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Victor Marques: unicórnios agora buscam comunidades

18 out 2021, 6:30 - atualizado em 15 out 2021, 14:17
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“A startup Mercury levantou US$ 22,6 milhões de 3 mil investidores”, disse o colunista (Imagem: Divulgação)

Em poucas semanas no WeFunder, uma plataforma de investimento em startups americana, a startup Mercury levantou US$ 22,6 milhões de 3 mil investidores.

O valor supera o limite imposto pela regulação americana para esse tipo de oferta de investimento, que hoje é de US$ 5 milhões – assim, a plataforma terá que devolver o valor que ultrapassa esse limite.

No entanto, o volume captado dá uma dimensão do tamanho do interesse que investidores estão tendo na modalidade.

Isso aconteceu após a mudança na regulação americana para plataformas de investimento em startups, realizada em março.

Dentre as mudanças, o valor máximo da captação passou de US$ 1 milhão para US$ 5 milhões, atraindo startups mais qualificadas e mudando a percepção geral sobre esse tipo de captação – muitas pessoas tinham a visão de que as captações públicas através das plataformas atraíam negócios muito iniciais e pouco qualificados.

A captação da Mercury através do Wefunder, porém, mostra que essa é uma concepção ultrapassada: a startup fez uma rodada de série B de US$ 120 milhões, com grandes investidores institucionais, como Anderseen Horowitz, e separou US$ 5 milhões desse montante para oferecer em ações aos investidores menores, especialmente seus clientes, através da plataforma.

O investimento mínimo? 100 dólares. 

Uma oportunidade de oferecer aos clientes da Mercury, um banco digital, a oportunidade de ser sócio da startup. O objetivo é garantir que os usuários que apoiam a startup desde o princípio tenham a chance de participar desse crescimento.

Brasil deve espelhar movimentos

No Brasil, as plataformas de investimento em startups, como a CapTable, também oferecem a oportunidade de fazer parte do crescimento de startups inovadoras. Por aqui, a onda também deve se refletir em evoluções na regulamentação desse mercado: assim como a SEC, nos EUA, aqui no Brasil é esperado que a CVM passe a permitir ofertas maiores e de startups com faturamento superior ao permitido atualmente.

Também já temos movimentos semelhantes: o Alter, por exemplo, é uma fintech, que uniu uma carteira de criptomoedas com um banco digital, que realizou captação através da CapTable e permitiu que seus clientes se tornassem seus sócios.

Após menos de um ano – tempo considerado rápido, considerando a média de tempo de retorno para investimentos em startups – o Alter foi adquirido pelo Méliuz, dando lucro de mais de 73% aos clientes que decidiram se tornar investidores. 

Valor da Comunidade

O valor da comunidade é um diferencial desse modelo de captação, segundo Chai Mishra, fundador e CEO da Move, startup americana de e-commerce, cada dólar captado através de plataformas de investimento equivale a US$ 3 ou US$ 4 captados de um fundo de investimento – a comunidade criada pelas centenas de investidores traz valor além do monetário, impulsionando o crescimento desses negócios.

Plataformas como a CapTable são, além de uma maneira de captar recursos, um verdadeiro impulso de marketing, levando a aquisição de novos clientes – resultado da exposição da startup na mídia e através do networking dos investidores. Aqueles que investem em startups através da plataforma garantem maiores chances de sucesso, já que a própria modalidade resolve uma das maiores dificuldades das startups: a necessidade de crescer sua base de clientes rapidamente.

Com o crescimento da modalidade, as startups que buscam investimento devem se tornar cada vez mais qualificadas, buscando uma maneira de oferecer um pedaço do bolo para pessoas comuns, ao mesmo tempo que buscam vantagens compostas: captar recursos e garantir mais clientes, em uma só operação.

Victor Marques é Head de Conteúdo na CapTable, maior hub de investimentos em startups do Brasil, que democratiza o acesso aos investimentos em startups e conecta seus mais de 5000 investidores a empreendedores com negócios inovadores – tendo captado mais de R$ 29 milhões para 21 startups somente em 2021. Também, é redator parceiro da StartSe. Formado em Letras e Mestre em Linguística pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).

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