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Venda de água mineral cresce 50% após crise no Rio de Janeiro

07 fev 2020, 15:50 - atualizado em 07 fev 2020, 15:50
Redes de supermercados buscam novos fornecedores e aumentam as entregas para a cidade, um mercado obviamente já aquecido no verão (Imagem: Pixabay)

Empresas tentam atender à crescente demanda do Rio de Janeiro por água engarrafada já que torneiras com água turva e sabor de terra agora também estão secas.

As vendas de água mineral aumentaram 50% entre dezembro e janeiro, segundo o sindicato do setor, e os planos logísticos tiveram que ser reformulados. Redes de supermercados buscam novos fornecedores e aumentam as entregas para a cidade, um mercado obviamente já aquecido no verão.

“Nossas máquinas estão funcionando a 100%”, disse a Minalba, uma das maiores engarrafadoras de água do país, em resposta a perguntas. “Aumentamos os turnos para ajudar o máximo possível e estamos dedicando mais caminhões e mais pessoas às entregas no Rio.”

Há mais de um mês, a água das torneiras em várias partes do Rio sai turva, às vezes marrom. Autoridades dizem que o problema que afeta cerca de 9 milhões de residentes e turistas é causado pela geosmina, um composto orgânico produzido naturalmente por algas.

Carvão ativado e argila foram adicionados à água em uma tentativa de neutralizar o odor e o sabor, sem eliminar completamente o problema.

As coisas pioraram nesta semana, quando também foi encontrado detergente na água fornecida à população. A Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae) fechou uma importante unidade de tratamento para solucionar o problema, causando falta de água temporária em dezenas de bairros e forçando algumas escolas a adiar o início das aulas.

A Cedae afirma que a água pode ser bebida sem riscos. A empresa “está monitorando e analisando a água distribuída diariamente em todo o sistema”, afirmou em resposta a perguntas.

A crise no Rio dá mais munição ao projeto do governo de privatizar concessionárias de água e esgoto. Cerca de 100 milhões de brasileiros atualmente não têm acesso à coleta de esgoto, um problema com efeitos cascata a longo prazo. Pesquisas associaram a epidemia do vírus Zika, em 2018, que terá impactos nos gastos com saúde por décadas, ao saneamento precário.

Demanda no carnaval

Engarrafadoras de água esperam que a demanda continue subindo com a chegada de turistas para o carnaval. A Minalba diz que as vendas já aumentaram 30% em relação ao mesmo período do ano passado.

Em todo o setor, as vendas de garrafas de 20 litros aumentaram 150% entre dezembro e janeiro, enquanto as de garrafas menores subiram 50% em média.

A Pouso Alto, uma engarrafadora de água de Minas Gerais que abastece mais de 10 estados no país, suspendeu temporariamente as vendas para vários locais e está redirecionando a produção para o Rio em meio ao que descreveu como demanda sem precedentes.

A empresa trabalhava com 35% de capacidade ociosa até dezembro. Depois de vender todo o estoque na primeira semana de janeiro, a empresa atingiu capacidade máxima e adicionou um turno extra. As entregas diárias de caminhões dobraram para 14, e a fábrica foi adaptada para concentrar a produção em garrafas de 1,5 litro, que têm maior demanda entre os clientes.

“Estamos operando com capacidade total, assim como todos nossos concorrentes”, disse Marcelo Felix, diretor de operações da empresa. “Nunca vi uma demanda tão forte.”

Não é a primeira vez que a Pouso Alto vê um aumento da demanda provocada pela crise. As vendas atingiram o pico há um ano, depois que o rompimento de uma barragem da Vale contaminou um dos principais rios que abastecem Belo Horizonte. A crise hídrica do Rio elevou o consumo de água engarrafada a um novo patamar, disse Felix.

“Costumávamos ligar para os clientes e perguntar o que eles queriam”, disse. “Agora, é o contrário. Eles nos perguntam o que temos.”

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