Venda de unidade brasileira derruba lucro do Julius Baer no primeiro semestre

Uma baixa contábil de 130 milhões de francos relacionada ao fechamento da unidade brasileira e aumento de provisões para perdas com empréstimos foram responsáveis pela queda de 35% do lucro do Julius Baer no primeiro semestre. O banco anunciou nesta terça-feira (22) que teve um lucro líquido de 295 milhões de francos suíços (US$ 370 milhões) nos seis primeiros do ano.
De acordo com comunicado do Julius Baer, progressos significativos em questões legadas foram atingidos e estão avançando com seu plano estratégico.
“Estamos agora em plena fase de execução de nossa agenda estratégica, focada em nosso segmento principal de gestão de fortunas, equilibrando crescimento sustentável e disciplina de custos com uma gestão de riscos fortalecida”, disse o CEO Stefan Bollinger, que também observou não ter havido nenhuma nova provisão para perdas com empréstimos no primeiro semestre.
“Assim que a revisão de crédito for concluída, estaremos em posição de decidir se são necessárias provisões adicionais para perdas com empréstimos”, afirmou.
Saída do Brasil
O comunicado do Julius Baer apontou um impacto líquido de 99 milhões de francos decorrente da conclusão da venda do negócio no Brasil, finalizado em março de 2025.
Logo nos primeiros dias de 2025, o BTG Pactual anunciou a aquisição de 100% do capital social da Julius Baer Brasil, que era uma das líderes no segmento de wealth management (gestão de fortunas), por R$ 615 milhões.
A Julius Baer Brasil detinha R$ 61 bilhões de ativos sob gestão, que se alinhou a estratégia de expansão do segmento de family office do BTG e que passou a gerir mais de R$ 100 bilhões com o acordo.
Na ocasião, o Julius Baer afirmou que continuaria atendendo clientes brasileiros com escritórios em outras localidades, como México, Chile, Uruguai, Colômbia e Espanha.
Balanço semestral
O fluxo líquido de novos recursos do Julius Baer mais do que dobrou em relação ao ano anterior, atingindo 7,9 bilhões de francos suíços, ajudando a compensar alguns dos desafios.
A margem bruta da empresa no primeiro semestre caiu para 77,9 pontos-base, abaixo do consenso de 79,6 pontos-base. A margem ajustada antes de impostos foi de 19,7 pontos-base, também abaixo da expectativa do mercado, de 20,8 pontos-base.
Os ativos totais sob gestão (AUM) totalizavam 483 bilhões de francos suíços no final de junho, abaixo dos 497 bilhões de francos suíços no final de 2024, à medida que efeitos cambiais e a venda da unidade brasileira superaram os sólidos influxos e o aumento dos mercados acionários. No entanto, o valor ficou acima da estimativa de consenso de 476 bilhões de francos suíços.
O Julius Baer também reportou um índice de capital CET1 de 15,6% e um índice de capital total de 22,3%.
O índice ajustado de custo sobre receita (cost-to-income) foi de 72,8% no primeiro semestre, acima da estimativa de consenso de 71%.
A empresa afirmou que continua no caminho certo para entregar 130 milhões de francos suíços em economias brutas de custo adicionais até o final de 2025.