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Wall Street quer menos machismo em era pós-Covid

02 abr 2021, 9:15 - atualizado em 31 mar 2021, 13:46
Wall Street
Rachel Robasciotti, que comanda a gestora de ativos Adasina Social Capital, espera que Wall Street mantenha algumas das recentes mudanças culturais (Imagem: REUTERS/Mike Segar)

Pam Hendrickson atendeu ligações de trabalho enquanto esperava para dar à luz em um hospital de Nova York há três décadas, ajudando a resolver um problema no Chemical Bank de sua sala de parto.

Desde então, viu colegas se arrastarem para o escritório doentes quando deveriam estar em casa. Agora, a vice-presidente da empresa de investimentos Riverside espera que o aterrorizante impacto da Covid-19 finalmente mude alguns dos hábitos mais agressivos de Wall Street.

“O machismo definitivamente desaparecerá”, disse a executiva. “Se você não se sentir bem – sempre dissemos isso, mas acho que algumas pessoas não nos levaram a sério -, fique sentado em casa.”

Os maiores bancos agora veem um caminho para o retorno aos escritórios em Manhattan, Londres e capitais financeiras globais após um ano devastador. Somente na cidade de Nova York, a pandemia matou mais de 30 mil pessoas, eliminou mais de meio milhão de empregos e esvaziou bairros. Agora, veteranos do setor se preparam para o que está por vir.

Esperam que a Covid traga mudanças duradouras, ao mesmo tempo que acolhem o retorno de algumas tradições do setor financeiro.

Dochtor Kennedy espera olhar novamente nos olhos de seus rivais. O presidente da AdvisorLaw representa corretores no secreto sistema de arbitragem do setor. Como tantas outras coisas no ano passado, suas audiências já não são realizadas presencialmente.

“É uma piada fazer desse modo, é terrível”, disse. “É como se você estivesse menos imerso. É difícil demonstrar seu argumento.”

Mas destaca um ponto positivo: gosta de dormir em sua própria cama em vez de viajar.

A rápida vacinação em Nova York ajudou a acelerar a reabertura do setor. Centenas de estagiários do JPMorgan Chase devem trabalhar nos escritórios do banco em Nova York e Londres, o Citigroup vai trazer mais funcionários em julho, e o Goldman Sachs espera ter mais empregados de volta no verão. Ainda assim, empresas financeiras prometem ser mais gentis, especialmente com funcionários mais jovens, que dizem estar sobrecarregados e com pouco apoio.

Rachel Robasciotti, que comanda a gestora de ativos Adasina Social Capital, espera que Wall Street mantenha algumas das recentes mudanças culturais.

“O que desapareceu e não vou sentir falta são as conferências em que as pessoas bebem um pouco demais e invadem seu espaço pessoal de maneiras que não são necessariamente apropriadas”, disse. Ela aprendeu a retirar mãos de seu ombro e de sua cintura em bares de hotel, “mas é muito bom não ter que reforçar isso constantemente”.

Também deseja que suas próprias mudanças sejam permanentes.

“Não estou mais voando pelo país para almoçar”, disse. “A menos que haja um motivo claro e demonstrável, não entrarei em um avião para uma reunião de algumas horas.”

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