Vibra Energia (VBBR3) cai com possível retorno da Petrobras (PETR4) ao varejo de combustíveis

As ações da Vibra Energia (VBBR3) caem e operam entre as maiores quedas do Ibovespa nesta quinta-feira (17), após a Bloomberg noticiar que a Petrobras (PETR3;PETR4) está considerando retornar ao varejo de venda de combustíveis.
Os papéis da Vibra encerraram o pregão com recuo de 2,22%, a R$ 21,11. Na mínima do dia, VBBR3 registrou baixa de 3,33%.
Já as ações ordinárias da Petrobras (PETR3) caíram 0,70%, a R$ 34,15, e as preferencias PETR4 tiveram desempenho negativo de 1,01%, a R$ 31,47. Acompanhe o Tempo Real.
Ainda segundo o portal de notícias, o conselho de administração da Petrobras se reunirá nesta semana para discutir a alteração do plano estratégico da empresa para incluir a presença no setor varejista.
Não está claro se essa medida envolveria a tentativa de renacionalizar a Vibra ou a compra de uma participação na operação de lojas de conveniência e distribuidora de combustíveis para cozinha e outros produtos de petróleo.
Porém, a Petrobras não tem planos de voltar a vender combustível no varejo, de acordo com duas fontes familiarizadas com o assunto à Reuters.
Uma delas observou que a estatal possui uma cláusula de não concorrência com a Vibra, sua antiga subsidiária, até 2029. A fonte acrescentou que, mesmo que o assunto viesse à tona durante uma reunião do conselho, essa cláusula impediria qualquer ação.
A Vibra, antiga BR Distribuidora, é uma das maiores distribuidoras de combustível da América Latina, operando uma rede de postos com a marca Petrobras e vendendo combustível diretamente a empresas.
A empresa foi desmembrada da Petrobras e privatizada em 2019 sob o comando do ex-presidente Jair Bolsonaro, à medida que a estatal vendia ativos para se concentrar nas frentes de exploração e produção de petróleo.
A medida foi considerada um erro grave pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que frequentemente critica os varejistas de combustível por não baixarem os preços na bomba, mesmo quando a Petrobras, que controla a maior parte do refino de petróleo do Brasil, reduz seus preços para as distribuidoras.
A petroleira ainda não se pronunciou sobre o tema.
O que dizem os analistas?
Na avaliação da Ativa Investimentos, a possível reentrada da Petrobras no varejo de combustíveis é negativa do ponto de vista alocativo e estratégico.
“Embora a companhia disponha de caixa para uma eventual aquisição à vista, consideramos que seria uma alocação de capital ineficiente, dado o perfil estruturalmente mais apertado de margens no setor, a concorrência intensa e a provável redução da capacidade da companhia em distribuir dividendos extraordinários ao término deste ano”, comentaram os analistas.
Eles também afirmam que, caso a Petrobras opte por competir diretamente no varejo, isso poderia reduzir a racionalidade na dinâmica de preços do setor, gerando impactos negativos para todos os seus participantes.
Já do lado da Vibra, uma eventual aquisição, caso ocorra com pagamento de prêmio e dentro dos limites legais, poderia ser positiva em um primeiro momento para os acionistas minoritários.
“Contudo, consideramos improvável que a nova gestão, sob controle estatal, consiga conduzir a empresa à trajetória de geração de valor necessária no longo prazo. Dessa forma, entendemos que seria uma posição tática, passível de revisão após a eventual conclusão do movimento.”
Além disso, a medida pode ser “potencialmente destrutiva” de valor para as duas empresas no longo prazo, na visão dos analistas. “Ainda que a proposta possa gerar uma reação positiva de curto prazo nas ações da distribuidora, apoiada nos dispositivos de proteção acionária, temos dúvidas quanto à capacidade de execução futura sob uma nova gestão Petrobras”.
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*Com informações de Bloomberg e Reuters