Perspectiva 2024

Volta, ano velho? 3 guerras transformarão 2024 no “Ano Voldemort”, diz Eurasia

09 jan 2024, 18:46 - atualizado em 09 jan 2024, 18:47
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Confusão: eleição nos Estados Unidos, que devem opor novamente Joe Biden e Donald Trump, será um dos marcos deste ano “horripilante”, segundo a Eurasia Group (Imagem: REUTERS/ Mike Segar)

2024 mal começou, mas já há quem conte os dias para a virada de 2025, 2026 ou até mais. É o caso da Eurasia Group, uma das mais respeitadas consultorias políticas do mundo. Dizer que ela está pessimista com este ano é eufemismo. “Politicamente, este é o Voldemort dos anos”, afirma sem rodeios a Eurasia, em relatório enviado a clientes.

Sim, a consultoria compara o ano que está começando com o grande vilão da saga de Harry Potter – e, como ele, 2024 fará de tudo para liquidar qualquer esperança e nos mergulhar num mundo de trevas.

Exagero? Basta ver como a Eurasia continua a se referir ao novo ano: “o annus horribilis” e “o ano que não deve ser nomeado” – outra referência a Voldemort, cujo nome nunca era dito por outros bruxos, que preferiam tratá-lo como “você-sabe-quem” ou “aquele-cujo-nome-não-deve-ser-dito”.

Soa como as superstições populares que evitam dizer o nome do Diabo para não evocá-lo? Pois é. E a Eurásia também enxerga o inferno neste ano. Segundo a consultoria, as trevas virão na forma de três guerras que aterrorizarão o mundo nos próximos meses.

Trata-se do acirramento da guerra entre Rússia e Ucrânia, que entrará em seu terceiro ano; da guerra entre Israel e Hamas, que envolve cada vez mais atores internacionais, como os Estados Unidos e o Irã; e a “guerra civil” entre democratas e republicanos nas eleições presidenciais dos Estados Unidos. Veja por que a Eurasia está tão pessimista com 2024:

Guerra entre Rússia e Ucrânia vai piorar neste ano, diz Eurasia

De um lado, o presidente russo, Vladimir Putin, pretende vencer mais uma eleição presidencial em março e, para tanto, deve usar a invasão da Ucrânia como peça de propaganda política. De outro, as potências ocidentais, lideradas pelos Estados Unidos, estão cada vez menos engajadas em apoiar os ucranianos, já que outros assuntos começam a mobilizar sua atenção.

Espremidos entre a falta de apoio ocidental e as investidas russas, os ucranianos devem partir para o tudo ou nada, intensificando seus ataques. “É mais do que provável que o conflito escale, e a Ucrânia está no caminho de ser partida em pedaços”, afirma a Eurasia.

Guerra entre Israel e Hamas também vai piorar

A consultoria não enxerga outro cenário para o conflito, além de uma escalada. “Qualquer que seja o resultado militar, um dramático aumento da radicalização é garantido”, afirmam Ian Bremmer e Cliff Kupchan, que assinam o relatório e são, respectivamente, o presidente executivo e o presidente do conselho da Eurasia.

Personalidade do ano: Voldemort, o vilão de Harry Potter, será a cara de 2024, segundo Eurásia
Personalidade do Ano: Voldemort, o vilão de Harry Potter, será a cara de 2024, segundo a Eurasia Group (Imagem Divulgação)

Essa radicalização será impulsionada, de um lado, pelo crescente sentimento dos judeus israelenses de que estão isolados globalmente, e, “até mesmo odiados” após os ataques terroristas do Hamas, já considerados como a pior agressão contra esse povo desde o Holocausto.

De outro, os palestinos encaram o revide israelense como um genocídio, “sem chance de paz ou fuga”, segundo a Eurasia. Tudo isso, apimentado pelas fissuras políticas internas em Israel e na Palestina, além do crescente envolvimento de países do Oriente Médio e, em maior escala, do mundo muçulmano, que conta com 1 bilhão de pessoas, o que só instiga a maior participação dos Estados Unidos e da Europa no conflito.

Estados Unidos entrarão em guerra contra os Estados Unidos no “Ano Voldemort”

O último grande embate que sacudirá 2024 será a eleição presidencial nos Estados Unidos. Bremmer e Kupchan pegam leve para descrevê-la como uma verdadeira maldição de Voldemort. “Uma eleição americana, disfuncional num nível sem precedentes, será, de longe, o que trará mais consequências para a segurança, a estabilidade e a economia do mundo”, diz o relatório.

Segundo a Eurasia, o destino do planeta será decidido “por umas dezenas de milhares de votos num punhado de Estados-pêndulo” – aqueles em que democratas e republicanos alternam-se como vitoriosos.

Mas, se você já achava que a contestação da vitória de Joe Biden por Donald Trump, que culminou na invasão do Capitólio por apoiadores do republicano em janeiro de 2021, foi o ápice da barbárie americana, a Eurásia tem uma má notícia: a contestação nos tribunais será muito mais agressiva neste ano.

“O lado perdedor – sejam os democratas ou os republicanos – considerará o resultado ilegítimo e não o aceitará”, afirma a dupla. Bremmer e Kupchan acrescentam que “a eleição presidencial americana vai piorar a divisão política do país, testando a democracia americana em um grau que a nação não experimentou em 150 anos, e minando sua credibilidade no cenário global.”

Nem sequer os protagonistas dessa nova “guerra civil” mudarão: até onde se enxerga, Biden e Trump voltarão ao ringue, isto é, às urnas para a batalha final. “Os Estados Unidos já são a democracia industrial desenvolvida mais disfuncional do mundo. A eleição de 2024 vai exacerbar este problema, não importa quem vença”, diz a Eurasia.

 

 

 

 

 

Diretor de Redação do Money Times
Ingressou no Money Times em 2019, tendo atuado como repórter e editor. Formado em Jornalismo pela ECA/USP em 2000, é mestre em Ciência Política pela FLCH/USP e possui MBA em Derivativos e Informações Econômicas pela FIA/BM&F Bovespa. Iniciou na grande imprensa em 2000, como repórter no InvestNews da Gazeta Mercantil. Desde então, escreveu sobre economia, política, negócios e finanças para a Agência Estado, Exame.com, IstoÉ Dinheiro e O Financista, entre outros.
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Ingressou no Money Times em 2019, tendo atuado como repórter e editor. Formado em Jornalismo pela ECA/USP em 2000, é mestre em Ciência Política pela FLCH/USP e possui MBA em Derivativos e Informações Econômicas pela FIA/BM&F Bovespa. Iniciou na grande imprensa em 2000, como repórter no InvestNews da Gazeta Mercantil. Desde então, escreveu sobre economia, política, negócios e finanças para a Agência Estado, Exame.com, IstoÉ Dinheiro e O Financista, entre outros.
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