Voando alto, BTG (BPAC11) surpreende analistas com lucro recorde; o que fazer com papel?
Quando o BTG Pactual (BPAC11) divulgou os resultados do segundo trimestre de 2025 — com lucro recorde de R$ 4,2 bilhões e ROE (retorno sobre o patrimônio líquido) de 27% —, analistas olharam os números com certo ceticismo.
No terceiro trimestre, porém, o BTG não só repetiu como superou a marca, registrando lucro de R$ 4,5 bilhões e ROE de 28%. Agora, algumas casas já colocam o banco em novo patamar de rentabilidade.
Na bolsa, o papel, que dispara 94% no ano, renovava máxima, com alta de 3%, a R$ 52,79.
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Os analistas do Safra, por exemplo, afirmam que o fato de o banco ter conseguido expandir o ROE mesmo em um cenário desafiador é impressionante.
“Mesmo que a forte receita tenha se beneficiado do sólido desempenho do banco de investimento e da área de vendas e negociação — o que pode não ser facilmente replicado no atual ambiente de mercado —, ainda observamos um resultado 5% acima do esperado, excluindo essas linhas”, diz o Safra.
Para o banco, o que se desenha é uma instituição capaz de navegar por diferentes cenários, com um ecossistema diversificado. Prova disso é que o BTG teve recorde em várias linhas de receita.
“O mercado pode estar subestimando o potencial do ROE caso o cenário melhore. Este trimestre não só deve gerar outra revisão de lucros — que pode chegar a cerca de 10%, considerando o consenso atual de R$ 17,6 bilhões —, como também eleva as expectativas para o banco”, afirmam os analistas.
Na visão de analistas do Citi, mesmo diante de uma base de comparação elevada no início do ano, a sinalização de uma possível expansão do ROE em 2025 parece bastante factível.
“Com dois trimestres consecutivos registrando rentabilidade acima de 27%, os resultados do BTG elevam o patamar e demonstram que o perfil de lucratividade do banco continua a melhorar de maneira consistente e diversificada”, afirmou a equipe liderada por Gustavo Schroden em relatório a clientes.
É um pássaro? É um avião?
Comparando o BTG à icônica frase do Super-Homem, o JPMorgan classificou o trimestre do banco como excepcional.
Os analistas dizem que o resultado acima do esperado foi impulsionado pelas receitas (+12% em relação ao JPMe e crescimento de 37% em relação ao ano anterior), com todas as linhas de negócios superando as estimativas.
Além de ter engordado as receitas mais voláteis — como nas áreas de banco de investimento e vendas e negociação —, as linhas com receitas mais estáveis também se mantiveram sólidas, com destaque para:
- empréstimos corporativos, com alta de 26%, acima do crescimento da carteira expandida de 18%;
- gestão de ativos, com alta de 23%;
- gestão de patrimônio, com elevação de 36%.
“No geral, trata-se de mais um trimestre forte, que deve impulsionar revisões consensuais do LPA (lucro por ação) e demonstra, mais uma vez, a solidez e a capacidade de execução do BTG”, aponta o JPMorgan.
O Citi vai na mesma linha ao dizer que o banco tem conseguido não apenas diversificar suas fontes de receita ao longo do tempo, mas também manter um ritmo consistente de crescimento, com alavancagem operacional e, de forma importante, alocando capital em novas oportunidades.
O que fazer com o BTG?
A questão agora é o preço de tela. No ano, o BTG renova máximas históricas, com alta de 88%, cotado a R$ 51,21.
“O BTG apresentou crescimento de 34% no LPA e agora negocia a 2,9x o P/VP (preço sobre o valor patrimonial) estimado para 2025 e 10,6x o P/L estimado para 2026”, calcula o JPMorgan.
Para o banco, embora o crescimento e a execução justifiquem os prêmios de avaliação, “encontramos potencial de valorização limitado e, portanto, mantemos nossa recomendação neutra”.
O preço-alvo é de R$ 47.
Já o Safra reiterou a recomendação de compra, com preço-alvo de R$ 51.