Varejo: Com peso do macro e ventos contrários para o setor, quais serão os destaques do 3T25?
A partir desta semana, a temporada de balanços do terceiro trimestre de 2025 (3T25) conta com a divulgação de resultados de grandes nomes do varejo discricionário. O Safra espera que o setor entregue resultados mistos, em meio aos ventos contrários para o setor e um cenário macroeconômico sob o impacto da Selic em 15%.
Na avaliação do banco, o crescimento das vendas entre os nomes de consumo discricionário (não essencial) deve ser misto, com alguns tendo bom desempenho, enquanto outros devem ficar para trás.
“Os diferentes desempenhos devem ser parcialmente impulsionados pela dinâmica microeconômica específica de cada subsetor, mas também podem sinalizar os estágios iniciais de uma desaceleração mais ampla na demanda do consumidor, considerando o desafiador ambiente macroeconômico, caracterizado por taxas de juros elevadas”, diz o Safra.
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Na visão dos analistas Renan Sartório e Tales Granello, a lucratividade dependerá da capacidade de cada empresa de implementar iniciativas que melhorem a eficiência de custos e reduzam as despesas com vendas, gerais e administrativas (SG&A).
“Dito isso, as empresas que apresentam crescimento de vendas mais fraco também enfrentam pressão da alavancagem operacional, o que impacta ainda mais as margens”, ponderam os analistas.
Em linhas gerais, o Safra espera um melhor desempenho de Smart Fit (SMFT3), Guararapes (GUAR3) e Vivara (VIVA3). Já na ponta negativa, o banco menciona Natura (NATU3), Azzas 2154 (AZZA3) e Grupo SBF (SBFG3).
Na avaliação da XP Investimentos, as empresas de baixa e média renda devem sofrer com ventos contrários de clima, enquanto a maioria das empresas de alta renda deve apresentar tendências sólidas.
Em linhas gerais, a casa vê entre os destaques positivos a Vivara (VIVA3) e Track&Field (TFCO4), enquanto na ponta negativa os analistas também mencionam Natura, grupo SBF e Azzas 2154, adicionando Magazine Luiza (MGLU3) do lado das expectativas negativas.
Quais serão os destaques do varejo discricionário?
Para a Alpargatas, o Safra estima um resultado misto, com ganhos sólidos em rentabilidade, mas contração no volume.
“Esperamos que a empresa apresente um crescimento de receita de 8% em relação ao ano anterior, impulsionado principalmente pelo aumento do ticket médio, visto que os volumes domésticos provavelmente continuarão a contrair, após o fraco desempenho de vendas observado no 2T25”, dizem os analistas.
Já Smart Fit e Vivara devem manter as fortes tendências de crescimento, na visão do banco. Ambas companhias têm consistentemente alcançado crescimento de dois dígitos nos últimos trimestres, e os analistas esperam que essa tendência continue no terceiro trimestre.
Em relação à Guararapes, C&A e Lojas Renner, o Safra pontua que as vendas devem ser afetadas pelo clima mais frio.
“Espera-se que as três empresas do setor apresentem crescimento de vendas mais lento, impactadas por uma base de comparação difícil com o 3T24 e pelas temperaturas instáveis, já que os dias persistentemente mais frios prejudicaram as vendas da nova coleção de primavera”, dizem os analistas.
Sobre Natura, o banco vê um trimestre difícil na América Latina após a venda da Avon International.
“A venda da Avon International é um desenvolvimento positivo, pois elimina a queima de caixa persistente da divisão. No entanto, permanecemos cautelosos em relação à empresa devido aos desafios contínuos nos ativos restantes na América Latina”, diz o Safra.
A expectativa é de desaceleração nas vendas da marca Natura no segundo semestre de 2025, impulsionada pela menor demanda do consumidor em meio a dificuldades macroeconômicas.
No caso da Azzas 2154, o banco estima uma contração na receita bruta com leve expansão da margem, devido à base de comparação mais favorável.
Após a desaceleração da receita bruta no segundo trimestre deste ano, agora os analistas esperam uma contração nas vendas no terceiro trimestre.
Por fim, o Grupo SBF deve entregar no balanço um trimestre difícil devido à sazonalidade e aos impactos cambiais desfavoráveis.
“Esperamos que as vendas do Grupo SBF cresçam 9% em relação ao ano anterior, impulsionadas por um ponto de inflexão na divisão de atacado da Fisia, que começou a apresentar crescimento no 2T25, bem como pelos investimentos realizados para melhorar os níveis de serviço nas lojas Centauro”, diz o Safra.