Mercados

Via (VIIA3) tomba 11% na semana, mesmo com tesoura de Campos Neto; oportunidade?

03 ago 2023, 18:30 - atualizado em 04 ago 2023, 0:11
Via
Via desaba mais 8% na sessão desta quinta-feira (Imagem: Money Times/ Gustavo Kahil)

A Via (VIIA3) foi a grande vítima da sessão desta quinta-feira pós-Copom, derrapando 8,65%, a R$ 1,90, mesmo com o corte de 0,5 ponto da Selic realizado pelo Banco Central na última quarta-feira, o primeiro em três anos.

Apesar do Ibovespa também não ter reagido à tesourada de Roberto Campos Neto, que votou a favor do corte, os juros futuros caíram. A Via, assim como varejistas em geral, possuí forte ligação com a expectativa das taxas.

Os ajustes de baixa nesta quarta-feira foram vistos até o contrato para janeiro de 2026, com a curva precificando, inclusive, mais cortes de 0,50 ponto percentual

Segundo analistas que conversaram com o Money Times, para as duas principais varejistas da bolsa, Magazine Luiza (MGLU3) e Via, não é só a caneta de Campos Neto que espanta parte de investidores para as ações. Fatores como a concorrência cada vez mais agressiva do varejo também são pontos de atenção para os papéis.

“Apesar do setor varejista ser bastante beneficiado com a queda na taxa de juros, acreditamos que as ações do setor de e-commerce no Brasil ainda possuem diversos desafios no curto prazo que devem impedir uma maior valorização das companhias”, discorre Luan Lima, da VG.

Ele diz ainda que o segmento de bens duráveis é bastante difícil de operar, são produtos sem diferenciação e com o aumento recente da competição no setor, a lucratividade das empresas fica comprometida.

Nos três primeiros meses do ano, o Magazine Luiza reportou o seu pior prejuízo da história, a R$ 391,2 milhões.

“O nível de endividamento das famílias e o índice de inadimplência permanecem elevados. Acredito que os resultados dessas empresas devem melhorar apenas ao longo do ano de 2024”, completa.

Já Eduardo Rahal, da Levante, argumenta que a situação para os papéis das varejistas é bastante binária. Ele lembra que setor de consumo e varejo, por exemplo, sobe cerca de 13,50% no ano, mas com uma alta bastante desigual. Magazine Luiza disparou 18,50%, superando os pares, enquanto os papéis de Via caem quase 10%.

“Entendemos que para este setor, somente um início do ciclo de corte ainda há pouco representativo para sustentar uma retomada mais abrupta”, observa.

Isto porque, segundo ele, as companhias operam em um setor já de margens comprimidas, com novos entrantes concorrentes chegando, e” que ainda que tenhamos uma queda nos juros nos próximos meses, considerando o custo da dívida e a alavancagem, não acreditamos ser suficiente para impulsionar as ações”.

“Agora é claro, olhando um prazo maior, com um ciclo mais amplo de cortes e melhora do cenário local, é possível que isso se reverta”, completa.

Mercado Livre coloca pressão em Via e Magazine

Na noite de ontem, os resultados do Mercado Livre divulgados sobre o segundo trimestre de 2023 voltaram a reforçar a tese de que Magalu e Via terão com que se preocupar. “Comemorando o seu aniversário em grande estilo”, diz o Itaú BBA na introdução do seu comentário.

Depois de mais um balanço acima da expectativa do mercado, as ações da varejista listadas na Nasdaq disparam mais de 10% e são cotadas a US$ 1.309,7. No ano, a valorização do papel supera os 54%.

Depois da queda da AMER3, o Mercado Livre vem se preparando para ‘travar uma guerra’ pela linha branca contra as demais concorrentes. As varejistas brasileiras são dominantes históricas do segmento, que corresponde a maior fatia do GMV local.

Dentro de segmento 3P, a empresa reportou um aumento do take rate (a fatia das transações que fica retida para a plataforma) para 18,4%, o que acabou sendo “influenciado pelo aumento da penetração da iniciativa de anúncios e do repasse de preços para os vendedores”, diz Ferrer.

Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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