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Você compraria uma ação que vai subir 43%? Se for a Cogna, a resposta é não

17 fev 2021, 10:19 - atualizado em 17 fev 2021, 10:26
Campus da Anhanguera em Campinas, controlada pela Cogna
Lição de casa: Cogna, dona da Anhanguera, enfrenta desafios em 2021 (Imagem: Divulgação/Anhanguera)

Analistas e investidores passam a vida atrás das ações com maior potencial de alta e, quando as encontram, não pensam duas vezes em comprá-las. Um papel que pode disparar 43% é uma tentação e tanto, num ano em que o Ibovespa anda errático. É isso que a Cogna (COGN3) pode subir em 2021, segundo a Ágora Investimentos. Mas não se impressione – e, sobretudo, não compre.

Fred Mendes e Flávia Meireles, que assinam o relatório da Ágora, reforçaram sua recomendação neutra para a ação da Cogna, apesar do preço-alvo de R$ 6 para este ano. No geral, a dupla avalia que o grupo de ensino enfrentará muitos problemas difíceis nos próximos meses, e sublinham que é preciso saber se a empresa estará à altura de resolvê-los.

“Os resultados de curto prazo devem permanecer sob muita pressão, com queda na base de alunos no presencial e alta provisão para devedores duvidosos”, afirmam os analistas.

Segundo eles, a Cogna paga o preço dos movimentos agressivos dos últimos anos, que procuravam reduzir o impacto do forte retrocesso do Fies, o programa federal de crédito estudantil, a partir de 2015.

Como outras empresas do setor, a Cogna criou seu próprio programa de financiamento universitário. Embora seja uma estratégia racional, o programa também gerou seus próprios problemas, como o aumento de recebíveis no balanço e a maior inadimplência.

“Além disso, o programa não foi suficiente para evitar que sua base de alunos no segmento presencial diminuísse, o que, quando combinado com a abertura de novos campi, fez com que a taxa de ocupação média da empresa despencasse”, acrescenta a Ágora.

Efeitos colaterais

As medidas adotadas para superar essas questões seguiu a cartilha básica de gestão. A companhia encerrou o programa de crédito, cortou despesas e apostou no ensino a distância (EAD), com foco em cursos mais rentáveis.

Mendes e Meireles reconhecem que as mudanças estão corretas, mas advertem que não melhorarão a situação no curto prazo e, pior, podem ter efeitos colaterais preocupantes.

“Para o segmento presencial, apesar de ser aparentemente positivo para a lucratividade, os movimentos de Cogna para encerrar o PEP, ter mais cursos EAD e unificar os campi ou transferi-los para parceiros podem impactar os números de matrículas, especialmente a curto prazo”, afirmam os analistas.

Mesmo o crescimento dos cursos de EAD não será um pote de ouro no fim do arco-íris, pelo simples motivo de que os concorrentes da Cogna também têm “planos agressivos de expansão e preços”.

Por último, mesmo uma análise de múltiplos mostra que a ação da Cogna está cara. A Ágora projeta prejuízo líquido para a empresa neste ano. Mesmo em 2022, o papel não será atraente, com seu P/L estimado de 62 vezes. Para se ter uma ideia, o P/L 2022 da Yduqs (YDUQ3) é de 10,5 vezes.

 

Diretor de Redação do Money Times
Ingressou no Money Times em 2019, tendo atuado como repórter e editor. Formado em Jornalismo pela ECA/USP em 2000, é mestre em Ciência Política pela FLCH/USP e possui MBA em Derivativos e Informações Econômicas pela FIA/BM&F Bovespa. Iniciou na grande imprensa em 2000, como repórter no InvestNews da Gazeta Mercantil. Desde então, escreveu sobre economia, política, negócios e finanças para a Agência Estado, Exame.com, IstoÉ Dinheiro e O Financista, entre outros.
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