Opinião

Walter Poladian: Diversifique seu portfólio

05 dez 2018, 18:05 - atualizado em 05 dez 2018, 18:05

Por Walter Poladian, da Empiricus Research

“Buy a diversified portfolio, then don’t pay any attention, just watch football.”

Isso é Richard Thaler, Nobel de Economia, no evento de 9 anos da Empiricus .

Os avanços da tecnologia têm sido bastante benéficos aos investidores. Explico. Agora, mesmo com pouco dinheiro, é possível montar uma carteira diversificada de qualidade, em questão de minutos, pela internet.

As corretoras estão brigando para oferecer investimentos melhores, mais baratos e com aplicações iniciais cada vez mais baixas.

A vida ficou mais fácil. Agora cabe ao investidor ser o protagonista e não a vítima desse processo, pesquisando o que traz retorno para ele (e não só para a corretora).

O pequeno investidor que aplicava sua reserva de emergência na poupança ou em um fundo DI do banco com taxa de administração superior a 2 por cento ao ano agora pode comprar Tesouro Selic (sem taxa de administração da corretora) pagando apenas 0,3 por cento ao ano de taxa de custódia da B3. Ou ainda aplicar em fundos DI com taxa de administração de 0,2 por cento ao ano ou menos, disponíveis nas plataformas digitais do BTG, da Órama e da XP. Trata-se de alternativa segura, com resgate rápido e mais rentável que a poupança.

O colchão de liquidez, além de ser a parcela conservadora do portfólio, é importante para cobrir despesas de curto prazo e para aproveitar oportunidades de investimento que apareçam no caminho.

E, caso você já tenha pelo menos o montante de três vezes o valor de seus gastos mensais em aplicações como essas, então é interessante diversificar o portfólio com ativos de risco em busca de retornos maiores.

Como o Rogé disse ontem neste espaço, vemos bastante atratividade nos títulos do Tesouro indexados à inflação (Tesouro IPCA+) com vencimentos longos. E a plataforma do Tesouro Direto está acessível a qualquer investidor, com investimentos a partir de 30 reais. Alternativa bem mais barata e rentável do que os fundos de inflação oferecidos nos grandes bancos, que chegam a cobrar taxas de administração de 1,5 por cento ao ano.

O investimento em fundos multimercados também é interessante para uma parcela da carteira, uma vez que os gestores conseguem realizar investimentos mais sofisticados e não acessíveis ao investidor pessoa física comum. Esses fundos podem acessar oportunidades no mundo inteiro, nos mercados de Bolsa, câmbio e juros. Por meio deles você pode, por exemplo, apostar na alta da Bolsa japonesa, no aumento dos juros da Turquia ou no dólar contra a moeda chinesa.

Atualmente, é possível encontrar fundos de excelentes gestoras com aplicações mínimas de 1 mil, 5 mil e 10 mil reais, antes acessíveis apenas aos milionários.

Na alocação em ações, caso não tenha capital para diversificar o portfólio com pelo menos cinco papéis diferentes, visando reduzir o risco, sugiro fazê-lo via ETFs (fundos de índice negociados em Bolsa).

Pode-se investir no BOVA11, que replica a carteira do Ibovespa, e no SMAL11, que segue o desempenho do Índice Small Cap, composto por ações de menor valor de mercado.

Vale lembrar que algumas corretoras zeraram suas taxas de corretagem e custódia para ações, ETFs e fundos imobiliários, custos que penalizavam bastante o pequeno investidor.

Os fundos imobiliários também podem compor o portfólio. Vemos um cenário favorável para essa classe de ativo, uma vez que esperamos uma melhora do mercado imobiliário e enxergamos os juros em patamares mais baixos do que o mercado precifica hoje.

Como o lote padrão dos FIIs é de apenas uma cota e algumas corretoras não cobram corretagem, não é necessário concentrar grande parte do patrimônio em apenas um fundo – é possível diversificar com fundos de edifícios comerciais, galpões logísticos, shoppings, entre outros. Além disso, os rendimentos (aluguéis) dos FIIs são isentos de IR para pessoa física, sendo uma alternativa mais vantajosa do que investir em imóveis físicos.

E como não temos bola de cristal, sugiro que você tenha sempre uma parte do seu dinheiro em dólar, pois ele tende a se valorizar frente às moedas emergentes em cenários desfavoráveis para a economia. Afinal, ninguém sabe quando um cisne negro vai dar o ar de sua graça.

Incluir seguros na carteira permite ao investidor ter uma posição grande em ativos de risco. A alocação em moeda americana pode ser feita com investimentos no exterior ou em fundos cambiais com taxa de administração de 1 por cento ao ano ou menos (acessíveis com 1 mil reais em corretoras).

Importante dizer que o excesso de confiança pode levar o investidor comum a concentrar grande parte do seu patrimônio em poucos ativos ou, pior, num único ativo, o que pode levá-lo à falência.

Alguns investidores acham que sabem mais do que os outros e por isso conseguem bater o mercado sempre – ledo engano. Se até os gestores profissionais têm anos negativos, que dirá o resto.

Você não vai ficar rico do dia para a noite, nem com um investimento certeiro, mas, sim, a partir da gestão do seu portfólio como um todo; saber qual percentual alocar em cada classe de ativos é o que fará a diferença no longo prazo.

Dada a impossibilidade de bater o mercado de forma sistemática, monte uma carteira diversificada e balanceada.

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