Bolsa de Valores

Wall Street tem bilhões a perder com escalada da “Guerra Comercial 2.0”

28 maio 2020, 8:53 - atualizado em 28 maio 2020, 11:24
JPMorgan
Cinco grandes bancos dos Estados Unidos tinham exposição combinada de US$ 70,8 bilhões à China em 2019 (Imagem: Reuters/Mike Segar)

Gigantes de Wall Street como Goldman Sachs e JPMorgan Chase têm dezenas de bilhões de dólares em jogo na China. Com a tensão política, a abertura do mercado financeiro do país asiático, de US$ 45 trilhões, agora é incerta.

Cinco grandes bancos dos Estados Unidos tinham exposição combinada de US$ 70,8 bilhões à China em 2019. O JPMorgan tinha US$ 19,2 bilhões em empréstimos, trading e investimentos, um aumento de 10% em relação a 2018.

Embora os ativos dos bancos no país sejam comparativamente pequenos, essas firmas têm grandes planos de expansão que podem ser desfeitos se empresas de serviços financeiros forem arrastadas para a disputa comercial entre China e EUA.

Isso não apenas afetaria planos de crescimento, como também ameaçaria a renda gerada ao longo dos anos com consultoria para empresas chinesas como Alibaba.

Ganhos no setor de corretagem da China podem atingir US$ 47 bilhões até 2026, segundo estimativas do Goldman. Empresas estrangeiras disputariam uma fatia considerável.

Projeções apontam para US$ 8 bilhões em lucros de bancos comerciais, bem como US$ 30 trilhões em ativos totais no radar, também no alvo de gigantes como Blackrock (BLK) e Vanguard.

Alibaba Varejo
Consultoria a empresas chinesas, como a Alibaba, está sob ameaça  (Imagem: Reuters/Aly Song)

“Se você for uma instituição financeira dos EUA e tiver um plano aprovado para se expandir na China, continuará esse plano na medida em que o governo dos EUA permitir, porque vê grandes lucros futuros”, disse James Stent, ex-banqueiro que passou mais de uma década nos conselhos de dois bancos chineses. “Uma guerra fria EUA-China não é boa para planos de criar negócios na China.”

Após anos de turbulência de guerra comercial, formuladores de políticas dos EUA começam a mirar o setor financeiro em meio ao crescente ceticismo em relação a bancos americanos que investem em um país considerado um grande inimigo geopolítico.

Formuladores de políticas e legisladores buscam restringir investimentos de fundos de pensão dos EUA em empresas chinesas e limitar a capacidade de companhias do país asiático de levantar capital nos EUA.

Um órgão que assessorou o Congresso dos EUA nesta semana questionou a iniciativa de Wall Street, dizendo que legisladores precisam “avaliar a conveniência de uma maior participação dos EUA em um mercado financeiro que permanece distorcido pelas prioridades políticas de um concorrente estratégico”.

E, com possíveis sanções contra a China e até bancos devido à repressão a Hong Kong, o clima pode ficar ainda mais tenso.