Mercados

Wall Street no vermelho: Índices de Nova York tombam mais de 2% com novo ‘efeito Trump’

03 abr 2025, 10:40 - atualizado em 03 abr 2025, 11:37
Trump Wall Street ibovespa morning
Wall Street opera em forte queda com as tarifas de Trump, que vieram 'piores que o esperado' pelo mercado; Nasdaq cai 5% (Imagem: REUTERS/Lucas Jackson/File Photo)

O anúncio das tarifas de importação pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aumentou a aversão ao risco dos investidores e Wall Street opera em forte queda nesta quinta-feira (3). Em destaque, o índice S&P 500 caminha para a pior queda em dois anos.

Confira a abertura dos índices de Nova York: 

  • Dow Jones: -2,75%, aos 41.062,39 pontos;
  • S&P 500: -3,33%, aos 5.481,96 pontos;
  • Nasdaq: -4,42%, aos 16.822,36 pontos.

Ontem (2), os mercados norte-americanos encerraram a sessão em leve alta, ainda na expectativa pelo plano tarifário. Minutos após o fechamento do pregão, Trump anunciou que o país adotará uma tarifa universal de 10% sobre todas as importações, com tarifas recíprocas adicionais a alguns países — que podem chegar a 49%.

Em reação, o índice Dow Jones perdeu mais de 1.000 pontos no after markets; S&P 500 caiu cerca de 2% e Nasdaq registrou um tombo de quase 5%.

O que derruba Wall Street hoje?

As bolsas de Nova York iniciaram a sessão com queda de mais de 2% em reação ao “tarifaço” de Trump — o que elevou os riscos de uma guerra comercial global, em meio a desaceleração da economia dos EUA, na visão dos analistas.

No plano tarifário, Trump estabeleceu uma alíquota-base de 10% para todos os países que são parceiros comerciais, que entra em vigor em 5 de abril. Já as tarifas recíprocas serão aplicadas a partir de 9 de abril. Hoje (3), as taxas de 25% sobre a importação de automóveis já entraram em vigor.

Para o estrategista sênior de mercados da Brown Brothers Harriman, Elias Haddad, disse que “essa foi a primeira bala lançada nessa guerra comercial e ela pode se tornar desagradável, o que está assustando os investidores”, à Reuters.

“Continuaremos negociando em um tom pesado devido ao aumento do risco de recessão ou ‘estagflação’. […] Poderemos ver a correção chegar ao fim quando tivermos provas concretas de que não estamos entrando em recessão.”

Na avaliação do BTG Pactual, as tarifas devem elevar o núcleo (preços sem alimentos e combustíveis) do Índice de Preços de Gastos com Consumo (PCE, na sigla em inglês), que é a principal referência de inflação para o Federal Reserve (Fed). A medida também pode reduzir o crescimento dos EUA projetado de 2,1% para 1,5% neste ano.

Dado os possíveis impactos, o BTG Pactual reduziu o preço-alvo para o S&P 500 de 6.500 para 5.800 pontos. “As novas tarifas devem pressionar a atividade econômica e a lucratividade das empresas, o que nos levou a reduzir nossa premissa de ROE (retorno sobre o patrimônio; rentabilidade) em 50 pontos-base”, escreveram os analistas Vitor Melo, Luis Mollo e Marcel Zambello em relatório.

“A maior incerteza em relação à política comercial e às cadeias globais de suprimento justifica um aumento de 25 pontos-base no nosso prêmio de risco de ações, de 4,5% para 4,75%”, acrescentaram.

Vale lembrar que medo de desaceleração da economia norte-americana, acompanhada de uma stagflation – cenário em que a redução ou estagnação de crescimento econômico está atrelado a aumentos de preços, ou a uma inflação acima da esperada pelo Fed – aumentou nas últimas semanas, com dados de atividade mais fracos do que o esperado e expectativa da imposição de tarifas de importação a vários países.

Nesta semana, o Goldman Sachs elevou a probabilidade de recessão dos EUA em 12 meses de 20% para 35%

E tem mais…

O mercado também reage a novos dados do mercado de trabalho, ainda que em segundo plano. O número de norte-americanos que entraram com novos pedidos de auxílio-desemprego caiu na semana passada.

Os pedidos iniciais de auxílio-desemprego caíram em 6.000, para 219.000 em dado com ajuste sazonal, na semana encerrada em 29 de março, segundo dados do Departamento do Trabalho do país. Os economistas consultados pela Reuters previam 225.000 pedidos no período.

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Repórter
Jornalista formada pela PUC-SP, com especialização em Finanças e Economia pela FGV. É repórter do MoneyTimes e já passou pela redação do Seu Dinheiro e setor de análise politica da XP Investimentos.
liliane.santos@moneytimes.com.br
Jornalista formada pela PUC-SP, com especialização em Finanças e Economia pela FGV. É repórter do MoneyTimes e já passou pela redação do Seu Dinheiro e setor de análise politica da XP Investimentos.

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