Wall Street cai 1% na abertura com rebaixamento da Moody’s e plano orçamentário de Trump

Wall Street iniciaram a semana em tom negativo com a deterioração do cenário fiscal norte-americano, em meio a análise do Orçamento — que tende a elevar a dívida pública para aproximadamente US$ 37 trilhões, o que equivale a quase 8% do Produto Interno Bruto (PIB) do país — e o rebaixamento da nota de crédito pela agência Moody’s.
Confira operam os índices de Nova York após a abertura:
- S&P 500: -0,97%, aos 5.900,46 pontos;
- Dow Jones: -0,64%, aos 42.379,93 pontos;
- Nasdaq: -1,26%, aos 18.969,75 pontos.
Em destaque, o índice Dow Jones perdeu mais de 300 pontos nos primeiros minutos de negociações.
A decisão da Moody’s também pressiona a curva de juros dos EUA e os rendimentos dos títulos do Tesouro norte-americano, os Treasurys, operam em forte alta.
Os juros projetados para a dívida de 30 anos ultrapassaram os 5% nesta manhã — sinalizando que os investidores estão mais cautelosos de olho na dívida dos EUA e os desdobramentos da guerra comercial, iniciada em abril.
O VIX (CBOE Volatility Index), indicador que mede a aversão ao risco de Wall Street, também conhecido como o “termômetro do medo”, subiu mais de 11% logo após a abertura, mas segue abaixo 20 pontos.
O que movimenta com Wall Street hoje?
Nos Estados Unidos, os investidores reagem ao rebaixamento da nota de crédito soberano pela Moody’s, de “AAA” para “AA1”. Na decisão, a agência de risco citou os desafios de financiamento vinculados ao crescente déficit orçamentário do governo federal e as implicações da rolagem da dívida norte-americana existente em um período de altos custos de empréstimos.
A Moody’s foi a última das três grandes avaliadoras de risco a manter o triplo A dos EUA. A S&P fez seu corte em 2011, durante o governo de Barack Obama, e a Fitch rebaixou em 2023, durante o governo de Joe Biden.
Na avaliação de Matheus Spiess, analista da Empiricus, a decisão da agência não foi propriamente uma surpresa — “como muitos gostam de lembrar, agências de rating costumam agir como retrovisor da história, não como farol”.
“Ainda assim, o rebaixamento reforça e legitima uma percepção que já estava se cristalizando entre os investidores: a dívida pública americana entrou numa trajetória preocupante — e aparentemente sem freios”, afirmou.
Na mesma linha, o BB Investimentos considera que, além de histórico, o corte da nota de crédito acende um alerta sobre a situação fiscal americana em um momento de acentuada volatilidade trazida pelos desdobramentos tarifários.
No último domingo (18), o Comitê de Orçamento da Câmara aprovou o pacote orçamentário de Donald Trump, chamada por ele de “Beautiful Bill“. A expectativa é de que a proposta seja votada no plenário ainda nesta semana.
“Para colocar em perspectiva, o déficit orçamentário federal já se aproxima dos US$ 2 trilhões por ano, o que equivale a mais de 6% do PIB. E o novo plano orçamentário do governo Trump, que mal saiu da Comissão da Câmara na segunda tentativa, parece disposto a dobrar a aposta: a proposta prevê cortes de impostos combinados com um aumento do teto da dívida em nada menos que US$ 4 trilhões“, avaliou Spiess, da Empiricus.
A análise do mercado é de que o “Beautiful Biil” pode aumentar o déficit para 7,8% do PIB do país. “Nesse ritmo, não é exagero dizer que o rebaixamento da Moody’s pode ter sido apenas o primeiro degrau dessa escada”, acrescentou Spiess.