Wall Street interrompe sequência de quedas com balanço da Nvidia (NVDA) no radar
Wall Street dividiu as atenções entre as expectativas para o balanço de Nvidia (NVDA) e a reação à ata da última decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed).
Em destaque, o índice Nasdaq, que reúne as principais empresas de tecnologia, avançou na esteira do desempenho das ações da gigante de semicondutores.
Confira o fechamento dos índices:
- Dow Jones: +0,10%, aos 46.138,77 pontos;
- S&P 500: +0,38%, aos 6.642,16 pontos;
- Nasdaq: +0,59%, aos 22.564,22 pontos.
O que movimentou Wall Street?
Os investidores operaram em compasso de espera pelos números de Nvidia (NVDA). Para os analistas, os resultados da gigante de semicondutores devem dar pistas sobre uma eventual “bolha de inteligência artificial” (IA).
As expectativas de receita vão de cerca de US$ 54 a 55 bilhões, com a perspectiva de um lucro por ação (LPA ou EPS, na sigla em inglês) ajustado de US$ 1,25 por ação, com um lucro líquido projetado de US$ 29,54 bilhões.
O segmento de data center, principal impulsionador da receita, deve apresentar crescimento robusto para aproximadamente US$ 49 bilhões, refletindo a forte demanda por GPUs para IA e computação em nuvem (cloud).
O balanço será divulgado hoje (19) após o fechamento dos mercados. Na expectativa, as ações subiram mais de 2% hoje.
- LEIA MAIS EM: Chegou o grande dia! Saiba o que esperar do balanço da Nvidia (NVDA) — e os sinais do futuro da IA
Juros nos EUA
Em meio as incertezas sobre o setor de tecnologia, os investidores dividiram as atenções com a política monetária.
As apostas de interrupção do ciclo de afrouxamento monetário foram também “alimentadas” pela ata da última decisão do Fed. No documento, a autoridade monetária afirmou que, apesar de reduzir os juros em 0,25 ponto percentual, os membros do Comitê Federal do Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) seguem divididos quanto ao rumo das taxas.
Segundo a ata, muitos participantes defenderam a necessidade de um corte dos juros, argumentando que os riscos negativos para o mercado de trabalho se intensificaram nos últimos meses.
Outro conjunto de autoridades, porém, se mostrou contrário à redução. Esses participantes avaliaram que o progresso em direção à meta de 2% ficou estagnado ao longo do ano e que a alta recente das leituras de inflação exige prudência.
A divergência se estendeu à avaliação sobre quão restritiva está hoje a política monetária. Enquanto alguns integrantes consideraram que, mesmo após o corte, os juros continuariam em território restritivo, outros argumentaram que a resiliência da atividade econômica e as condições financeiras mais favoráveis mostram que a taxa não é tão contracionista.
Para André Valério, economista sênior do Inter, a ata da reunião “reforçou uma percepção que tem se tornado cada vez mais pública: há uma clara divisão entre os membros do Comitê. Eles observam um mercado de trabalho que enfraquece gradualmente, enquanto a inflação permanece acima da meta e com perspectivas de novos repasses tarifários nos próximos meses”.
“Chama atenção, particularmente, a escolha da linguagem utilizada. Em determinado trecho, a ata afirma que alguns membros veem a possibilidade de uma nova redução em dezembro, caso a economia evolua como esperado. Em outro momento, indica que muitos consideram apropriado manter a taxa inalterada pelo restante do ano”, acrescentou o economista.
Na visão de Valério, tudo indica que a decisão de dezembro será bastante dividida, com elevada dissidência.
Para Paula Zogbi, estrategista-chefe da Nomad, a ata “diminuiu ainda mais” a aposta em corte dos Fed Funds em dezembro. “Após a ata, as apostas para corte na próxima reunião, que chegaram a ficar próximas a 100% no mês passado, haviam caído para perto de 33%, contra 66% de manutenção. Vale lembrar, porém, que a reunião ocorreu em outubro, e muito mudou no cenário macro desde então, incluindo o término do shutdown e a expectativa de acesso a novos dados essenciais para a tomada de decisão.”
Perto do fechamento, a ferramenta FedWatch, do CME Group, indicava 66,4% de chance de o BC manter os juros na faixa de 3,75% a 4,00% ao ano, ante 49,9% da véspera (18). Já a probabilidade de corte de 0,25 ponto percentual caiu de 50,1% ontem para 33,6% hoje.
Dados atrasados pelo ‘shutdown’
Os dados atrasados pelo ‘shutdown’ também devem nortear a política monetária daqui para frente.
Hoje, o Departamento de Estatística do Trabalho dos EUA (BLS, na sigla em inglês) anunciou que não divulgará o payroll de outubro e o relatório referente ao mês de novembro foi adiado para 16 de dezembro. O payroll de setembro segue previsto para amanhã (20).
A divulgação do BLS também ‘azedou’ o humor dos investidores, com a percepção de que o Federal Reserve (Fed, Banco Central dos EUA) não terá dados suficientes para a próxima decisão de política monetária, prevista para o dia 10 de dezembro, e, por isso, o BC norte-americano deve manter os juros inalterados.