Vilão da inflação de setembro deve dar trégua em outubro; veja o que esperar do IPCA-15
A inflação brasileira deve arrefecer a alta em outubro. A expectativa, segundo a mediana das projeções coletadas pelo Broadcast, é de que a prévia do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15) suba 0,24% no mês e acumule alta de 5% em 12 meses — em setembro, esses números foram de 0,48% e 5,32%, respectivamente.
O índice será divulgado nesta sexta-feira (24), às 9h (horário de Brasília), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O principal vetor de alívio na leitura do décimo mês do ano deve ser o grupo de habitação. A alteração da bandeira tarifária de vermelha 2 para vermelha 1 e o fim do efeito do bônus de Itaipu devem gerar deflação nas contas de energia elétrica.
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Já entre os grupos de atenção, destacam-se cinemas e recreação, que podem devolver os descontos da semana do cinema. Além disso, em transportes, as passagens aéreas devem voltar para o terreno positivo.
A Warren Investimentos — que tem uma projeção mais otimista, de alta de 0,18% do IPCA em outubro — afirma que a alimentação no domicílio deve interromper a sequência de oito leituras consecutivas de deflação. O arroz e o feijão devem ser os destaques de queda, ao lado de tubérculos e hortaliças in natura, enquanto as carnes devem avançar.
A casa projeta ainda nova deflação em eletroeletrônicos e higiene pessoal, embora em ritmo menor. “Entendemos que essa movimentação pode ser explicada por alguns fatores: apreciação do câmbio, competitividade de produto chinês no mercado e início de descontos da Black Friday“, afirma a equipe.
Nos serviços subjacentes, os especialistas esperam uma aceleração dos preços, com destaque para alimentação fora do domicílio, despesas pessoais e seguro de automóveis.
“Nossas projeções indicam um IPCA-15 de outubro moderado, com núcleos em +0,26% e comportamento benigno de forma geral. Persistem, contudo, riscos altistas associados a componentes voláteis, especialmente alimentação e passagens aéreas.”
Já na análise do PicPay — que projeta alta superior ao consenso, de 0,28% —, a leitura será menos favorável na margem do ponto de vista qualitativo. Contudo, a instituição ainda diz que o balanço de riscos é mais positivo, especialmente em função do câmbio.
O banco diz que monitora a possibilidade de novas reduções nos preços dos combustíveis, o que coloca um viés de baixa à projeção de 4,6% para a inflação em 2025. Vale destacar que, no IPCA-15 de novembro, deve aparecer o efeito do reajuste anunciado pela Petrobras (PETR4) esta semana.
“A pressão qualitativa persistente reforça a necessidade de manter a Selic em 15%, pelo menos até 2026”, diz o economista Igor Cadilhac.