resultados econômicos, incluindo não somente efeitos em recessões e depressões, mas também outros fenômenos econômicos importantes. A ideia de que os preços das casas só podem subir se vincula às histórias de casas ricas com piscinas vistas na televisão. A ideia de que o ouro é o investimento mais seguro atribui-se a histórias de guerra e depressão”.

Desta forma, quando questionado em entrevista à Bloomberg nesta semana sobre alguns dos motivos pelos quais o mercado nos EUA permanecia em trajetória de alta, o economista-chefe do Deutsche Bank Torsten Slok apontou os sinais de recuperação da confiança do consumidor nos EUA. Ou seja, expectativa de melhora a frente trazida para o hoje.

Ações que podem subir mais de 40%. Método Exclusivo explica como, veja aqui.

Na mesma linha, também em entrevista à Bloomberg, o economista-chefe da divisão dos EUA da Mizuho Securities Steve Ricchiuto apontou ciclo de recuperação da economia americana entre o terceiro trimestre deste ano e o meio do segundo semestre de 2021. Novamente, trazendo o futuro para o presente.

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Por fim, uma citação de Tom Clancy, escritor norte-americano.

“A diferença entre a ficção e a realidade? A ficção deve fazer sentido”.

Graduado em Ciências Econômicas pela USP, tendo cursado mestrado em Ciências Humanas e em Economia na UFABC, Valter Outeiro acumulou anos de vivência no mercado financeiro através de passagens nas áreas de estratégia de investimentos dentro de private banks, em multinacionais produtoras de índices de ações e em redações de jornalismo econômico.
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Graduado em Ciências Econômicas pela USP, tendo cursado mestrado em Ciências Humanas e em Economia na UFABC, Valter Outeiro acumulou anos de vivência no mercado financeiro através de passagens nas áreas de estratégia de investimentos dentro de private banks, em multinacionais produtoras de índices de ações e em redações de jornalismo econômico.
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